O sol invade o quarto por entre as frestas da persiana, desenhando linhas douradas na cama. Ethan dorme tranquilamente ao meu lado, um braço sobre minha cintura e o outro sob minha cabeça.
Me viro lentamente para admirar meu namorado. Sua respiração é calma, os cabelos claros caem sobre a testa e ele parece completamente alheio ao caos dentro de mim.
Hoje voltamos oficialmente à realidade.
Sete dias se passaram desde nossa volta de San Francisco. Sete dias dentro do nosso próprio mundinho, onde fingimos que os problemas lá fora não existiam.
Sete dias de filmes ruins, café da manhã na cama e conversas estendidas nas varandas dos nossos apartamentos.
O alarme toca e Ethan geme, enterrando o rosto nos meus cabelos. Desligo rapidamente o aparelho.
— Bom dia, dorminhoco — sussurro, beijando seu rosto.
— Não. — Ele resmunga, puxando o edredom para cobrir a cabeça. — Não existe bom dia às seis da manhã. É cientificamente impossível.
— Hoje é o grande retorno, lembra?
Rio, puxando o edredom de volta. Ele abre um olho e me encara com aquela expressão que mistura irritação e afeto.
— Preferia enfrentar outro fim de semana com meu pai.
— Mentiroso.
— OK, talvez não. — Ele se senta, esfregando o rosto. — Mas encarar James não está muito abaixo disso na minha lista de coisas terríveis.
— Pelo menos o pior já passou, não é? — digo, tentando soar otimista. — Ele já sabe, já gritou, já nos ignorou…
— E agora vem a fase do olhar congelante e das provocações disfarçadas de educação durante as reuniões. Mal posso esperar. — Ethan se inclina e beija minha testa. — Mas vamos sobreviver.
Enquanto me levanto, Ethan liga a TV no noticiário. Roubo em um shopping, protestos no centro, previsão de chuva para a semana.
É estranho como o mundo lá fora segue normalmente, como se nada tivesse mudado, depois de tudo que vivemos.
Solto um suspiro resignado e sigo para o banheiro. Pouco depois, Ethan se junta a mim no chuveiro. Ele me abraça por trás, apoiando o queixo no meu ombro enquanto a água quente cai sobre nós.
— Sabe no que estou pensando? — ele murmura, beijando meu pescoço.
— Que vamos nos atrasar?
— Que não me importo nem um pouco com isso. — Suas mãos deslizam pela minha cintura. — Sou seu chefe, perdição.
Me viro para encará-lo, tentando parecer séria, apesar do sorriso que ameaça surgir.
— Sr. Hayes, isso é muito antiético.
— Srta. Bennett, você não faz ideia do quão antiético posso ser — responde, me puxando para perto, levando de vez qualquer resistência que ainda restava em mim.
Quarenta minutos depois, finalmente estamos tomando café.
Eu com uma torrada, ele com seu café preto absurdamente forte, ambos carregando sorrisos satisfeitos depois do que aconteceu no banho.
— Ontem falei com Gabriel, e ele comentou que confirmaram minha gravidez — digo casualmente e Ethan quase engasga com o café.
No caminho, noto alguns olhares. Alguns carregados de julgamentos disfarçados, outros nem se dão ao trabalho de esconder isso. Mantenho o queixo erguido e ignoro todos eles.
Não é como se eu estivesse fazendo algo errado, certo?
Enquanto saio do elevador e sigo em direção à minha mesa, organizo mentalmente a agenda do dia, as pendências a resolver, os e-mails que…
Paro abruptamente.
Uma mulher loira, vestida impecavelmente, está sentada na minha cadeira, digitando no computador que, até onde sei, é o meu computador.
— Com licença — digo, confusa. — Acho que está no lugar errado.
A mulher levanta o olhar e me encara com um sorriso profissional. Ela deve ter por volta de trinta anos, olhos esverdeados e uma beleza digna de capa de revista.
— Você deve ser Mia Bennett, certo? — diz, levantando-se e estendendo a mão. — Sou Amy Frazier, a nova assistente pessoal do Sr. Hayes.
Meu estômago revira. Nova assistente?
— Deve haver algum engano — tento soar calma. — Eu sou a assistente do Eth… do Sr. Hayes.
— Não é o que diz meu contrato, Srta. Bennett. — Ela estende uma pasta. — Todas as informações sobre sua transferência estão aqui. Desejo boa sorte em sua nova posição.
Pego a pasta, sentindo minhas mãos tremerem. Quando nossos olhares se encontram novamente, tenho certeza de uma coisa:
Isso é obra do meu pai.

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