Thomas olhou assustado ao se afastarem do hospital. Não devia ter deixado ser levado por aquele garoto estranho, estava claro que ele não tinha medo algum de morrer. No entanto, ele precisava se afastar do hospital, da sua vida, do que ele era.
—Pode ir mais devagar?— Sussurrou.
—Não se preocupe— Respondeu Matthew sorrindo— Não vou deixar que nada te aconteça.
Ele dobrou a esquerda e depois a direita, foi pisando no freio até parar o carro em frente a um parque. Thomas retirou o cinto, mas Matthew quem fez questão de abrir a porta para ele, e quando saíram ele pegou sua mão. Thomas ficou muito surpreso com a reação, mas não se afastou, apesar de uma voz em seu interior dizer que aquilo não era nada normal.
Estavam em rua movimentada, com dois restaurantes em cada esquina, no outro lado havia um gramado verde, com um lago no centro, havia árvores grandes aqui e ali, logo atrás uma paisagem de vidro e aço, dos prédios comerciais mais chiques. O sol refletia como ouro nas vidraças e nas águas do lago.
—Bem vindo ao meu local de "pensamento"— Disse ele dando um sorriso sincero.
Thomas deixou ser levado, e eles sentaram perto de uma árvores, se encostaram nela. Thomas olhou para Matthew, os olhos pensativos também. Em circunstâncias normais ele jamais teria feito isso; fugir com um completo estranho, mas algo dentro dele parecia mudado, quebrado.
—Então, você está melhor?— Perguntou Matthew. Thomas assentiu— Quer falar sobre isso?
—É uma daquelas perguntas em que você espera eu dizer não?
—Na verdade eu quero que diga sim— Ele segurou a mão de Thomas— Sou um estranho para você— Deu de ombros— Mas isso não quer dizer que não me importo.
Thomas assentiu.
—Meu pai morreu, e desde então minha mãe caiu em um silêncio estranho. É meu irmão que nos sustenta. E minha mãe tentou suicídio.
—Nossa, sua vida é bem… Agitada— Matthew soltou a respiração— Mas não quer dizer que possa ser mudada. Tudo na vida tem um jeito.
—É, parece que sim. Mas eu não sei como isso pode mudar, principalmente quando tudo está um caos sem fim. Quando penso que acabou, a escuridão volta— Thomas disse tudo muito rápido. Não sabia porque estava se abrindo com aquele estranho que o levou até ali. E por acaso, porque ele mesmo foi?
—Eu sei como é. Minha situação não é como a sua, mas é bem complicada. Minha família tem um tipo de comemoração única e eu tenho de participar. Meu pai me trata como um dos seus funcionários e sou o estorvo da família.
—Você é obrigado a passar pelo ritual? — Thomas franziu a testa.
—Digamos que sim. Mas eu já sabia que teria de passar por isso— Deu de ombros— Então... Você conhece a Clarice?
—Sim, ela vai me ajudar a conseguir um emprego. Dessa forma poderei ajudar minha família, e agora mais do que nunca preciso de algo que ajude meu irmão a pagar as despesas do hospital.
—Acho que não deveria se misturar com ela. Pessoas como você sofrem no submundo de Clarice.
—"Pessoas como você", o que quer dizer com isso?
—Pessoas inocentes. Pessoas que não são capazes de fazer maldade.
—E como você sabe disso? Não nos conhecemos.
—Posso ver em seus olhos— Matthew se inclinou mais em sua direção, mas Thomas se afastou. O menino não pareceu chateado com a reação, até soltou um sorriso bonito— Que tal comermos algo? Os dois restaurantes do outro lado da rua são ótimos, mas não aconselho comer nos dois no mesmo dia, fiz isso uma vez e fui confrontado— Ellio se levantou e esticou a mão, Thomas aceitou e foi puxado para cima.
Thomas não estava com cabeça para pensar em romance, mas ter Matthew, um completo estranho, lhe ajudando dessa forma era estranho e fofo. E Matthew era lindo e confiante, como um porto seguro.
Eles seguiram para o restaurante da esquerda. Por dentro o lugar era iluminado por pequenos lustres de latão, a luz dourada refletindo nos painéis de madeira nas paredes, nos quadros de aspecto caro e nas toalhas de mesa brancas. Uma música lenta e doce tocava nos alto-falantes embutidos no teto. Era aconchegante e só havia dois clientes. Matthew guiou Thomas para uma mesa perto de uma das janelas com moldura dourada.
…
—Isso está bem feio— Christian se encolheu quando o Dr. Borne tocou a ferida com a mão enluvada— O que houve?
—Nada demais— Deu de ombros— Apenas cai.
—Em uma faca?— O médico se endireitou —Conheço você desde pequeno, sei quando está mentindo. Se envolveu em mais uma briga?
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