Departamento Jurídico. Décimo andar. O território de James.
As portas do elevador se abrem, revelando um ambiente completamente diferente do que estou acostumada. O silêncio é quase absoluto. Homens e mulheres de terno se movem como engrenagens de uma máquina perfeitamente calibrada.
Um homem de meia-idade, de óculos de aro fino, se aproxima rapidamente.
— Srta. Bennett? Sou Arthur Pearson, advogado sênior. O Sr. Bennett pediu que eu a orientasse. — Ele me examina da cabeça aos pés e sua expressão deixa claro o que pensa. — Talvez queira usar roupas mais… apropriadas amanhã. Temos um código de vestimenta aqui.
Sinto minhas bochechas queimarem. Estou vestindo uma blusa de seda leve e uma saia social, mas, claramente, não pertenço a este lugar.
— Onde posso encontrar o Sr. Bennett? — pergunto, ignorando suas palavras.
— Em sua sala. — Ele olha o relógio. — Mas sugiro que se instale em sua mesa primeiro. Posso mostrá-la?
— Preciso falar com ele agora. Obrigada.
Ignoro seu olhar de desaprovação e sigo pelo corredor, sentindo os olhares dos outros advogados me acompanhando.
Não me dou ao trabalho de bater. Simplesmente abro a porta e entro. James está ao telefone, mas assim que me vê, me encara por um instante antes de desligar.
— Ligo de volta — diz rapidamente, colocando o telefone no gancho antes de se virar para mim. — Mia. Esperava que Pearson trouxesse você.
— O que você está fazendo? — pergunto, fechando a porta atrás de mim.
— Bom dia para você também.
— Por que me transferiu sem aviso? — ignoro o cumprimento.
James suspira, recostando-se na cadeira.
— Achei que fosse óbvio.
— Porque estou com Ethan? É isso? Uma punição?
— Não é uma punição, Mia. É uma oportunidade para você.
— Oportunidade? — Solto uma risada seca. — Ser arrancada de um trabalho que gosto e jogada em um departamento onde todo mundo me olha como uma intrusa?
— Você pretende estudar Direito em Harvard, e espero que em breve. — Ele entrelaça os dedos sobre a mesa. — Este é o melhor lugar para você começar a entender o ambiente jurídico corporativo.
— Não minta para mim, por favor — peço, revirando os olhos involuntariamente. — Seria muito melhor se deixasse claras suas intenções em vez de achar que está me fazendo um favor.
James solta um suspiro pesado, passando a mão pelo queixo, como se tentasse conter a paciência.
— Não estou fazendo um favor, estou te protegendo, Mia. — Sua voz suaviza, quase paterna.
— Me protegendo ou controlando?
— Ambos, talvez. — A honestidade de sua resposta me surpreende. — Não tem ideia do quanto gostaria de ter estado lá quando você precisou de proteção nos últimos dezoito anos.
— Não preciso que você me proteja de Ethan. Ele não é esse monstro que todos pensam.
— Não? Veremos agora que coloquei uma mulher exatamente do tipo que ele sempre preferiu. — Há um desafio em seus olhos. — Loira, atraente, experiente… disposta a fazer qualquer coisa para agradar um CEO.
Saio da sala sentindo uma mistura tóxica de raiva e impotência.
Pearson me conduz até um cubículo no canto do departamento, estrategicamente afastado do elevador e sob constante vigilância do território de James.
— Esta será sua mesa. Os arquivos aqui são confidenciais. Nada sai deste andar sem autorização. — Ele fala em um tom monótono e, sem esperar resposta, se afasta.
Mal tenho tempo de me sentar quando uma jovem assistente se aproxima, carregando uma sacola.
— Srta. Bennett? Isso acabou de chegar para você.
Na sacola, encontro um blazer azul-marinho acompanhado de uma pequena nota:
“Para ajudar na sua adaptação. O código de vestimenta é importante. Papai.”
— O Sr. Pearson gostaria que você o encontrasse na sala de conferências em cinco minutos para começar sua orientação — a assistente informa antes de se afastar.
Olho ao redor para o ambiente frio e impessoal, para as pessoas que me observam disfarçadamente, para o blazer que não escolhi, mas que agora preciso usar.
Então, pego meu celular. Nenhuma mensagem de Ethan ainda. Ele provavelmente nem sabe o que aconteceu.
Em menos de trinta minutos, James conseguiu virar meu mundo de cabeça para baixo, exatamente como deve ter planejado.
Solto um suspiro baixo, tentando conter as lágrimas.
Confio em Ethan, claro. Mas uma pequena parte de mim, aquela menina insegura que sempre temeu não ser suficiente, se pergunta: e se James estiver certo? E se essa mudança gerar exatamente o efeito que ele espera?

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