Por Você romance Capítulo 77

— Também te amo, minha pequena! — sussurro, encostando minha testa no vidro. — Volta logo para mim, por favor! — peço em tom de súplica. Uma mão aperta levemente o meu ombro, me fazendo olhar de lado e vejo o meu amigo em pé ao meu lado. Marcos tem um olhar cansado e preocupado.

— Vai dar tudo certo, meu amigo! — sibila com voz firme e baixa. Eu apenas assinto com a cabeça. Do outro lado do corredor, Mônica parece desolada. Ela está falando ao telefone com algumas pessoas. Penso na amizade delas. É incrível como são fiéis uma a outra! Uma amizade linda e forte. Elas já passaram por tantas coisas juntas.

Guilherme e Gisele entram no meu campo de visão, assim que entram no corredor e Gui vem ao meu encontro, me puxando para um abraço firme e forte, que eu recebo, como um bote salva-vidas. Gisele faz o mesmo com Mônica, para depois vir para mim.

— Como ela está? — indaga assim que se afasta.

— Ainda não recebemos nenhuma notícia — falo com um suspiro audível.

— Há quanto tempo estão esperando? — Gui quer saber e eu dou de ombros.

— Agora já são quase quatro horas.

— A Cassandra chegou — Marcos avisa de repente.

— Como ela está? — Cassandra pergunta assim que se aproxima e Gisele responde por mim.

— Espera! — Ela pede, pega seu celular e faz uma ligação para alguém. — Alô, Cris? — diz, se afastando um pouco. — Você está no hospital hoje? — Pausa. — Ah, que bom! Pode vir na sala de espera do setor cirúrgico, por favor? — Mais uma pausa. — OK, obrigada! — Ela encerra a ligação e em poucos minutos um homem alto, de cabelos grisalhos e usando um jaleco branco aparece. Ele dá um beijo casto na boca de Cassandra e depois os dois se afastam para conversarem próximos a um canto da parede. Eu fico os olhando em expectativa, mas não me afasto da janela. Depois de uma rápida conversa, o homem sai do corredor e entra na porta dupla a nossa frente. Dez minutos depois ele retorna trazendo notícias.

— A Ana ainda está passando por uma cirurgia delicada, por isso a demora em trazer notícias. O acidente envolveu três carros. Ela recebeu o primeiro impacto e foi jogada para a contramão, onde recebeu outro impacto e parou de frente com um poste. — Enquanto ele relata o que aconteceu, sinto o meu chão sendo tirado de baixo dos meus pés e as lágrimas retornam com força, junto com o desespero, que é inevitável. — Bom, ela está bem machucada. Sofreu um traumatismo craniano leve, mas que inspira cuidados e uma fratura exposta na perna esquerda, que quase foi esmagada pelas ferragens. A cirurgia é para colocar dois pinos e para a reconstituição de parte da perna, mas os bebês estão bem! — Ele diz. Eu olho para o médico completamente sem ação e engulo o choro de uma só vez. Tento falar algo, mas parece que a minha voz está presa em minha garganta.

— Desculpe, o senhor disse bebês? — Mônica pergunta, tão perplexa quanto eu.

— Sim. Ela está esperando gêmeos. — Ele olha de mim para Mônica, incrédulo. — Vocês não sabiam? — indaga. Ele lança a nós um olhar curioso.

— Acho que nem ela mesma sabia — Cassandra responde com um leve sorriso no rosto. Se antes eu estava inseguro, essa insegurança só aumentou. Ana está grávida... de dois bebês e eu posso perder os três a qualquer momento. Desespero, é tudo o que eu consigo sentir agora. Desespero!

— Quais as chances dela, doutor? — pergunto em um fio de voz.

— Isso só o médico que a está acompanhando poderá responder. — Ele diz evasivo. Eu queria poder sacudi-lo e arrancar as informações.

— Obrigada pelas informações, doutor! — Gisele diz, dispensando o homem. Eu me sento no sofá de couro branco atrás de mim e levo a minha cabeça às mãos, que estão apoiadas nos meus joelhos.

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