A Babá Perfeita romance Capítulo 20

A cara de Maisy, quando vê o que eu preparei para o seu aniversário, faz todo o esforço e trabalho valerem a pena.

Sua primeira reação é se virar e me abraçar com tanta força quanto seus bracinhos pequenos permitem. 

- Você gostou? - eu pergunto, me abaixando para ficar da sua altura, e segurando suas mãozinhas enluvadas dentro das minhas. 

Protegida por um grosso casaco em matelassê, cor de rosa, e usando gorro e botas da mesma cor, Maisy assente com um movimento entusiasmado da cabeça. Seus olhos azuis brilham com evidente empolgação, enquanto finos flocos de neve começam a se grudar nas duas tranças laterais feitas por Abigail.

O tempo está começando a mudar, eu penso, olhando para o céu, preocupada. O serviço de meteorologia havia garantido um dia limpo, mas já estava começando a nevar. Se continuar assim, teremos que cancelar tudo ou mover todo mundo para dentro, o que vai dar no mesmo. 

- Ótimo - sorrio, afastando uma pontada de decepção e deixando um beijo delicado na ponta do seu nariz. - Porque hoje e amanhã é tudo para você, meu amor. E quero que você se divirta até ficar sem ar e desmaiar, combinado?

Ela comprime os lábios, segurando o riso, então larga as minhas mãos e corre para o meio do jardim, onde cinco moças vestidas de bailarinas aguardam, com seus tutus coloridos e arcos enormes nas mãos. Não foi fácil localizar uma empresa, com a proposta lúdica que eu esperava, que atendesse assim, tão em cima da hora. Mas quando dinheiro não é um problema..., eu penso, sorrindo ao lembrar do cartão de crédito de Max, agora em minha posse, que suplicava para ser usado e abusado como eu julgasse melhor. Afinal, ele me deu carta branca para fazer a felicidade da filha, não é mesmo?

Minha atenção se dirige novamente a cena se desenrolando no jardim. Maisy para a alguns metros das bailarinas, parecendo deslumbrada demais para prosseguir. Então vira a cabeça para trás e sorri com euforia, fazendo meu coração flutuar em direção as nuvens. 

Abigail, Javier e Judith, atrás de mim, comentam a perfeição de tudo em um burburinho animado, mas quando o espetáculo, enfim, tem início, eles se calam e mergulhamos juntos na coreografia do Quebra Nozes. 

Com passos lindamente orquestrados, as bailarinas mergulham seus arcos em bacias de água e sabão deixadas pela grama. Dos seus movimentos fluidos, vão saindo bolhas gigantes e coloridas. Eu fico impressionada ao ver como se movimentam bem, apesar das condições do tempo, e como o espetáculo fica ainda mais linda com os flocos de neve se derramando do céu na direção delas.

Ao meu lado, Evie está de boca aberta. Eu sorrio, enlaçando ela pelos ombros e puxando-a para os meus braços, onde ela se permite ficar com um suspiro.

- É lindo - murmura, se aconchegando mais a mim. Seu casaco, bastante parecido com o da irmã, é cor de bronze e composto por um gorro peludo. - Obrigada, Chloe.

- Não precisa me agradecer - asseguro, com os olhos fixos em Maisy, que gira na neve, com os braços esticados, como as bailarinas em sua apresentação. - Você prestou mesmo atenção quando eu disse que a Maisy adora balé, não é?

Eu balanço a cabeça, com um sorriso, assentindo.

- É uma pena que não possa participar das aulas - lamenta, apertando a cabeça contra a minha barriga. - Seria um sonho.

Ela suspira, enchendo o meu coração de tristeza porque sei exatamente em que está pensando.

- O que seria um sonho?

Nós duas nos viramos, ao mesmo tempo, para ver Max Lancaster se aproximar, com um suéter vinho de gola alta, as mãos enfiadas nos bolsos e os olhos direcionados ao espetáculo de balé. Seu maxilar trava e ele aperta os lábios, quase de forma imperceptível. Tento adivinhar as emoções que atravessam o seu rosto, mas, como sempre, Max é indecifrável.

- O que é tudo isso? Você trouxe o Bolshoi até minha casa? - seu tom é sério, mas não me intimida. Além disso, tem um brilho diferente nos seus olhos nesse exato momento e, mesmo enquanto fala conosco, ele não deixa de olhar, um segundo sequer, para Maisy rodopiando entre as bailarinas. - Como conseguiu isso e quanto custou?

Eu reviro os olhos, abraçando Evie com mais força, tentando esquentar nós duas ao mesmo tempo. Eu mal posso acreditar. Minha vontade é agarrá-lo pela gola do suéter e socá-lo até perder minhas forças.

- Não é o Bolshoi de verdade, Sr Lancaster. É só uma recreação contratada - esclareço, rapidamente, vendo tarde demais a provocação nos seus olhos, que me deixa com cara de boba, mais uma vez, diante dele.

Eu estreito os olhos, sentindo o rosto esquentar.

- Ha ha ha, muito engraçado.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: A Babá Perfeita