Assim que paramos num grupo de homens engravatados, involuntariamente, procuro por Ethan. Para meu alívio, ele não está mais com Miranda, mas sim no bar, pegando um copo de whisky.
— Acredito que já conheçam minha filha, Mia — meu pai diz, chamando minha atenção de volta.
Os homens assentem, e um deles até faz um comentário sobre como é bom ver a família envolvida nos negócios. Meu interesse? Zero. Já ouvi variações dessa conversa algumas vezes nos últimos meses.
— E você, Mia? — Um dos homens me puxa de volta à realidade. — Como está sendo a experiência na Nexus?
— Ótima — respondo automaticamente, forçando um sorriso educado.
O tempo se arrasta. Segundos? Minutos? Horas? Não faço ideia. O relógio parece travar sempre que esses homens se juntam para falar sobre negócios.
Entediada, olho ao redor em busca de Ethan e logo o encontro conversando com Alec. Me aproximar dele é impossível, eu sei. Então, pouco depois, vejo Vitória.
Perfeito.
— Se me dão licença — digo educadamente, aproveitando a distração do meu pai.
Atravesso o salão em direção a ela, que conversa com Gabriel. Desde o jantar, as coisas entre os dois parecem ter piorado. Ela mal olha para ele enquanto fala.
— Oi — me aproximo, notando a tensão entre eles.
— Mia! — Vitória praticamente grita, aliviada com minha chegada. — Estava te procurando.
— Estava ouvindo conversas interessantes sobre o futuro do mercado financeiro — digo, revirando os olhos.
— Vá se acostumando, pequena herdeira — Gabriel brinca, mas é evidente que não está no clima para brincadeira. — Vou buscar mais uma bebida. Você aceita, Tori?
— Não, minha taça ainda está pela metade — ela responde, balançando a taça.
Gabriel assente e se vira para sair, enquanto Vitória solta um suspiro pesado assim que ele some entre os convidados.
— Ainda não terminaram? — pergunto, dando um gole no meu suco.
— Não sei — ela finaliza sua taça de champanhe. — Mas também não sei se estamos juntos. É tipo um limbo.
— Como assim?
— Tentei terminar — ela dá de ombros. — Então ele tentou se explicar, disse que está focado em crescer na empresa, que não deveria ter agido impulsivamente, que deveria ter dividido seus planos…
— E…?
— E você chegou — diz, pegando outra taça de champanhe com o garçom que passa ao nosso lado. — Na hora em que ele disse que gosta de mim, que espera que a gente consiga se resolver…
— Me desculpe por atrapalhar.
— Não, Mia — Tori passa a mão nos cabelos. — Foi ótimo você ter chegado, pois desfez o clima pesado, sabe? Gosto dele, mas não sei se quero continuar com uma pessoa que me evita ao invés de conversar, depois me chama para um coquetel e age como se nada tivesse acontecido.
— E você acha que ele te quer? — Ela ri. — Docinho, você foi só mais uma na lista dele. Deveria me agradecer por ter te aconselhado a se afastar dele.
Respiro fundo, tentando manter a calma. É exatamente isso que ela quer: me ver perder o controle.
— Já terminou? — pergunto, pegando minha bolsa. — Porque, diferente de você, eu tenho mais o que fazer além de perseguir ex-namorados.
— Ex-namorado? — Ela arqueia uma sobrancelha. — É isso que ele te disse que éramos?
— Na verdade, ele nunca falou de você — minto, sabendo que isso a irrita. — Deve ser porque não foi importante o suficiente para ser lembrada.
Seu rosto fica vermelho de raiva.
— Você não faz ideia do que está falando, sua…
— Ingênua? Tola por acreditar nele? — a interrompo. — Poupe seu tempo. Você já deixou bem claro tudo isso.
Ela abre a boca para responder, mas a porta do banheiro se abre e algumas mulheres entram, rindo alto. Miranda me lança um último olhar desdenhoso antes de sair.
Encosto na pia, tentando acalmar meu coração acelerado. Sabia que isso poderia acontecer, que Miranda sempre encontraria uma forma de me encurralar, mas não esperava que fosse tão difícil manter o controle.
Mesmo assim, não consigo esconder o sorriso que surge, orgulhosa por finalmente não ter baixado a cabeça para ela.

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