Por alguns segundos, ficamos paralisados. Olho em pânico para ele, depois para nossos dedos entrelaçados e, por fim, para a porta principal.
— Meu amor — ele chama baixinho, apertando minha mão. — Respira.
— Mas…
— Tem uma saída de serviço — me corta suavemente. — É só eu sair por lá e subir pela escada de incêndio.
— Como você…?
— Também moro aqui, esqueceu? — ele sorri, me fazendo relaxar um pouco. — Agora vai atender a porta.
A campainha toca de novo, mais insistente que da primeira vez.
— Vai — sussurra, me dando mais um beijo antes de se afastar. — Te vejo mais tarde.
Assim que Ethan desaparece pelo corredor, respiro fundo algumas vezes e caminho até a porta. Quando abro, encontro Vitória carregada de sacolas.
— Pronta para o melhor jantar de inauguração da sua vida? — pergunta, animada.
— É você… — murmuro, aliviada. — Graças a Deus!
— É claro que sou eu — Vitória entra, franzindo a testa. — Por que parece tão assustada?
Pego algumas sacolas da mão dela e sigo para a cozinha, tentando disfarçar meu nervosismo.
— Por nada — respondo rápido demais. — Só… achei que fosse alguém chegando cedo demais.
— Uhum — ela se encosta na bancada, cruzando os braços. — E esse “alguém” não teria nada a ver com um certo CEO que estava aqui, teria?
— Ele estava me ajudando com as caixas — disfarço, sentindo meu rosto esquentar.
— Claro que estava — ela ri. — E, pelo seu cabelo molhado, imagino que algumas caixas te fizeram suar bastante.
— Vitória!
— O quê? — ela ergue as mãos em rendição, mas não consegue conter o sorriso. — Só estou comentando.
— Então, pare de comentar e me ajude aqui — digo, começando a tirar as coisas das sacolas. — O que você trouxe?
— De tudo um pouco — ela começa a organizar as embalagens. — E não se preocupe, escolhi nossos pratos favoritos.
Passamos a próxima hora organizando tudo, enquanto agradeço mentalmente por ela não insistir no assunto anterior. Quando terminamos, olho em volta, satisfeita com o resultado.
— Ficou perfeito.
— Claro que ficou — Vitória sorri, orgulhosa. — Eu que organizei.
— Convencida… — digo, no mesmo instante em que a campainha toca.
— Deve ser o Gabriel — ela comenta, ajeitando os cabelos cacheados enquanto caminhamos até a porta.
Para nossa surpresa, quando Vitória abre a porta, encontramos meu pai, Lauren e Theo do lado de fora.
— Boa noite! — meu pai sorri, me abraçando assim que entra. — Trouxe vinho.
— Obrigada, pai.
— Você chamou o Ethan? — pergunta, olhando em volta.
— Não — respondo rapidamente.
— Se importa se eu o convidar? — pergunta, já pegando o celular.
— E não é? — James ri. — Se não fosse por mim, você nem sairia daquele apartamento.
A conversa flui naturalmente, com todos divididos em pequenos grupos. Lauren e meu pai discutem sobre a possível redecoração da casa dele, enquanto Theo e Vitória riem de algo que não consigo ouvir.
Enquanto me sirvo de um pouco de suco, Ethan se aproxima discretamente, disfarçando ao pegar uma nova taça de vinho.
— Você está linda — murmura, num tom malicioso.
— Obrigada, amor… — sussurro de volta, mas não consigo conter um sorriso.
Antes que ele possa provocar um pouco mais, Theo se junta a nós.
— O apartamento ficou incrível. Lauren realmente tem talento.
— Ela é ótima — concordo com Theo, sorrindo.
Desvio o olhar para Ethan, que leva a taça aos lábios, completamente indiferente. Talvez temendo que a situação se transforme em algo tenso, Vitória arregala discretamente os olhos antes de gesticular para mim.
— Mia — ela me chama. — Vem me ajudar!
Me junto à Vitória, que tenta fingir normalidade ao mexer na mesa, mas sei que continua preocupada com o sumiço de Gabriel.
Por um tempo, consigo me distrair tentando acalmá-la, até que a voz de Ethan, um pouco mais grave que o normal, chama minha atenção.
Discretamente, olho para o sofá, onde meu pai parece alheio ao tom de voz do amigo, concentrado em algo no celular de Lauren, provavelmente ideias para a decoração.
Quando desvio o olhar para a varanda, encontro Ethan e Theo conversando. Mesmo de longe, consigo notar a postura rígida de Ethan.
Seus ombros tensos e a mandíbula travada indicam que ele está prestes a perder o controle. E, pela primeira vez desde que o conheço, temo que isso realmente aconteça.

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