Amélie Petit
Onde estava com a cabeça quando aceitei vir com a Laura para o Moulin Rouge, sei que meu emprego como assistente da Noely não me dá uma boa renda, mas pelo menos tenho todas as minhas contas do mês paga.
Se não fosse meu pai se meter nessa enrascada e o agiota que ele deve, me encontrar não estaria aqui me sujeitando a isso, não que esteja desmerecendo a vida de prostituição que a minha melhor amiga vive, mas sei muito bem que nem sempre ela tem sorte de pegar um bom cliente que a trate com carinho e não apenas como um saco de pancadas.
Quantas vezes precisei ajudá-la chegar em casa, depois que ela me ligava pedindo ajuda, porque sofreu mais uma agressão de algum político sujo de Paris ou da Europa que adoram vir até o Moulin Rouge para aproveitar alguma das meninas da casa de prostituição mais famosa do mundo.
— Escolha uma máscara e rebole no palco, você dança tão bem, sabe que não precisa ir para os privativos se não quiser, mas se decidir precisa apenas pagar a taxa da casa e o resto é seu. — Laura fala, enquanto termina de se maquiar.
Mesmo que estejamos usando máscaras, a dona da casa pede que estejamos sempre impecáveis, porque a decisão de nos revelar cade somente a nós. E os clientes conhecem as regras da casa. Antes de entrar no camarim, a madame Françoasi, me mostrou o lugar e disse que sempre seria bem-vinda a dançar.
Minha beleza era exótica, dizendo ela. Graças, uma anomalia que herdei da minha mãe, tenho uma mecha de cabelo em um tom mais escuro em meio aos meus cabelos dourados e lisos, é algo que amo.
Infelizmente perdi a minha mãe durante um assalto que ela e meu pai sofreram enquanto ele foi buscá-la no serviço, passamos por tempos terríveis após essa fatalidade. Ainda era muito pequena, tinha apenas oito anos, mas mesmo assim vi como a depressão profunda que meu pai sofreu o afundou quando ele entrou de cabeça no vício da jogatina.
Sai de casa quando tinha dezesseis, no momento que ele resolveu vender a minha virgindade para algum idiota que ele iria jogar, consegui escapar com muita sorte. A mesma que tive por encontrar pessoas tão boas que me ajudaram muito, até que um dia tropecei na Laura, uma imigrante brasileira que não falava nada de francês e não conseguia compra uma garrafa de água.
Sorte que aprendi um pouco de português, mas o de Portugal, então nossa amizade surgiu e até hoje moramos juntas, uma sendo apoio da outra, nas alegrias e principalmente nas decepções amorosas.
Porque uma coisa que temos em comum é dedo podre para homem, que às vezes é até inacreditável. Enquanto penso na tragédia cômica que é a minha vida escolho uma das peças exclusivas que a Noely Miller desenhou e elaborou para mim, usarei uma pequena branca com algumas rendas cobrindo uma parte da minha bunda.
Me aproximo da minha amiga que já estava com uma peça escura e meias finas na altura das coxas, segurando a sua máscara.
— Está linda, não esqueça de pôr a máscara, acho que o próximo show é o seu, caminharei um pouco entre os clientes para ver se consigo algum cliente para essa noite. — Ela fala me deixando um pouquinho mais confiante.
Vejo quando ela se afasta, respiro fundo e pego a primeira máscara que me é oferecida por outra menina que dançaria essa noite, ela me dá um sorriso meigo e me deseja sorte na minha apresentação, subo no palco e deixo que meu corpo seja conduzido pelo som sensual que sai dos amplificadores.
Enquanto uso a barra de poli dance, meu olhar cai até um dos camarotes e uma corrente elétrica passa pelo meu corpo assim que reconheço o olhar do sobrinho mulherengo da minha chefe, continuo dançando exibindo a minha bunda na direção ao camarote que ele estava.
— Amélie? — Ouço o meu nome sendo chamado por um garçom se aproximando do palco, paro a apresentação e me aproximo dele. — Um cliente do camarote pede exclusividade.
