“Mia Bennett”
Observo atentamente enquanto o presidente da fundação finaliza seu discurso. Há uma fileira de cadeiras no palco e, pelo lugar vazio, imagino que será onde Ethan logo estará sentado.
Sorrio discretamente ao pensar em como ele odeia esse tipo de formalidade, mas sempre cumpre seu papel com perfeição.
— Mia Bennett? — uma voz feminina me chama, interrompendo meus pensamentos.
Ao me virar, encontro uma mulher de cerca de trinta anos, cabelos castanhos presos em um coque impecável e um sorriso profissional nos lábios. Ela estende a mão.
— Caroline Lewis, da Chicago Life. Podemos conversar um momento?
Reconheço o nome da revista, uma das publicações de sociedade mais influentes da cidade. Respiro fundo, tentando lembrar das dicas que li na internet.
Aparentemente, sorrir e acenar não é o suficiente para pessoas como Caroline Lewis.
— Claro — respondo, apertando sua mão com firmeza, assim como vi Ethan fazendo durante toda a noite.
— Você e Ethan Hayes estão causando bastante burburinho esta noite — ela comenta, tirando um pequeno gravador da bolsa. — A filha do diretor jurídico da Nexus e o CEO… Há quanto tempo estão juntos?
Mantenho o sorriso educado, mas sinto meu corpo tensionar.
— O Sr. Hayes e eu preferimos manter nossa vida pessoal privada — respondo, repetindo a frase que combinei com Ethan caso uma abordagem individual acontecesse.
— Entendo completamente — Caroline responde, claramente longe de desistir. — Mas nossos leitores adorariam conhecer melhor a mulher que conquistou um dos solteiros mais cobiçados de Chicago. O que acha de uma entrevista exclusiva? Poderíamos focar em seu trabalho na Nexus, sua formação…
— Agradeço o interesse, Sra. Lewis, mas preciso ir ao banheiro agora — digo, recuando um passo educadamente. — Talvez possamos conversar mais tarde, quando Ethan estiver presente. Tenho certeza de que ele teria interesse em participar dessa conversa.
— Claro, ficarei aguardando — responde, aparentemente desapontada, mas mantendo o sorriso. — Tome meu cartão.
Aceito o pequeno papel e o guardo na bolsa, sabendo que nunca farei essa ligação.
Me afasto rapidamente, mas, em vez de ir ao banheiro, busco um canto mais tranquilo do salão. Não quero perder o discurso de Ethan, mas também preciso respirar.
Encontro um pequeno espaço próximo a uma das varandas, onde posso observar o palco à distância. Vejo Ethan se acomodando em sua cadeira enquanto o mestre de cerimônias faz as apresentações.
— Champanhe para a mulher mais bonita da festa? — uma voz familiar me surpreende.
Gabriel se aproxima com duas taças, me oferecendo uma delas.
— Exatamente o que eu precisava — admito, aceitando a bebida. — Obrigada.
— Então — ele começa, apoiando-se casualmente na parede — como está sendo a experiência de namorar oficialmente o chefe?
— Ele não é mais meu chefe — respondo, tomando um gole da bebida.
— Tecnicamente. — Gabriel sorri. — Embora todo mundo na Nexus saiba que é apenas questão de tempo até você voltar para o administrativo.
Reviro os olhos, mas não consigo evitar um sorriso.
— Acho que preferia quando éramos apenas um segredo de escritório. Menos estresse.
— Mas vocês parecem felizes — ele observa, desviando brevemente o olhar para o relógio. — Nunca vi o chefe sorrir tanto quanto nas últimas semanas.
A sala começa a girar de forma sutil, impossibilitando focar em qualquer rosto. Tento respirar fundo, mas sinto como se o ar não chegasse aos pulmões.
Pânico.
Algo está errado.
— Vamos, vou te levar para tomar um ar — Gabriel diz, segurando meu braço firmemente.
Não. Algo não está certo. Quero protestar, dizer que preciso esperar Ethan voltar, mas minha boca não obedece.
Minhas pernas, antes apenas trêmulas, agora mal conseguem sustentar meu peso. Gabriel me agarra pela cintura, me levando para longe do salão.
— Preciso… Ethan… — consigo murmurar, mas Gabriel parece não ouvir.
— Só precisamos sair um pouco, está calor lá dentro — ele diz, e noto algo estranho em sua voz agora. Mais dura. — Você vai ficar bem.
Enquanto nos afastamos, tento olhar para trás, procurando por Ethan, meu pai, Lauren… qualquer rosto familiar.
A pressão no meu peito aumenta, e o ar frio da noite me atinge quando cruzamos a saída dos fundos. O som abafado do evento desaparece atrás de mim.
A última coisa que vejo antes de a minha visão se apagar completamente é um carro escuro se aproximando.
— Andem rápido — ouço Gabriel murmurar, apesar do zumbido incessante nos ouvidos. — Ela está quase apagando.
E então, escuridão.

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