As batidas hesitantes na porta me tiram dos pensamentos. Respiro fundo e, quando abro a porta, é como se por um momento não fossemos nós.
Diferente das outras vezes, Mia não se j**a nos meus braços. Ela mantém os braços cruzados, como se quisesse se proteger.
— Entra — digo, dando espaço para ela passar.
Ela hesita por um momento antes de entrar, parando no meio da sala. A tensão em seus ombros, o modo como suas mãos tremem… tudo nela grita confusão.
— Quer beber alguma coisa?
— Não — sua voz sai baixa. — Acho melhor irmos direto ao assunto antes que alguém me veja aqui.
Estreito os olhos e a encaro, tentando entender esse medo repentino. Precisando encontrar um resquício de calma para não assustá-la, caminho até o bar no canto da sala e me sirvo uma dose de whisky.
Através da parede espelhada, observo Mia ainda imóvel, o olhar perdido, os dedos brincando nervosamente na barra da saia…
Giro o copo nas mãos antes de levá-lo à boca, como se quisesse me preparar para a conversa que vem pela frente. Afinal, ou ela conseguirá me convencer a me afastar, ou conseguirei fazê-la confessar o que está acontecendo.
Prefiro que seja a segunda opção.
— Então… — me aproximo devagar, como se Mia fosse um animal assustado prestes a fugir. — Me explique o que está acontecendo.
— Já disse… — ela fecha os olhos, respirando fundo antes de abri-los novamente. — Não podemos mais ficar juntos, Ethan. Entenda, por favor.
— De fato, já disse. Mas também disse que não é o que você quer, e é isso que preciso entender.
— Que diferença isso faz? — ela desvia o olhar. — Querer ou poder… O resultado será o mesmo.
— A diferença é que, dessa vez, você está tomando decisões sozinha. Decisões que afetam nós dois.
— Não há mais “nós dois”, Ethan — sua voz falha. — Não pode ter.
— Por quê?
— Porque… — ela passa a mão pelo rosto, frustrada. — Algumas coisas são maiores… do que esse sentimento.
— Que sentimento? — insisto, precisando ouvir dela.
— Não faz isso — sussurra, e vejo lágrimas começando a se formar em seus olhos.
— Fazer o quê? — dou mais um passo. — Te fazer admitir que me ama? Que está sofrendo por conta dessa decisão absurda?
— Para…
— Que está se forçando a se afastar por algum motivo que eu ainda não entendo?
— Ethan, por favor — sua voz sai embargada.
As lágrimas escorrem pelo seu rosto enquanto ela segura minhas mãos, ainda em suas bochechas.
— Não posso ser responsável pela sua ruína — sussurra. — Não vou suportar que você me olhe com ódio quando perceber que…
Não deixo que ela termine. Meus lábios encontram os dela em um beijo suave, e por um momento ela tenta resistir. Mas quando minha mão desliza para sua nuca, ela cede completamente, retribuindo o beijo como se sua vida dependesse disso.
Quando nos afastamos, mantenho minha testa colada à dela.
— Confie em mim, meu amor — murmuro, sentindo seu corpo tremer levemente. — Me conta o que está acontecendo de verdade, por favor.
Mia fecha os olhos com força, agarrando minha camisa com intensidade.
— Eu não quero ficar longe de você, Ethan — sua voz falha, e ela respira fundo antes de abrir os olhos e continuar. — Mas… Miranda… ela tem fotos nossas.
— Que fotos?
— Da gente em Seattle — continua, finalmente desistindo de se conter. — Cada passo que demos lá. E se eu não me afastar de você, ela vai entregar as fotos para o meu pai.
Meu corpo tenciona instantaneamente e dou um passo para trás, tentando processar o que ela acabou de dizer.
Passo a mão pelos cabelos, percebendo que, enquanto estava tão focado em proteger a mim mesmo da manipulação de Miranda, acabei esquecendo de alguém inocente o suficiente para cair no jogo dela.
— Filha da puta! — vocifero, tentando manter a calma, mas falhando miseravelmente. — Preciso resolver isso, e vai ser agora mesmo.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Proibida Para o CEO