“Mia Bennett”
Pisco os olhos algumas vezes antes de finalmente conseguir enfrentar a claridade que entra pela cortina. Estou no meu quarto. Não, espera. Estou no quarto de hóspedes. Não foi mais um dos sonhos que costumo ter após dormir chorando.
Me sento rapidamente quando sinto o toque de Ethan no meu braço, mas a confusão logo dá lugar ao susto ao ver Vitória parada na porta, a mão cobrindo a boca e os olhos arregalados.
— Merda… — murmuro, puxando o lençol para me cobrir. Ethan solta um suspiro pesado, passando a mão pelos cabelos.
— Vocês deram muita sorte de não ser outra pessoa — ela diz, olhando rapidamente para o corredor antes de nos encarar novamente. — E sorte de eu ter me oferecido para vir te chamar, Sr. Hayes.
— Por que bateu e entrou assim? — ele pergunta, num tom baixo, mas claramente irritado.
— Bati umas três vezes, ninguém respondeu, e achei que tinha acontecido alguma coisa — ela retruca, agora mais calma. — Me desculpe.
— Tori, por favor — murmuro, corada. — Fecha a porta e me dá cinco minutos.
— Dois minutos, Mia. Seu pai já está na mesa e logo vai perguntar por você também. — Vitória olha para Ethan, abrindo um sorriso travesso. — E, da próxima vez, tranquem a porta.
— Você sabia que Mia estava aqui? — ele pergunta, franzindo as sobrancelhas e alternando o olhar entre mim e ela. Vitória revira os olhos.
— Não, mas imaginei os riscos quando o Sr. Bennett perguntou sobre você — ela responde, desviando o olhar para mim. — E, conhecendo a minha amiga… bem, preferi vir pessoalmente. Agora, dois minutos. Não demorem.
Tori fecha a porta antes que qualquer um de nós diga mais alguma coisa, enquanto Ethan vira para mim, claramente tentando processar o que acabou de acontecer.
— Então ela sabia? — ele pergunta, incrédulo. Deixo meu corpo cair contra a cama, soltando um suspiro longo.
— Sim, eu contei — admito, encarando o teto. — Ela me ouviu no seu quarto em Malibu.
— Precisamos tomar cuidado, Mia — diz, sentando-se na beirada da cama. — Poderia não ter sido a Vitória.
— Eu sei — murmuro, já me levantando para pegar minhas roupas espalhadas pelo chão. A maneira como ele permanece em silêncio enquanto me visto faz meu estômago se revirar. — Tudo bem se você decidir…
— Mia — Ethan se levanta rapidamente e segura meu rosto. — Quero você, mas precisamos ser cuidadosos, ok? E, da próxima vez, começamos trancando a porta.
— Da próxima vez? — levanto uma sobrancelha, tentando não sorrir. Ele apenas me encara, sorrindo maliciosamente.
— Você ainda precisa ser convencida de que não vou me afastar de você? — pergunta, unindo nossos lábios antes que eu consiga responder.
— Preciso ir — digo, ofegante.
— Minha perdição. — Ele provoca, me dando mais um beijo antes de finalmente me soltar.
Ao abrir a porta, dou de cara com Vitória encostada na parede, os braços cruzados e um olhar de quem está pronta para interrogatório.
— Bom dia, Mia — Ethan diz, num tom tão indiferente que até eu duvidaria que algo acontece entre nós.
— Bom dia, filha — James me dá um sorriso empolgado. — Como foi o encontro com Theo ontem?
— Foi… legal — respondo, forçando um sorriso tranquilo. — O evento foi fantástico, e Theo foi bem… legal.
— Legal? — James insiste, franzindo as sobrancelhas. — Você não parece tão empolgada. Ele fez algo que não deveria?
— Não! Só que…
— James — Ethan me interrompe, num tom baixo, enquanto coloca a xícara de café sobre a mesa. — Talvez Mia só não queira dividir tantos detalhes com o pai.
— Você está certo — ele diz, assentindo. — Perguntei porque Alec, Emma e Theo vêm almoçar conosco hoje. Será ótimo para fortalecer os laços.
— Será interessante, sem dúvida — Ethan comenta, sem tirar os olhos do jornal.
Há algo no tom dele que me faz querer encará-lo, mas não me atrevo. Em vez disso, foco no café que James serve para mim, ignorando o frio na barriga que a notícia me causou.
— Relaxe, filha. Será um almoço tranquilo — ele diz, sorrindo como se fosse o próprio cupido.
Tranquilo? Com Ethan, Theo e um almoço forçado, tranquilo é a última palavra que usaria para descrever o que está por vir.

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