Um rosnado soa na mata atrás de mim, instintivamente vou para frente com o coração martelando o peito, está escuro, tem apenas um poste iluminando e para dizer a verdade não está ajudando muito. Galhos na floresta começam a se quebrar, quem estiver andando por eles é bem pesado para fazer um barulho tão específico.
Olho para minha mala, hesito se tento levá-la ou não quando eu começar a correr. Ouço um grunhido vindo de onde o mato se moveu, um arrepio percorre minha espinha, é feroz e selvagem. Dane-se a mala! Corro na direção contrária ao barulho.
A coisa que fez o barulho também começa a correr, eu soube disto quando os galhos começaram a quebrar na medida que eu corria, algo está me perseguindo. Evito a todo custo virar a cabeça para olhar do que eu estou fugindo, estou apavorada.
Ouço um rosnado alto, mas desta vez vem do lado contrário ao que alguém me persegue. Quero gritar por socorro mas duvido que exista alguma casa nessas redondezas e também o medo de atrair ainda mais o predador para mim é maior.
Minhas pernas já estão se cansando, estou correndo o mais rápido que consigo prestes a desmoronar e em nenhum momento eu parei de ouvir os galhos quebrando dentro do mato. A rua está cada vez mais escura com a pouquíssima iluminação, solto um gemido de dor quando uma pedra no caminho me faz tropeçar e cair com tudo no chão.
Logo de início uma ardência no meu joelho e cotovelos é sentida, minha mente fica zonza por alguns segundos antes que eu reúna minhas forças para me levantar e voltar a correr, não deu tempo. Quando olho para cima vejo um animal de quatro patas que me lembra um tigre mas sua aparência vai além de aterrorizante.
Suas presas enormes a mostra, os olhos de uma cor azul tão intensa que nunca vi igual, e expressão raivosa de quem está pronto para me devorar.
O pânico me atinge forte. Eu vou morrer. Havia perdido minha mãe há algumas semanas, meu pai me colocou para fora de casa, e agora eu iria morrer despedaçada por um animal selvagem no meio de uma estrada escura. Ninguém procuraria por mim, ninguém sentiria minha falta... Eu simplesmente desapareceria no estômago de um animal para sempre.
O animal rosna se aproximando mais e mais de mim até que suas pressas estejam a pouquíssimos centímetros das minhas pernas, fecho os olhos paralisada pelo medo e pavor, parece que minha alma saiu do corpo, lágrimas quentes deslizam pelas minhas bochechas e só me resta esperar pela primeira mordida que rasgará minha pele.
Um segundo depois outro rosnado assustador ressoa bem perto de onde eu estou, obrigo-me a abrir meus olhos quando percebo que não vem do felino que quer me engolir. Agora pronto, vou ser dividida ao meio. Vejo quando o animal recua para longe de mim.
Me assusto quando meu corpo é levantado do chão abruptamente.
- Fique calma, peguei você. Pode confiar em mim. - uma distinta voz grossa muito masculina diz.
Minha mente gira em pura confusão, eu estou nos braços de um homem, muito grande e forte que corre agora comigo para dentro da floresta. Meus olhos se enchem de lágrimas molhando o peito do homem no qual minha cabeça está espremida, o choque de saber que eu estava prestes a morrer é demais para meu coração e não consigo mais segurar a crise de choro.
Não sei quem estava me levando para o meio do mato ou o que fará comigo depois, ele pode ser alguém ruim, mas alguém ruim não me salvaria de ser morta por um tigre gigante. Não importa quem é, ele salvou minha vida e eu estou grata por isso.
O homem corre comigo por alguns minutos até que para, olho adiante e estamos em frente a uma casa de madeira de dois andares, lembra um chalé e uma cabana, mas é uma casa, talvez uma junção dos três gostos.
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