Miranda se ajeita na cadeira, o sorriso vacilando levemente diante do meu tom ríspido. Seus olhos percorrem meu rosto, me analisando, como se procurasse algo.
— Me desculpe, acho que não me expressei direito — ela diz, suavizando a voz. — Só estou tentando te alertar sobre as possíveis consequências. Mia é sua assistente pessoal e, se esse caso ganhar proporções maiores, isso pode respingar em você.
Contenho a vontade de bater na mesa. Embora eu saiba que Mia está ouvindo cada palavra, preciso manter a calma para não piorar a situação.
Ironia… Melhor apelar para ela do que para a raiva.
— Que consideração da sua parte — murmuro, inclinando-me para trás na cadeira. — Sabe, às vezes me pergunto se você é paga para ser advogada ou minha assessora de relações-públicas.
— Estou dizendo que…
— Srta. Pierce — corto-a, colocando de vez um fim nesse joguinho manipulador ridículo. — Não esgote a minha paciência de uma vez. — Aponto para a porta. — Se já terminou com a sua análise, sugiro que leve sua preocupação para outro lugar.
— Como quiser, Sr. Hayes — Miranda finalmente se levanta, ajeitando a saia. — Só queria te dar um aviso.
— Aviso dado. Agora feche a porta ao sair.
Ela me lança um último olhar antes de sair, fechando a porta com mais força do que o necessário. Solto um suspiro pesado, esperando mais alguns segundos antes de me levantar.
Enquanto vou até a porta para trancá-la, Mia sai do seu esconderijo. Quando me viro, a vejo com os olhos vermelhos, visivelmente abalada.
Merda.
— Mia… — murmuro, enquanto me aproximo, mas ela me interrompe.
— Miranda tem razão. Tudo mudou depois que... — ela começa, mas sua voz falha, e consigo ver o peso das palavras de Miranda se instalando nela.
Me inclino mais perto, sentindo a dor nos olhos dela, como se estivesse prestes a se perder na espiral da culpa novamente. Antes que ela continue, seguro seu rosto entre minhas mãos e, sem pensar duas vezes, a beijo.
O beijo é intenso, não apenas para tirá-la de seus pensamentos, mas também para mostrar a ela que estou aqui, agora. Ela precisa entender isso.
— Não faça isso, Mia — digo, acariciando sua bochecha com o polegar. — Você é muito mais forte do que tudo isso. Não continue se culpando por um homem que não sabe lidar com a própria dor.
Mia suspira contra meus lábios, subindo suas mãos pelo meu peito até alcançarem minha nuca. Sinto sua tensão diminuindo aos poucos enquanto me beija de volta.
— Você tem um jeito bem peculiar de me acalmar — murmura, quando nos afastamos, sorrindo.
Sorrio de volta, feliz por ver um pouco da minha Mia voltando.
— Se soubesse que era tão eficaz, teria usado antes — brinco, roubando outro beijo rápido.
— Então essa é sua nova estratégia? — Ela ergue uma sobrancelha. — Me beijar toda vez que eu começar a surtar?
— Se funcionar...
Mia ri baixinho, encostando a cabeça em meu peito. Envolvo-a em meus braços, aproveitando esse momento de paz.
— Preciso voltar ao trabalho — ela diz após alguns segundos, me soltando.
— Não me lembro — ela provoca, mordendo o lábio enquanto desliza a mão pelo meu peito. — Talvez você precise me lembrar.
Sorrio antes de beijá-la novamente. Dessa vez o beijo é mais lento, mais profundo. Minhas mãos apertam sua cintura, e ela suspira em minha boca quando a pressiono contra a mesa.
— Agora lembrou? — murmuro entre beijos.
— Mais ou menos — ela responde ofegante. — Acho que preciso...
O som de um alarme ecoa pela sala, nos fazendo pular de susto. Mia se afasta rapidamente, encarando seu tablet sobre a mesa.
— Hora de voltar à realidade, Sr. Hayes — ela diz, pegando o aparelho. — Por falar nisso, sua próxima reunião vai ter alguns minutos de atraso.
— Foi por um ótimo motivo, Srta. Bennett. Deixarei passar dessa vez — respondo, puxando-a para outro beijo antes de me afastar. — Nos vemos depois, perdição.
Mia sorri antes de caminhar até a porta. Quando sua mão alcança a maçaneta, ela para e se vira.
— Obrigada — murmura, mordendo o lábio. — Por não deixar... tudo me afetar novamente.
— Sempre, meu amor.
Enquanto a observo sair, meus pensamentos voltam para Miranda. A dúvida de que ela está tramando algo surge, incômoda.
— Preciso ficar de olho nela — murmuro para mim mesmo.

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