Um bebê para o CEO italiano romance Capítulo 29

Nem preciso dizer que o clima no escritório não mudou em nada. Pelo contrário, os olhares só ficaram piores com o decorrer daquele dia. Eu ainda não tinha visto Lorena, fui informada que ela teve um compromisso fora dali. Também não havia sinal de Lorenzo ou Átila. Quanto a não ver Lorenzo eu não achava uma coisa ruim, pois aquilo me permitia sondar o que estava acontecendo. Mas também me assombrava por medo do que ele poderia dizer. Não que eu tivesse vergonha do meu filho ou de ter tido um filho com ele, mas eu tinha medo do preconceito contra mim e, principalmente, contra Gio.

— Gabriela. — Levantei a minha cabeça para ver Quim parado em frente à minha mesa. Eu estava tão distraída com os meus pensamentos que nem sequer o ouvi se aproximar. Bem, acho que se uma fanfarra se aproximasse de mim, eu ainda assim não seria capaz de ouvir, nem a nada e nem ninguém, na minha imersão de pensamentos. — Estou atrapalhando? — Ele perguntou, com o mesmo ar tímido que era uma gracinha. Eu balancei a minha cabeça, e ele sentou-se à minha frente. — Eu não quero ser indelicado. Mas acontece que está todo mundo falando e… — Quim se interrompeu, e eu levantei a sobrancelha em sua direção, sabendo o rumo que aquela conversa estava tomando sem que eu pudesse impedir.

— Não precisa usar meias palavras. — Falei, e ele soltou um suspiro audível de alívio. — Sobre eu ter saído daqui em um estado que tem a ver com o meu filho. Mas eu não posso lhe contar nada de concreto agora. — Encerrei, e ele arregalou os seus olhos levemente. Vi seu rosto ser tingido novamente pelo vermelho carmim.

— Gabriela, eu imaginei que tivesse algo a ver com ele realmente. Mas eu não estou cobrando nada de você. Só me senti preocupado. — Falou, me fazendo engolir a seco. Eu sabia que ele não estava cobrando nada. Mas dava explicações quem se sentia culpado, e culpa era o que eu mais tinha no momento, tendo também um longo fardo ao ter que dispensá-lo. Mesmo se Lorenzo não tivesse dito aquelas coisas a respeito de eu sair com o Quim, mesmo sem tudo aquilo, eu não conseguiria sair com ele. Não depois de tudo o que aconteceu entre o pai do meu filho e eu. Não seria justo com nenhum dos três. Pior: Não seria justo com o meu psicológico, que é o que mais sofria com aquilo.

— Eu… Eu… Sei disso! — Desviei o meu olhar — É que… Bem… — Eu estava gaguejando mais do que gostaria e bem mais do que eu havia pensando enquanto ensaiava aquela conversa na minha cabeça. O fato do roteiro ser diferente também tinha sua parcela de culpa em todo aquele estardalhaço que eu fazia. — Não quero que pense que… O fato é que eu não vou poder sair com você. — Eu disse, e ele levantou a sobrancelha. Eu não me orgulhava de usar meias verdades para com Quim, mas eu o estava fazendo. De fato, o motivo de eu ter saído daqui daquele jeito tinha a ver com o meu filho — não diretamente.

— Gabriela, está tudo bem? — Quim me perguntou, e eu soltei um pequeno suspiro de alívio, o qual eu me policiei para que não saísse alto demais. Eu não queria parecer mais uma megera do que eu já estava me sentindo. — Quem sabe a gente não consegue marcar outro dia, quando a questão do seu filho se resolver? — Eu sorri. Não foi um sorriso de orelha a orelha, foi mais um sorriso amarelo, de quem estava tentando esconder o alívio.

— Não sabe como eu o agradeço por isso. — Falei, e ele levantou a mão, segurando a minha por cima da mesa. Eu apertei a mão dele, aproveitando daquele conforto que Quim estava me passando no momento. Nossos olhos se entenderam, e ninguém precisou dizer palavra nenhuma por um bom tempo. Puxei uma respiração, sabendo que eu precisava ser sincera. Falar que talvez não pudéssemos nem marcar mais nada para depois, infelizmente. Eu abri a minha boca, mas não foi dela que as palavras saíram, para o meu total espanto.

— O que está acontecendo aqui? — As palavras ameaçadoras saíram de Lorenzo, que estava ao lado de Átila. Ambos nos olhavam, cada um de um modo diferente. Átila parecia feliz em nos ver naquele momento que parecia algo íntimo nosso. Já Lorenzo parecia que atirava adagas venenosas pelos olhos. Seus azuis estavam ainda mais escuros e dilatados pela raiva. Engoli a seco e puxei a minha mão da de Quim, que franziu o cenho pra mim. Me arrependi de tê-lo olhado naquele momento, pois qualquer um poderia decifrar o que se passava em meus olhos ao ver Lorenzo.

— Que pergunta! Não vê que os dois estão se acertando, marcando algo?! — Átila falou quando viu que ninguém iria responder nada, pois estávamos cada um preso em sua redoma de pensamentos. Vi os olhos de Lorenzo se inflamarem ainda mais. O canto da sua boca tremeu e, por um momento, achei que ele fosse falar algo, algo que ele não poderia dizer. Não por agora e muito menos naquele momento. — Não seja careta, Lorenzo. Sabe que não tem proibição de nada entre os funcionários. — Átila falou, piorando ainda mais a situação.

