Ethan respira fundo, ainda com o olhar fixo em mim, talvez decidindo se vale a pena continuar a provocação. Então, ele balança a cabeça e se afasta, caminhando até a janela. Com as mãos nos bolsos, ele encara a vista da cidade, ignorando completamente minha presença.
Após alguns minutos de silêncio insuportável, decido abrir a boca. O desconforto de sua presença já é suficiente; o silêncio só piora.
— Pensei que sua sala fosse em outro andar — murmuro, apertando nervosamente a barra do meu vestido. Ethan solta um riso seco, balançando a cabeça.
— Aparentemente, James resolveu que seria uma boa ideia me pedir para esperá-lo aqui — ele responde, ainda de costas para mim. — Espero que você não tenha falado sobre o que aconteceu entre nós, porque não estou com a mínima paciência para aguentar um possível problema.
Um possível problema. É isso que ele me vê, claro. Ou não teria deixado aquele dinheiro como se quisesse evitar qualquer dor de cabeça futura.
Engulo em seco, sentindo minha garganta apertar. Não sei de onde vem a coragem, mas as palavras escapam antes que eu possa me segurar.
— Afinal, por que você está me tratando assim? — pergunto, tentando pelo menos entender o que se passa na cabeça dele.
Ethan finalmente se vira para me encarar, mas a expressão em seu rosto é qualquer coisa, menos receptiva.
— Assim como? — ele finalmente responde, arqueando as sobrancelhas.
— Como se eu fosse um problema. Como se…
— Provavelmente porque você é a porra de um problema, Mia — ele me interrompe, num tom baixo, mas suficiente para me fazer prender a respiração. Apoiando as mãos sobre a mesa de vidro, ele continua: — Você sabia quem eu era naquela noite, não é?
— O quê? — murmuro, incrédula. — Acha que, se eu soubesse quem você era, teria entrado naquele quarto? Ou melhor — continuo, sentindo o enjoo subir pela minha garganta —, acha que eu teria sentido o nojo de imaginar ter dormido com meu… tio?
Ethan estreita os olhos, travando a mandíbula enquanto inclina a cabeça para o lado. Ele respira fundo, umedece os lábios e me encara friamente.
— Vamos deixar uma coisa ainda mais clara aqui — ele diz, claramente controlando o tom de voz. — Primeiro, eu não sou seu tio. Nem de longe. Segundo, o que aconteceu foi um erro, Mia. A porra de um erro que eu não teria cometido se soubesse quem você era. E terceiro…
Antes que ele possa terminar, a porta se abre e Ethan rapidamente endireita a postura, fingindo ajustar o terno. James, completamente alheio à tensão entre nós, entra com um sorriso no rosto.
— Ótimo, vocês já estão aqui — ele diz, sentando em sua cadeira enquanto me encara, curioso. — Está tudo bem, Mia?
— Estou bem — minto, forçando um sorriso enquanto tento ignorar o calor subindo pelo meu rosto. — Só… um pouco cansada.
— Isso não vai acontecer. — Ethan balança a cabeça novamente. — De jeito nenhum. Sua filha não duraria dois dias comigo, James. Não quero aguentar você…
— Ethan, pare de ser dramático — James o interrompe, bufando. Então, se vira para mim, sorrindo. — Mia, o que acha? Quer trabalhar como assistente pessoal do CEO?
Por um momento, fico sem fala. Meu olhar vai de James para Ethan, cujo semblante agora é uma mistura de incredulidade e… sei lá, já desisti de entender o que se passa na cabeça dele. Engulo em seco, tentando encontrar as palavras certas.
“Dane-se se Ethan é um babaca”, penso. “Isso é o que preciso até encontrar outra solução, contando que seja rápido. Bem rápido.”
— Não sei muito sobre isso, mas estou disposta a tentar — respondo, sentindo o olhar de Ethan me queimar.
— Ótimo! Está resolvido, então. Ethan, seja gentil. E Mia, bem-vinda à Nexus. — James se levanta, com o entusiasmo de quem acabou de salvar o dia. — Vou pedir ao RH que agilize o necessário. Espere aqui, Mia. Já volto.
Quando James sai da sala, deixando-nos sozinhos novamente, o que sobra é tensão e um olhar insatisfeito. Ethan passa a mão pelos cabelos, claramente irritado, mas, em vez de sair, ele se aproxima e para do meu lado. Seus olhos me avaliam por um momento, e sinto o peso do desdém em seu olhar.
— Espero que saiba no que está se metendo, porque eu não terei pena quando você sair daqui chorando — ele diz com frieza em cada palavra, antes de sair e bater a porta com força.
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