“Mia Bennett”
Alguns minutos antes…
Guardo minhas coisas com a velocidade de quem está fugindo de um flagrante.
Cada segundo conta. Se Pearson me encontrar agora, certamente inventará outro trabalho “urgente” que precisa ser feito até amanhã.
— Por que parece que você está fugindo? — Theo pergunta, parando ao lado da minha mesa.
— Shh! — coloco o dedo nos lábios, fazendo-o rir. — Estou escapando antes que o Drácula sugue o resto da minha vida social.
Ele olha para os lados, balançando a cabeça enquanto ri ainda mais.
— Pearson está em uma reunião com outros advogados. Você está na vantagem.
— E você não vai aproveitar para fugir também? — pergunto, estranhando sua tranquilidade. Normalmente, ele some antes mesmo de mim.
— Queria, mas não posso. Parece que o sorteado da vez fui eu. — Coloca a mão no peito em uma dramatização exagerada. — Agora vá antes que ele resolva aparecer e te arraste junto.
— Hoje não! — exclamo, jogando a bolsa no ombro. — Theo, me faz um favor? Me avisa quando meu pai sair da sala dele?
Ele concorda, embora claramente confuso sobre o que estou planejando. Melhor assim. Quanto menos souber, mais útil será sua ajuda.
Sorrindo, me afasto e sigo para o elevador, sentindo minhas mãos tremerem levemente. Como Ethan disse, talvez hoje seja o dia em que mais coisas mudarão entre nós três.
Talvez para melhor, talvez para pior…
Mas uma coisa é certa: não dá para continuar como está.
Pouco depois, saio do elevador e sigo pelo corredor do setor administrativo. Ainda nem são seis e vinte, mas a maioria das mesas já está vazia…
Graças ao nosso plano, que, claro, não incluía plateia. Os funcionários terão mais tempo para aproveitar a noite de sexta-feira.
Quando entro na sala de Ethan, ele está em pé, andando de um lado para o outro.
— Lauren trouxe o que pedi? — pergunto ao me aproximar.
Ethan finalmente para de andar e aponta para a caixa sobre a mesa.
— Sabe que, para aprontar, minha irmã se torna uma adolescente maléfica.
— Já disse que amo sua irmã?
Pego a caixa e quase corro para o banheiro de Ethan. Abro minha bolsa em cima da pia, pegando tudo o que preciso.
Troco a calça social por uma saia, passo um batom vermelho e, por fim, coloco a peruca que Lauren trouxe.
Definitivamente, loira não é a minha cor.
— Como estou? — pergunto ao sair do banheiro.
Ethan me observa por um instante antes de se aproximar, ajustando um fio solto da peruca.
— Irreconhecível — diz, com um meio sorriso. — E linda, embora não goste dessa versão loira.
— Ainda bem que é temporário.
Meu celular vibra com uma mensagem de Amy:
“Missão cumprida. Boa sorte para vocês.”
Mostro a tela para Ethan, que assente, satisfeito.
Continuamos por mais alguns segundos, tempo suficiente para que meu pai tenha certeza do que está vendo.
— Eu sabia, Ethan! — A voz dele ecoa pela sala, carregada de fúria e satisfação amarga. — Sabia que não demoraria a mostrar o filho da puta que realmente é.
Ethan se afasta lentamente do beijo, mantendo os olhos fixos nos meus por um momento. Então, vira o rosto em direção à porta, os lábios manchados pelo meu batom vermelho.
— Muito pelo contrário, James. — Sua voz sai calma, controlada. — Estou te mostrando que você está completamente enganado sobre mim.
É minha deixa.
Lentamente, me afasto de Ethan e giro no lugar, finalmente encarando meu pai.
— Surpresa, pai. — Digo com calma, tirando a peruca loira.
A cor some do rosto dele.
Ele olha para mim, depois para Ethan, depois para a peruca em minhas mãos. A boca se abre levemente, mas nenhuma palavra sai.
Por um instante, ele apenas pisca. Como se sua mente se recusasse a processar o que acabou de acontecer.
Até que finalmente…
— Isso é algum tipo de brincadeira? — murmura, ainda incrédulo.
Me levanto lentamente do colo de Ethan, ajeitando minha saia.
Sinto uma calma estranha, quase surreal. Como se estivesse observando a cena de fora do meu próprio corpo.
— Não. Só entramos no seu jogo. — Respondo, mantendo a voz firme, apesar do meu coração acelerado. — Como se sente ao saber que foi manipulado da mesma maneira que tentou manipular essa situação?

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