— Não, Átila, não tem nada a ver com isso. É exatamente o contrário. Eu estava falando a Quim que não poderei mais sair com ele. — Alívio brilhou nos olhos de Lorenzo, ao mesmo tempo que a confusão se fez presente nas íris de Átila. — Tem muita coisa acontecendo, principalmente relacionada ao meu filho, e Quim foi compreensivo com isso. — Eu tratei de explicar, e ele balançou a cabeça parecendo desolado. Já Lorenzo não fazia questão de esconder a felicidade. Pude ver que Quim também não deixou aquilo passar despercebido.

— Eu sinto muito. Sinto mesmo e espero que tudo se resolva. — Ele falou nos dando um olhar sugestivo, e eu voltei a oferecer o sorriso amarelo, daquela vez para Átila. — É algo relacionado à saúde dele? Seu filho está com problemas de saúde? Foi por isso que você saiu daquele jeito? — Me questionou, e eu olhei para Lorenzo. O mesmo tinha uma cara de paisagem, e eu quase revirei os olhos para ele — isso para não pular em seu pescoço.

— Não. É um problema mais pessoal e sério. — Falei, e ele me deu um olhar condolente. Eu realmente merecia aquele olhar. Me senti uma verdadeira covarde, mas eu precisava organizar a minha vida e o meu futuro para poder ter uma posição mais sóbria. Nem tive coragem de encarar Lorenzo enquanto respondia. — Mas tudo vai se resolver. — Ganhei um olhar compreensivo do Quim.

— Átila, nós temos algumas coisas a resolver, não é? — Lorenzo perguntou. Átila achou que aquilo fosse uma deixa para me deixar a sós com Quim, só que a verdade era que Lorenzo queria tirar ambos dali, para o meu total alívio. — Quim, vamos? — Chamou, e Quim me deu um olhar antes de se levantar. Eu não quis olhar mais em direção a eles. Me manter focada na tela escura do computador era o meu plano.

— É o pai do seu filho, não é? — Senti o meu sangue gelar ao ouvir a pergunta de Quim. O meu coração palpitava tão forte e levantei a minha cabeça para vê-lo. Tinha certeza que eu estava branca feito papel e sabia que todo o sangue do meu corpo havia congelado com aquela pergunta. Na verdade eu não tinha tanta certeza se era uma pergunta. Agora já me parecia bem mais uma afirmação. Engoli a seco e dei-lhe o meu melhor olhar de desentendimento.

— O que? Do que você está falando? — Torcia para que a minha voz estivesse parecendo minimamente confusa e desinteressada. Ele sorriu como se já tivesse entendido tudo, e eu só esperei pelo momento que ele iria jogar a bomba. Quase que eu fechei os meus olhos, na antecipação daquele momento.

— É por causa do pai do seu filho... Os seus problemas. — Afirmou, e eu abri a minha boca — Gabriela, não sei o que aconteceu entre vocês, mas saiba que pode contar comigo pra qualquer coisa. — Já foi dizendo, sem me dar tempo de uma réplica. Eu ainda estava sob o efeito das suas primeiras palavras, e ele não estava falando de algo que achei que fosse. Quim não havia descoberto e nem desconfiado de nada, mas se o tivesse feito, duvido que seria indelicado a ponto de jogar aquilo em mim daquele jeito.

Quando eu abri a minha boca para responder, percebi que eu havia demorado tempo demais. Quim já tinha sumido das minhas vistas e me deixado com a cabeça fervilhando, quase a ponto de explodir. Meu coração ainda palpitava como um louco na minha caixa torácica. Mais do que nunca eu sabia a enrascada em que eu estava e sabia que não seria nada fácil sair dela — ao menos não sem algumas sequelas. Tentei focar nos meus afazeres, já que eu precisava ficar ali no meu lugar e não me envolver em mais nada que pudesse pôr a minha sanidade em risco, pelo menos enquanto eu estivesse no escritório.

— Bella… — Não sei quanto tempo eu fiquei fazendo e refazendo o que já tinha passado para a planilha. A minha atenção não estava ali. Ela estava totalmente voltada às palavras de Quim, ao jeito como ele falou e ao medo irracional que eu senti. — Você está bem? Tem um tempo que eu estou chamando você. — Lorenzo estava parado à minha frente, me olhando de um jeito estranho. Ou talvez eu que o estivesse enxergando daquele jeito.

— Sim. Está tudo bem. — Lorenzo apertou os olhos em minha direção. — Algum problema? Estão precisando de mim? — Questionei, e ele franziu o cenho.

— Não. Quim e Átila saíram. — Ele disse, e eu segurei uma expressão de choque. Nem sequer vi o momento em que eles passaram por mim. — Será que nós podemos conversar? — Perguntou, e eu engoli a seco e balancei a minha cabeça em confirmação. Nós precisávamos sim. Eu já havia fugido daquilo por quase vinte e quatro horas, mas só esperava que pudéssemos realmente conversar, e não que perdêssemos a compostura assim que nos encontrássemos a sós.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Um bebê para o CEO italiano