Só Teu! Volume II da Trilogia Doce Desejo. romance Capítulo 31

Na manhã seguinte, Rosa preparava o café da manhã enquanto Joanna arrumava alguns dos sanduíches nas lancheiras da escola. Colocou frutas e algumas garrafas de água.

Nicole ajudou os filhos a se organizarem e explicou a Rodolpho como era a nova escola. O menino de cabelos vermelhos ficou empolgado depois que Alex falou sobre os brinquedos e os amigos.

― Estão prontos?  ― Alexander apareceu na porta.

― Sim, estão! ― Nicole ajeitou o botão da blusa de Alex e ajudou Rodolpho a colocar a mochila. ― Vão lá tomar café com a tia Joanna.

As crianças saíram às pressas do corredor até a escada. Nicole caminhou em passos lentos.

― Não corram! Cuidado para não se machucarem nos degraus da escada.

― Meu anjo, eles estão bem! Deixa os meninos brincar. ― Beijou-lhe os cabelos ao abraçá-la. ― Aqui é nossa casa! Ninguém vai machucar você ou nossos filhos.

O sorriso de Nicole se alargou ao olhar os filhos que falavam alguma coisa sobre a história da revista em quadrinhos enquanto faziam a refeição. Ela ajeitou-se na cadeira ao lado do esposo após cumprimentar a tia e a governanta.

 ― O doutor Albuquerque vai chegar daqui a pouco.

 Alexander tirou a mecha que caía ao lado do rosto e pôs atrás da orelha de Nicole.  

― Eu sei!

Nicole olhou para o prato com ovos mexidos e, logo em seguida, encarou Alexander. 

 ― Você quer que eu fique? ― indagou a voz rouca e baixa ao notar que Joanna prestava atenção. ― Se você quiser, eu posso adiar a reunião e ficar aqui com você. ― Deu uma garfada no bacon.

― Não precisa. ― Tocou o rosto másculo com queixo marcado.  ― Eu preciso fazer isso sozinha!

― Promete que você não vai se estressar? ― Fitou o rosto com uma careta irônica. ― Promete? ― Insistiu ele.

― Eu prometo! ― Tomou um gole do suco de acerola.

O coração saltava de alegria conforme observava a família reunida na mesa de café da manhã, depois de anos se escondendo da própria dor, Nicole finalmente triunfou sobre seus monstros interiores. A vida a presenteava com tudo aquilo que um dia sonhou em construir com o amor de sua vida.

–– Vem, pai! –– Rodolpho puxou Alexander pela mão. ― Eu quero conhecer a escola.

― Nicky, qualquer coisa me liga! ― Deu-lhe um beijo de leve no topo da cabeça ao levantar da cadeira. ― Não esqueça do evento beneficente, é amanhã!

Alexander tomou o restante do café e pegou a mochila dos filhos.

― Eu tenho de ir? ― Nicole revirou os olhos.

― Já falamos sobre isso! ― Ajeitou os óculos com o indicador.

― O.k.! ― murmurou, pouco convincente.

― Me liga! ― falou e, em seguida, saiu com os filhos. 

Durante a tarde daquele mesmo dia, Nicole conversou com Jenny pelo telefone. A obstetra tirou as dúvidas sobre o parto humanizado e como seria se ela escolhesse dar à luz a filha em casa. 

Nicole dava respostas curtas e diretas, não sabia o que falar para um homem que abandonou a sua mãe e nem mesmo procurou saber como estava nos últimos anos.

― Presumo que você queira falar sobre o que eu disse no jantar de aniversário de Alexander.

Ela confirmou com a cabeça, reorganizou as palavras em seus pensamentos enquanto o pai dirigia a conversa.

― Por quê? ― Ergueu os olhos amendoados.

Aquela foi a única pergunta que saiu dos lábios de Nicole.

― Eu estava nervoso com o modo como Josephiné estava falando com você e acabei me exaltando.

― Não o questionei sobre isso ― balbuciou a voz tranquila.

Nicole ajeitou as costas na cadeira acolchoada preta.

― Por que o senhor deixou a minha mãe? Se você estivesse lá, a minha estaria viva ou então eu poderia ter um pai.

― Você tem um pai!

― Eu tenho? — Nicole contemplou as sobrancelhas grisalhas nos olhos enrugados pelo tempo.

Copyright © 2.021 por Ana Paula P. Silva