“Mia Bennett”
Meu coração dispara quando Miranda finalmente solta meu pulso e se afasta para trancar a porta do banheiro.
Ao se virar e se aproximar novamente, um sorriso surge em seus lábios, frio e calculado, lembrando uma cobra prestes a dar o bote.
— Na verdade, estou um pouco atrasada — digo, tentando manter a voz firme. — O Sr. Hayes pediu alguns documentos e…
— Ethan pode esperar — ela me corta, abrindo a pasta em suas mãos. — Isso aqui é mais importante.
Engulo em seco enquanto a observo tirar algumas fotos de dentro da pasta. Meu coração para quando vejo a primeira imagem: eu e Ethan de mãos dadas. Na segunda, estamos nos beijando em frente ao restaurante.
— Você acha mesmo que pode me chantagear com isso? — pergunto, tentando soar mais tranquila do que realmente estou.
— Não é chantagem, Mia. É um aviso — responde, analisando as fotos com um olhar de desprezo. — E se for esperta, vai me ouvir.
— Ouvir o quê, Miranda?
— Primeiro, devo comentar. Vocês formam um casal tão… peculiar — seu tom desdenhoso me enoja. — Principalmente pela diferença de idade. Mas isso não importa quando se está apaixonada, não é mesmo?
— Miranda…
— Imagino que James vai achar interessante — ela me corta novamente. — Saber como seu melhor amigo e sua filhinha têm se divertido pelas suas costas.
— O que você quer com isso? — pergunto, odiando como minha voz sai fraca.
Miranda sorri antes de se aproximar, e instintivamente dou um passo para trás.
— Quero que entenda uma coisa de uma vez por todas — seu sorriso se desfaz, dando lugar a uma expressão dura. — Ethan não é para uma pirralha como você.
— Isso não é você quem decide — retruco, tentando manter a voz firme.
— Não? — Ela ri, um som frio que faz minha pele arrepiar. — Deixa eu te contar algo sobre o homem que você acha que conhece, talvez você mude de ideia. Ethan já te contou como a Nexus foi fundada?
Abro a boca para responder, mas as palavras simplesmente não saem. Meu silêncio faz Miranda sorrir de lado, balançando a cabeça.
— Imaginei que ele não tivesse te contado que seu papai tem muito mais poder aqui do que você pensa. A Nexus só existe graças ao dinheiro que James investiu. Se ele quiser, num estalar de dedos… — ela estala os dedos bem diante do meu rosto. — Ethan perde tudo.
Minhas pernas fraquejam. As palavras de Ethan na noite passada ecoam na minha mente: “Há muito em jogo, coisas que você nem imagina.”
— Sei mais do que você imagina, meu bem. Foram meses ao lado dele — diz, esboçando um sorriso malicioso. — Por isso, sei que Ethan não tem nada além da Nexus e a confiança do seu pai. — Ela faz uma pausa, como se pensasse. — Me pergunto se James vai continuar confiando nele quando descobrir que seu melhor amigo está se aproveitando da filha dele.
— Ethan não…
— Se aproveitando, corrompendo, seduzindo… — continua, saboreando cada palavra. — Escolha o termo que preferir. O resultado será o mesmo: Ethan vai perder tudo. E a culpa será sua. Novamente, não é mesmo?
“A culpa será sua.” As palavras dela ecoam dentro de mim, sufocantes, me puxando de volta ao passado. Tento afastar o pensamento, mas a verdade é que… ela sabe exatamente onde atingir.
— E sabe o que é pior? — Miranda prossegue, inclinando-se para frente. — Quando isso acontecer, quando ele perder tudo… como você acha que Ethan vai te olhar? Será que ainda vai te amar quando perceber que você destruiu tudo o que ele conquistou?
As lágrimas finalmente escapam, e odeio me mostrar tão vulnerável na frente dela. Mas é impossível conter o choro quando ela crava seu punhal cada vez mais fundo.
— Ele nunca vai te perdoar — ela sussurra bem próximo ao meu ouvido. — E não é só a Nexus. James é o melhor amigo dele, praticamente um irmão. Você vai fazer Ethan perder não só a empresa, mas também a única pessoa que sempre esteve ao lado dele. Será mais uma vida que você vai destruir.
Fecho os olhos e tento respirar. A simples ideia de Ethan me olhando com ódio, me culpando por arruinar sua vida, é insuportável. Ele vai me olhar como David me olha.
— Por que está fazendo isso? — minha voz sai falha, carregada de um desespero que odeio demonstrar.

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