“Ethan Hayes”
As palavras saem com uma naturalidade que me surpreende. Não há hesitação ou preocupação com consequências. Apenas a simples verdade que há meses quero declarar.
Os olhos do repórter se arregalam levemente ao ouvir o sobrenome, e vejo o momento exato em que a conexão se forma em sua mente.
— Bennett? Mia Bennett é… filha de James Bennett, seu sócio? — ele pergunta, embora seu tom indique que já sabe a resposta.
— Exatamente — confirmo, sentindo Mia tensa ao meu lado. — Agora, se nos derem licença, temos um evento nos esperando.
Seguro minha mulher gentilmente pela cintura, guiando-a para longe da pequena aglomeração de repórteres, enquanto sinto os olhares nos seguindo.
O burburinho aumenta, e sei que logo a notícia se espalhará como fogo nos círculos empresariais.
— Isso foi… direto ao ponto — Mia comenta quando estamos a uma distância segura.
— Não vejo motivo para rodeios. — Dou de ombros, sorrindo para ela. — Você está bem?
Ela assente, esboçando um sorriso que me faz respirar um pouco mais tranquilo. Afinal, Mia passou a semana nervosa com esse dia, e diversas vezes pensei em adiar essa exposição desnecessária.
Quando entramos, olho ao redor do salão do Hotel Drake. A elite de Chicago está presente. Empresários, políticos, celebridades locais…
Todos em seus melhores trajes, fingindo que estão aqui apenas pela causa beneficente, e não pela oportunidade de fazer conexões e negócios.
James e Lauren acabam de entrar pelo outro lado do salão.
— Seu pai chegou — murmuro para Mia, indicando discretamente com a cabeça.
Ela segue meu olhar e vejo um pequeno sorriso se formar em seus lábios.
— Eles combinam de uma maneira estranhamente harmoniosa, não é? — comenta, observando Lauren, que veste um longo vestido azul, enquanto James exibe seu smoking perfeitamente ajustado.
— Nunca pensei que veria minha irmã tão… serena — admito, me surpreendendo com a tranquilidade evidente.
Lauren sempre foi intensa, inquieta, constantemente em movimento. Mas, ao lado de James, ela parece ter encontrado algum tipo de equilíbrio.
Um garçom passa oferecendo champanhe. Pego duas taças e entrego uma a Mia, que me lança um sorriso provocativo, mas não comenta.
— À nossa primeira aparição oficial — brindo, tocando levemente minha taça na dela.
— Ao milagre de você me dar uma taça e à ausência de morangos em qualquer item do menu — ela acrescenta com um sorriso travesso.
Não consigo segurar uma risada espontânea, atraindo alguns olhares curiosos. Provavelmente, a maioria das pessoas neste salão nunca me viu rir assim, tão à vontade, tranquilo.
Sempre fui conhecido pela seriedade, pela dedicação ao trabalho, mas nunca pela simpatia.
A versão que apenas Mia conhece, incluindo as inseguranças e os medos, continua um mistério para a maioria.
— Sr. Hayes! — Uma voz nos interrompe. Ao me virar, encontro George Willingham, um importante investidor. — Que prazer encontrá-lo aqui. E quem é esta encantadora jovem?
— George, esta é Mia Bennett — apresento, observando com satisfação como ele não esconde sua surpresa. — Mia, este é George Willingham, um dos maiores investidores do nosso setor.
— É um prazer, Sr. Willingham — Mia estende a mão com a naturalidade de quem parece confortável até nas situações mais desconfortáveis.
Alguns minutos depois, a perco de vista e uma inquietação que não consigo explicar me atinge. Mal dou dois passos para procurá-la, quando James se aproxima.
— Causando alvoroço, como sempre — ele comenta, parando ao meu lado com um whisky na mão.
— Nunca gostei de meias-medidas — respondo, dando de ombros.
James observa as pessoas por um momento antes de seu olhar finalmente parar em Mia, que conversa animadamente com um pequeno grupo.
— Ela está se saindo bem — ele observa, e há algo em sua voz que me surpreende. Orgulho.
— Sim, está — concordo, seguindo seu olhar. — Ela sempre se sai bem.
Ele assente, e algo no gesto me tranquiliza. Afinal, hoje não foi só meu relacionamento que foi colocado sob os holofotes. James, como pai de Mia, também foi.
— Cuide dela, Ethan — James finalmente diz, num tom mais baixo. — Considere isso como… um reconhecimento do que vocês têm.
— Sempre cuidarei — prometo, sem hesitar. — Mia é tudo para mim, já disse.
— Eu sei. Acredite, eu sei.
Antes que possa responder, Lauren se aproxima, deslizando o braço no de James com uma familiaridade que ainda me parece estranha.
— Estou interrompendo alguma possível luta? — ela pergunta, esboçando um sorriso sarcástico.
— Sem socos e xingamentos hoje — James responde, sem desviar o olhar do meu. — Apenas uma trégua. Ou algo mais.

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