Sinto meu coração batendo descompassado e minha respiração se prende à garganta enquanto observo Miranda.
Ela não responde de imediato. Em vez disso, seus olhos percorrem meu rosto, atentos a cada detalhe da minha expressão, saboreando meu desespero como se fosse um prêmio.
Então, um sorriso pequeno, quase gentil, surge em seus lábios, como se estivesse prestes a dar uma lição a uma criança ingênua.
— Porque, ao contrário de você — ela dá dois passos para trás, me analisando —, eu me importo com o Ethan. Me importo com tudo o que ele construiu, com tudo o que ele pode perder por um… capricho. Eu, sim, o amo de verdade. E o amor exige sacrifícios.
As fotos continuam em suas mãos, um lembrete cruel do quanto fomos descuidados em Seattle. Do quanto estou sendo egoísta em deixá-lo arriscar tudo.
— Pense bem, Mia — ela guarda as fotos na pasta com uma calma calculada. — Se você realmente o ama, como diz, vai fazer a coisa certa. Vai deixá-lo seguir em frente antes que seja tarde demais.
— E se eu não fizer? — pergunto, odiando como minha voz sai fraca.
— Então essas fotos vão parar na mesa do James — a loira dá de ombros. — E você vai ter que viver sabendo que destruiu não só a carreira, mas também a vida do homem que diz amar.
Miranda se vira e caminha até a porta, enquanto suas palavras ainda ecoam em minha mente como um veneno lento. Minha respiração permanece trêmula, e meu corpo inteiro parece paralisado.
Antes de destrancar, ela me olha por cima do ombro, esboçando um sorriso tão frio quanto sua voz.
— Ah, e Mia? — ela inclina levemente a cabeça enquanto seus olhos brilham com uma satisfação cruel. — Você tem até o fim da semana para fazer a coisa certa. Depois disso…
Miranda deixa a frase no ar, e sinto meu estômago revirar. Quando finalmente fico sozinha, minhas pernas finalmente desistem de me sustentar. Escorrego pela parede até o chão, deixando as lágrimas caírem livremente.
As palavras de Miranda se misturam com as de Ethan na noite passada: “Há muito em jogo, coisas que você nem imagina”. E agora, finalmente, entendo exatamente do que ele estava falando.
— Como pude ser tão ingênua? — sussurro em meio às lágrimas. — Tão egoísta?
Ethan pode perder tudo por minha causa. A empresa, a amizade com meu pai, a reputação que ele construiu por anos…
O som da porta se abrindo me faz levantar num pulo. Me apresso em limpar as lágrimas antes que alguém me veja, tentando recuperar um pouco de calma.
Enquanto finjo estar lavando as mãos, uma mulher do administrativo entra. Ela me lança um olhar curioso no espelho, mas desvio o olhar rapidamente, evitando qualquer interação.
— Preciso sair daqui — murmuro assim que ela entra em uma das cabines do banheiro.
No entanto, quando chego à minha mesa, vejo Ethan conversando com Gabriel. Meu coração dispara assim que ele me olha, aquele sorriso discreto que antes me fazia derreter agora só me causa uma dor profunda.
— Srta. Bennett — diz, em seu tom profissional. — Estava justamente perguntando por você. Preciso daqueles documentos.
— Claro — minha voz falha e limpo a garganta. — Vou providenciar e levar até sua sala.
— Não precisa, espero aqui.
Sento na minha cadeira, tentando ignorar seu olhar atento. Sei que ele percebeu que algo está errado, mas não posso deixá-lo se aproximar. Não agora.
Cada mensagem é como uma facada. Queria poder contar a ele sobre Miranda, sobre as fotos, sobre tudo.
Mas conheço Ethan o suficiente para saber que ele faria qualquer coisa para nos proteger. E é exatamente isso que preciso evitar.
Ele não vê as consequências. Eu vejo.
O dia se arrasta, e cada vez que ouço a porta da sala dele abrir, meu coração dispara. Mas é ainda pior quando ele realmente sai, quando sinto seu perfume passar por mim, quando sei que ele está me observando.
Como vou conseguir fazer isso? Como vou me afastar do homem que amo? Do homem que deixou claro que me ama também?
Quando o relógio finalmente marca dezoito horas, junto minhas coisas rapidamente. Ethan continua em reunião, o que torna mais fácil sair sem ser notada.
— Até amanhã, Gabriel — me despeço apressada, me afastando sem esperar sua resposta.
O elevador parece demorar uma eternidade, e solto um suspiro de alívio quando as portas finalmente se abrem na garagem. Quanto mais rápido eu sair daqui, melhor.
Meus passos ecoam pelo concreto enquanto caminho. Então, o barulho de um motor me faz parar e vejo um carro preto se aproximando lentamente.
Dou um passo para o lado, esperando que passe. No entanto, o carro para bem à minha frente.
Meu olhar encontra o do motorista por um breve instante, fazendo minha respiração falhar.

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