No decorrer do evento, Alexander ficou perto da esposa pelo resto da noite. Ambos apreciavam o prato de salmão com molho de alcaparras quando Isabella voltou à mesa ao lado de Louise e cochichou alguma coisa enquanto olhava para Alexander.
O homem alto e emaciado atrás do púlpito em acrílico cristal, ergueu as mãos para os músicos e cumprimentou os presentes, pouco antes de começar a falar sobre Sophie e a generosa doação deixada pela fundação Bittencourt.
Nicole revirou os olhos, como se não bastasse o confronto com Isabella, ela escutava a homenagem que o mestre de cerimônias fazia a saudosa e caridosa Sophie Bittencourt.
Ela se remexeu na cadeira e olhou para Alexander com uma expressão de aflição, tentou cruzar as pernas para conter a deliciosa sensação no atrito dos dedos habilidosos que subiam pela fenda do vestido e seguiram sem pressa até ao meio das pernas.
Alexander fitou-a, subitamente. Ficou surpreso, não tinha nenhum tecido que o impedisse de senti-la tão quente.
— Por que você está sem calcinha? — reclamou a voz grave.
— Eu tirei quando eu fui ao banheiro
Nicole deu de ombros e esboçou um sorriso.
― O tecido estava apertando os meus quadris.
Ela soltou a respiração logo que sentiu o dedo que entrava na abertura e prestou atenção no homem que continuava a falar sobre as relíquias que seriam leiloadas.
― Todas as peças doadas para este leilão foram examinadas pelos organizadores, que solidariamente com os proprietários das mesmas, se responsabilizam por suas descrições.
O homem atrás do púlpito ainda comentava sobre as peças que compunham o leilão quando o garçom se aproximou e serviu-lhes a sobremesa. Alexander recuou de forma inesperada e fungou.
— O relógio de bronze dourado foi um dos primeiros a serem produzidos no final do século XIX, na França. Essa valiosa peça foi um presente do saudoso doutor Rodolpho Bittencourt para a sua amada esposa— falou o cerimonialista. — O primeiro lance será de cinco mil reais! — prosseguiu.
As pupilas dilatadas dos olhos claros se fixaram na esposa. Pensar na possibilidade de Sophie ter alguma coisa a ver com o acidente do avô, inquietou Alexander. Apoiou o cotovelo na mesa e levou o dedo molhado à boca, sentiu o gosto dela.
— Você quer sair daqui? — Puxou o lábio inferior.
Ela concordou com a cabeça e segurou a mão do esposo. Acompanhou o homem que dava alguns passos pesados que eram abafados pelos sons dos lances que os convidados ainda ofereciam pela relíquia francesa.
— Aonde vocês vão? — Questionou Jenny ao encontrá-los em um dos corredores. — Você ainda tem que discursar! — afirmou.
— Eu vou levar a Nicole para respirar um pouco de ar puro. — Limpou a garganta para disfarçar. — Ela teve um mal-estar.
— Sente dor? — Tocou a barriga e mirou nos olhos de Nicole.
— Não, amiga! — respondeu em tom baixo. — É só um pouco de azia, vou ficar bem! — Desviou o olhar.
— Certo! — Jenny olhou para Heloísa que parecia perdida na mesa do Buffet. — Se precisar, pode me chamar! — Afastou-se.
Alexander fez uma mesura para um dos médicos que trabalhavam no hospital e seguiu até o lounge com sofás e poltronas com um luxuoso tecido bege.
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