“Exclusividade”
O nome usado para informar que existe uma pessoa interessada em ter uma hora de sexo sem compromisso e consensual, mas não é a minha intenção de ir para a cama com nenhum homem hoje, fico feliz apenas em receber os dois euros por dançar.
Nego com a cabeça, até porque como posso transar com o sobrinho da minha chefe?
Volto a dançar em direção ao palco olhando em direção ao camarote, me preparo para realizar mais uma acrobacia no poli dance e quando meu olhar não encontra os olhos azuis pertencentes ao homem mais galinha e mulherengo que conheço não os encontro, tento localizar, mas minha música está quase chegando ao fim, me aproximo da borda do palco e ganho algumas notas de euro que guardo e me retiro no palco.
Antes que pudesse entrar no camarim, mãos grandes se fecham em torno do meu pulso, quando olho para o homem me surpreendo com a sua audácia de se aproximar.
Tomo coragem e aceito o seu convite, o levo para o quarto ao lado do palco. Deixo o quarto com pouca luz, porque não posso deixar que ele me reconheça, darei uma noite intrigante ao sobrinho da minha chefe. Coloco uma das vendas que estavam disponíveis em uma das gavetas e cubro seus lindos olhos azuis.
Dizem que o desconhecido instiga, fazendo com que procuremos uma forma de revelar aquilo que não conseguimos ver completamente a superfície, talvez seja por isso que tantas pessoas se aventuram em desbravar as profundezas do oceano ou a imensidão do céu.
Sinto o perfume amadeirado deixando ele ainda mais atrativo, subo minhas mãos por seu peito, abrindo os botões de sua camisa com lentidão, quero me deleitar em quanto aproveito de cada parte dessa noite com o herdeiro da Walker.
Tommáz é um homem alto, não sou tão baixa, mas mesmo com salto não passo do seu queixo, empurro o tecido da camisa que cai completamente no chão aos seus pés.
— Vejo que gosta de torturar um homem faminto, mademoiselle! — Sua pergunta massageia o meu ego, entendendo que ele aprova o que estou fazendo.
— Faminto? — Pergunto intrigada retirando o cinto que estava na sua calça. — Não me parece faminto, já que deixou ser vendado! — Digo com um pouco de arrogância.
Sinto quando seus dedos se fecham no meu pescoço e apertam tirando o meu fôlego, fico impressionada quando minha buceta fica molhada com essa demonstração de poder, porque não posso negar que ele é quente como o inferno.
— Não me teste mademoiselle, não sou um homem paciente… — Puxo o seu rosto em direção aos meus lábios, calando o que ele tinha intenção de falar.
Seus lábios estavam úmidos sendo pegos de surpresa quando o beijei, empurrei o seu corpo, fazendo que ele tire as mãos do meu pescoço e enlace a minha cintura, ando com ele até a cama e acabo caindo por cima do seu corpo, sem desgrudar nossos lábios que parecem guerrear por uma parte a mais de cada um, deixo um sorriso surgir enquanto o sinto chupando o meu lábio inferior.
— Espero que tenha preservativo com você Monsieur Walker? — Pergunto com o mesmo tratamento no meu idioma, carregando no sotaque francês
Minha intenção era apenas dançar, então não vim prevenida, para uma noite com sexo quente, então espero que ele seja um homem precavido e responsável, porque nem por todo dinheiro do mundo que transo sem camisinha, já tive a minha conta de idiotice e não farei novamente ainda mais com alguém que teoricamente conheço.
— Pode ter certeza que sim… — Ele me responde e nos vira na cama. — Deixe-me te ver?
— Negativo, seja um menino obediente e mantenha a venda. — Digo enquanto ele beija o vale dos meus seios e inala o meu perfume.
Suas mãos hábeis conseguem retirar um dos meus seios da armação do sutiã que estava usando, modéstia a parte trabalhar com a Noely tem seus privilégios e um deles é ganhar peças de alta costura.
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