Sinto que corri pelo menos uns 10 quilômetros antes de parar para respirar, ofegando loucamente e sentindo uma agonia esmagadora. Meus membros estão começando a doer e a queimar pelo tanto que estão sendo usados e por eu não estar acostumada a correr assim. Assim como pessoas sedentárias, temos que aumentar nossa resistência para que nosso lado humano possa se desenvolver, e não estou sabendo correr direito. Minhas pernas e músculos estão latejando, e parece que meus tendões estão sendo dilacerados. Ajoelho-me, oculta por um cume coberto de mato, enquanto tento recuperar o fôlego. Preciso de um momento para que meus pulmões aguentem, e então me levanto e caminho em uma velocidade humana, agora que já ganhei um bom tempo.
Nas profundezas da floresta, seguindo o caminho usado pelos animais até a caverna que conheço bem, sinto-me um pouco mais leve e menos deprimida. Toda criança já esteve aqui pelo menos uma vez na vida, muito antes dos ataques dos vampiros. Este costumava ser o local ideal para dar rolês, brincar e nadar no lago próximo, de forma que era impossível se perder. Ainda é possível topar com animais indo beber água quando você atinge a profundidade sombria da floresta, tão densa que fica permanentemente escura, mesmo nos dias mais claros.
Sei que é por isso que ele escolheu este lugar. Em minhas memórias, as quais ele viu, eu frequentava muito esse lugar com meu irmão Jasper, quando éramos crianças. Ele sabe que eu sei disso. Ninguém vem mais aqui; eles têm medo demais, mas toda criança conhece o caminho e sabe exatamente como chegar à caverna. O medo dos vampiros ainda nos assombra, mesmo agora, com todos os anos tranquilos após a guerra. Eles ainda estão por aí, em algum lugar, e áreas isoladas e sombrias como esta são um local ideal para caçarem.
Escuto um galho seco quebrar-se à minha esquerda, o que me faz dar um pulo e virar a cabeça na direção de onde veio o barulho para ver o que há ali. Corro para dentro de um grande tronco oco para me esconder e olho em volta; meu coração está acelerado, e a respiração ofegante. Os sentidos entram em estado de alerta.
"Sou eu... não precisar ter medo."
A voz da qual tenho tanta saudade ecoa em minha cabeça, acalmando-me e deixando-me com um gosto doce na boca. Suspiro de alívio e sinto outra coisa: aquela euforia por estar perto dele de novo. Porém, pergunto-me por que ainda não senti o cheiro ou a presença dele. Normalmente, sentimos nossos companheiros quando eles estão perto.
"Cadê você?"
Murmuro, sem-graça, arrastando-me para fora do tronco, espiando com cautela e tirando o musgo seco de meu cabelo, antes de endireitar-me e olhar para a floresta em volta.
"Um pouco longe, na direção em que o vento tá soprando; aqui", grita ele verbalmente, chamando-me pela sua voz. Isso explica por que não senti o cheiro de Colton antes. Ele está perto o suficiente para me fazer pular, e eu me viro na direção de onde veio a voz dele. Avisto-o, descendo de uma grande rocha na clareira, e me aproximo a tempo de vê-lo vestindo uma camiseta para cobrir aquele abdômen bronzeado e esculpido e jogando uma mochila no ombro. Ele deve ter trazido roupas consigo, e tenho que admitir que estou um pouco desapontada. Mesmo assim, babo só de olhar para ele. Meu corpo esquenta com a luxúria insana que sinto por este homem, só porque ele está a quinze metros de mim. Meus hormônios enloquecidos já me fizeram ter sonhos em que eu ficava sem roupas e fazia todos os tipos de coisas com esse homem; coisas que uma virgem não deveria saber fazer.
"Então, por que quis me ver cara a cara se não quer ficar perto de mim?" Dou meia-volta e vou em direção ao tronco mais uma vez, na tentativa de diminuir um pouco minha agressividade repentina, só que, desta vez, sento-me confortavelmente. Por dentro, estou amuada, como uma criança que está de castigo. Em vez de olhar para ele, concentro-me nas flores que crescem no chão, no único lugar em que bate a luz do sol. Meu orgulho está ferido, e, por mais idiota que seja, estou com raiva dele por causa disso. Essa fome só se cura com o contato físico.
“Eu te devia algum tipo de explicação por cortar a nossa conexão. Por ficar longe depois que a gente... Eu precisava fazer isso direito.”
A voz de Colton me deixa muito louca. É a sensualidade masculina de sua voz grossa, misturada com a rouquidão e o tom quase autoritário. Ele sempre teve uma voz bonita, com aquele leve sotaque colombiano, e, agora, mais do que nunca, ela mexe comigo de um jeito indescritível e acalma um pouco minha irritação. Mas, mesmo assim...
“Seu pai deixou bem claro os motivos dele. Não preciso que você repita eles pra mim". Respondo com um pouco de irritação demais e fico triste na mesma hora; talvez arrependida. Nesse momento, percebo os sentimentos dele. Ergo os olhos e vejo que ele está um pouquinho mais perto, e acredito que seja por isso que agora posso sentir o que ele sente. Enquanto estávamos separados, não pude sentir muito além de minha própria tristeza; acho que esse era o único lado positivo de estar separada dele. Nesse momento, estou carregando as emoções de nós dois.

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