Christian deu um soco certeiro. Pedaços de porcelana branca e azul voaram em volta do seu punho, a água dentro derramou- se no piso de madeira, e as flores caíram aos seus pés.
— Christian!— James correu para perto do filho e segurou sua mão sangrando.
— Isso é loucura!— Gritou furioso para o pai— Porque diabos não posso velo?!
— Christian— Elliot suavizou a voz— Calma. Faz parte do Ritual. Submisso e Dominador não podem se ver, até o grande dia.
Christian ofegante olhou para as gotas do seu próprio sangue se misturam a água. Quando recebera a notícia ficará furioso, e a única coisa que viu pela frente foi o vaso italiano de James. Aquela coisa havia custado muito caro, pensou amargurado. Mais e dai? Dinheiro não era problema para os Smith.
— Por quanto tempo?
— Duas semanas, no máximo— Elliot voltou— se para sua mesa— Ele ficará bem. Não se preocupe. Agora, James, trate desses ferimentos, por favor.
Christian deixou ser levado por James. Caminharam pelo corredor longo e entraram no seu quarto. Ele sentou a mesa próxima a janela e James entrou no closet, voltando em seguida com a maleta branca de primeiros socorros. Sentou de frente para o filho e tomou sua mão ferida.
— Ah querido— Lamentou— se ao ver os cortes— Não devia ter feito isso.
— Vou ficar legal, pai. Quando o senhor foi... Submisso. Como foi?
— Nada bom, mas o meu caso era diferente. Eu gostava do seu pai, e estava fazendo aquilo para ajudar meu irmão e minha mãe. Mas hoje me sinto aliviado ao ver que era ele o tempo todo. Nunca o traí.
Christian mordeu o lábio quando James passou a limpar os ferimentos, a ardência foi diminuindo logo em seguida, dando lugar a uma dor pulsante.
— Tenho absoluta certeza que Simon será perfeito Submisso— James enfaixou sua mão— Mas não é só ele que irá estudar, você também. Afinal um bom Submisso precisa de um bom Dominador.
Christian decidiu evitar a presença de todo mundo da casa, decidiu se embrenhar no grande jardim em torno da casa, como fazia quando era pequeno e recebia alguma advertência dos pais. Ignorou as câmeras e os seguranças.
Desceu a escadaria de pedra e caminhou entre a quadra, sentou no banco de pedra, ninguém ia ali, a não ser quando a família estava toda reunida e animada.
— Uma bixinha pensando— Christian levantou a cabeça. Alex, com a pele ainda cheia de hematomas, estava em pé na sua frente, com uma arma na mão— Aquele babaca te sujou!
— Não fala assim dele— Christian ficou em pé, as mãos a vista, demonstrando que não queria lutar— Como entrou aqui?
— Suborno. E dos bons. Precisava por um fim nisso. Nessa palhaçada. Acorda cara! AQUELE VIADO TA TE FAZENDO MAL!
— Alex, cala essa boca e vai embora. Antes que os seguranças te vejam. Tu nem sabe usar uma arma.
— Não? Quer ver?— Ele deu um sorriso, e Christian viu com satisfação dentes quebrados— Não tem volta né? Tu virou uma bixa imunda.
— Para de falar merda.
— Quem vai parar é você. E depois ele. Vou matar os dois!
— Se encostar um dedo nele, juro que vou até o inferno te encontrar e que Deus tenha piedade da tua alma, porque eu vou te estraçalhar.
Alex riu. Christian notou que ele não segurava a arma com firmeza, a mão tremendo levemente. O cara era mesmo um babaca afinal de contas.
— Então fala logo, onde tu quer o tiro?!
— Abaixa a arma agora. Tu não tem coragem e nem força para isso.
Alex deu um passo a frente.
— Tu é um merda mesmo né! Beleza, eu escolho. Deixa eu ver: acho que um tiro entre nos olhos daria um jeito. Ai tu pode ir pro inferno com aquele baitola.
— Não fala assim dele— Christian fechou as mãos em punho.
— O que? Daquela bixa fraca? Não vou matar ele de cara, vou da uma surra nela, quebrar aqueles dentes e arrancar aqueles cabelos, depois vou dar um tiro na perna, um no braço e por último um bem na garganta. Quero deixar um buraco perfeito!
Christian não aguentou, a fúria cega e animal explodiu de dentro dele. Sua perna deu um chute na arma, o objeto voou e sumiu entre as roseiras próximas a quadra de esportes.
Alex trincou os dentes em fúria e partiu para cima de Christian, mas o outro foi mais rápido e brutal, deu um soco em Alex que fez o outro sair do chão, soltar um único grito e cai sangrando no chão.
— Dessa vez a piedade foi embora— Rugiu Christian— Vou te matar!
Se jogou em cima de Alex, deu uma sequência de socos brutais na cara do outro, sentiu os dentes do outro quebrarem e o nariz e o maxilar, não estava nem sentindo as dores dos cortes do vaso.
A fúria cega o havia dominado 100%. Quando os socos acabaram ele deu um único soco na traqueia de Alex. O outro apenas estremeceu abaixo dele e ficou imóvel.
Christian sentiu mãos em seus braços e abdômen, e foi afastado do corpo sangrento e sem vida de Alex.
…
Thomas deu um beijo leve na testa da mãe. Podia notar o desconforto de Matthew ao seu lado. Talvez estivesse com vergonha? Não sabia bem. Segurou sua mão e deu um aperto de leve.
—Se quiser ir, vou entender.
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