Geralmente, os machos tratam as fêmeas com respeito após a transformação, mas não todos. Os hormônios, a falta de uma companheira e, às vezes, altos níveis de testosterona contribuem para que machos sem companheira e sem medo de serem punidos ajam com base na necessidade de fazer sexo. Somos animais primitivos, e o sexo se torna uma necessidade básica após nos transformarmos pela primeira vez. Sei que eu, pelo menos, já estou sofrendo para que os desejos sejam satisfeitos. Meu corpo anseia para que meu companheiro se junte a mim, a ponto de eu sentir que vou virar do avesso se não tiver o corpo dele. A parte irritante é que ninguém mais serve, portanto não tenho nenhum interesse em me aliviar com qualquer outro homem ou comigo mesma, não que eu saberia o que fazer. Isso nunca esteve no topo da lista de prioridades na minha vida.
Percebi que, mais do que nunca, não estou segura nesta casa, visto que estou cercada por machos sem companheira. Não fazer parte de uma alcateia significa não estar protegida de machos que não sofreriam com as consequências se tentassem conseguir o que querem. Vivemos em um mundo cruel e, como rejeitada, ninguém se importa comigo, mesmo se eu for atacada e violada. Não temos quem nos proteja.
Não importa se todos me viram marcar Colton; é de conhecimento público que Juan está negando o vínculo e que fui enviada para cá para ficar longe do filho dele. Eles sabem que não podem me matar ou me mutilar, mas podem brincar comigo um pouco, fazer certas coisas indescritíveis... O filho dele logo se recuperaria da dor, e não carregaria a cicatriz emocional que eu carregaria. Não estou segura.
Paro de andar de um lado para o outro, como faço todos os dias, e caio na minha cama, ciente de que Vanka entrou, pegou alguns pertences e saiu de novo. Ela também está ficando longe de mim desde que me transformei. Parece que estar sendo separada de Colton depois que nos marcamos em público me colocou em algum tipo de lista de párias sociais, até mesmo entre meus próprios companheiros rejeitados.
Há dias, nenhum deles olha para mim ou fala comigo. Ninguém quer agir como se me conhecesse, ou ser visto falando com a garota que teve a audácia de marcar alguém muito acima de sua posição. Muito menos o próprio príncipe dos Santo. É como se eu, de alguma forma, tivesse orquestrado tudo isso, e não fosse obra do destino. Cometi algum tipo de pecado hediondo que me torna a pior das piores, mesmo estando nesta casa de m*rda.
A única coisa que me impede de ser morta é o fato de Colton também morrer se alguém me tocar. Quero dizer, tenho certeza de que, se eu fosse encurralada e atacada por alguém, ele também seria afetado, mas isso não parece importar para os predadores que me rondam nesta casa. A maioria deles odeia os Santo e qualquer um dos Alfas daquele bando, porque sabem que nunca serão como eles e nem se igualarão a eles. Ciúme e ego são uma combinação letal. Eles não serão caçados por causar dor a Colton, apenas se ele morrer.
Deito-me na cama, e meu estômago ronca de fome enquanto se revira, mas simplesmente não consigo me forçar a comer. Até tento; desço ao refeitório na hora das refeições, mas fico apenas mexendo na comida, e qualquer coisa que coloco na boca tem gosto de papelão. Nada muda esse sentimento, esse vazio profundo que cria uma caverna dentro de mim e é frio e sem fundo. Quanto mais tempo me sinto assim, pior fico. Meu corpo não pode ter a única coisa que ele deseja. Odeio que Colton possa ter esse efeito sobre mim, sendo que nem nos conhecíamos ha alguns dias. Não é justo!
Fecho os olhos e me esforço para imaginar qualquer coisa que não seja ele. Quero tirá-lo de minha cabeça e tentar pensar em meus pais, algo que faço quando preciso me acalmar ou quando quero lembrar-me de algo feliz para aliviar a depressão de meu cotidiano. Tento ver o rosto de minha mãe, para sentir algum conforto, mas todos eles estão se tornando imagens borradas e apagadas na escuridão, tal que não é mais fácil vê-los direito. O tempo os está levando de mim, e não tenho mais nenhum tipo de pertence deles depois que os anciões destruíram tudo que nos ligava aos mortos.
"Preciso te ver."
A voz familiar surge do nada, dentro de minha cabeça, e eu me assusto com ela, o que me faz ter um pequeno ataque que acelera meu coração. Sento-me na mesma hora e olho em volta, como se ele estivesse parado bem aqui. Conheço bem a voz dele; ouço-a em meus sonhos sempre que durmo, e meu corpo se arrepia todo ao se conectar com ele. Sinto minhas entranhas formigarem ao pensar em ver meu companheiro novamente. Tenho tanta saudade que não consigo nem colocar em palavras, mesmo que seja insano ter esse sentimento.
"Cadê você?"
Respondo desesperada, incapaz de conter a onda de adrenalina que surge ao ouvi-lo dentro de minha cabeça. Esse simples momento de contato é capaz de preencher uma parte do vazio desolador que sinto desde aquela noite.
"Tô na casa da alcateia, e temos que ser discretos. Me encontra na floresta oeste, no fundo da velha caverna, dentro de uma hora. Não deixa ninguém te ver sair. Eles não tiram os olhos de mim, mas sei como chegar lá sem ser visto. A gente precisa conversar cara a cara."

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