Um bebê para o CEO italiano romance Capítulo 47

— Gabriela. Será que eu posso falar com você. — Não gostei nem um pouco de ouvir a voz de Serena. Na verdade, eu fiquei alguns minutos esperando para ver se tudo aquilo não era uma ilusão da minha cabeça. Era o que seria mais aceitável e plausível. Eu estava vindo de uma noite maravilhosa e não queria que aquilo fosse estragado com a presença dela, ou qualquer coisa que ela tivesse a falar e até mesmo despejar o seu veneno. Puxei uma longa respiração e me virei, constatando que realmente era ela.

— Serena. Não vejo o que você pode falar comigo. — Ela tinha uma aparência abatida, ou talvez fosse apenas a falta da maquiagem. Eu apertei os meus olhos quando algo dentro de mim alertou para que eu tomasse cuidado com ela. Em um primeiro momento achei que ela fosse me atacar com mais palavras horríveis como da última vez, só que eu a vi recuar, o que só me deixou um pouco mais desconfiada. — Mais do que você já falou antes. — Ela murchou, e eu pude perceber que os funcionários, que estavam às voltas com os preparativos, pararam para observar com afinco a nossa interação.

— Na verdade é sobre isso. Eu queria te pedir desculpas. — Abri a minha boca, mas nenhum som saiu dali, tamanho era o meu choque. — Eu agi errado com você. Eu posso ser uma pessoa difícil de lidar, mas eu não sou aquela pessoa. Em um primeiro momento eu só pensei em defender Lorenzo e não medi mais nada. — Falou enquanto eu a olhava, tentando encontrar um ponto de veracidade em suas palavras, só que eu sabia que aquilo não iria acontecer. Eu sabia que ela estava mentindo. Aquilo era medo perder o emprego, ou talvez tivesse algo a mais por trás de tudo, eu só não fazia ideia o que era.

— Lorenzo não me parece o tipo que precisa de defesa. Você foi cruel em cada uma das suas acusações e xingamentos. — Falei e vi ela engolir a seco — Em se referir ao meu filho. Você deu muita sorte por ter me pego de surpresa, e por Lorenzo não deixar você terminar de dizer o que iria. Se você tivesse dito, até hoje iria estar catando os seus restos do escritório. — Falei, e ela deu um passo atrás, à medida que eu me aproximava ameaçadoramente. Ela não teve nenhuma mudança de feição ou perdeu a pose de Madalena arrependida. Continuou firme, o que me irritou ainda mais.

— É exatamente por isso que eu senti a necessidade de lhe pedir desculpa. Eu não tinha... Aliás, eu não tenho direito de falar nada e nem de ofender ninguém. Não sabe como estou arrependida. — Segurei a minha vontade de revirar os olhos a cada palavra que saía da boca dela. Por tudo o que ela falou, eu ainda tinha que manter a minha compostura. Coisa que era bem difícil se eu fosse pensar de cabeça fria. — Vim pedir desculpas a Lorenzo também. Você sabe se ele está aí? — Questionou, e eu apenas balancei a minha cabeça confirmando — Sei que não será fácil me desculpar, mas pensa com carinho. — Ela falou se afastando e me deixou ali, abismada com o nível de cinismo que vinha dela.

Nem tive mais cabeça para continuar o que estava fazendo, nem queria ficar ali e correr o risco de encontrar com Serena novamente. Aquele dia tinha começado com altos índices que eu teria uma longa dor de cabeça, o que não seria nenhuma novidade. Sentei na cadeira atrás da minha mesa e tentei focar a minha atenção na lista que eu havia conseguido no Tortelline. Tudo bem que eu não podia negar: Os meus sentidos estavam todos na sala de Lorenzo e no que poderia estar acontecendo lá. Será que Serena seria capaz de convencê-lo? Eu realmente esperava que não, ou nós teríamos um grande problema.

Eu não ouvia gritos, nem xingamentos ou sequer a polícia havia sido acionada, então eu achei que estava tudo bem. Se eu tinha conseguido manter a minha compostura, então eu achava que Lorenzo também tinha mantido a dele. Depois de um tempo, Lorena sentou-se em frente a mim, chamando a minha atenção pela sua careta, como se tivesse chupado limão ou algo do tipo. Levantei a minha sobrancelha em direção a ela, esperando uma explicação.

— Você não acredita quem eu acabo de ver saindo da sala do senhor Mancini, toda sorridente. — Ela falou, e eu tive certeza que Serena havia conseguido convencê-lo. Provavelmente tinha conquistado a sua permanência à frente do Veneza. — Por que está com essa cara? Não me diga que você encontrou com ela? — Perguntou ao ver como eu estava reagindo àquilo. Balancei a minha cabeça em concordância e vi o seu queixo ir ao chão praticamente.

— Infelizmente eu vi. Ela veio se desculpar. Você acredita? — Perguntei, e ela levantou a sobrancelha em minha direção. Era engraçado ver a cara de Lorena tentando assimilar tudo. Mas, no fundo, eu acho que ela, assim como eu, não acreditava nem um pouco no pedido de desculpa de Serena. Contei a ela tudo o que Serena me disse e o que eu também acabei falando no calor do momento. — Eu não acredito nem um pouco nesse pedido de desculpas. Nem na forma como ela tentou esconder o cinismo. — Afirmei, e ela ainda seguia chocada depois de ouvir tudo.

— Não é para menos. Ela com certeza está com medo de perder o emprego — Lorena disse aquilo que eu já tinha pensado. — Você acha que o senhor Mancini acreditou no pedido de desculpa dela? — Questionou, e eu dei-lhe um riso amarelo. Depois do que ela havia falado, sobre ter visto Serena sair sorridente, com certeza Lorenzo havia… Eu não gostava nem de pensar.

— Eu não… — Parei de falar no momento em que meu celular vibrou com uma mensagem. Fiquei alarmada ao ver o nome de Helen brilhar na tela. O meu coração começou a bater descompassado com o pensamento de ser algo com o meu filho. Senti que o chão sumiu abaixo dos meus pés ao constatar que realmente se tratava de Gio. Helen disse que ele estava ardendo em febre. Fiquei paralisada e deixei o celular escorregar da minha mão.

— Meu Deus, Gabriela! Está tudo bem? — Eu só consegui balançar a minha cabeça em negação.

— Meu filho... Eu… Eu preciso ir. — Falei, e ela concordou comigo, me ajudando a arrumar as minhas coisas — Eu não… Você pode avisar para mim? Eu vou correr pra casa e levá-lo ao hospital. Se eu demorar mais algum tempo, quem vai precisar de um médico sou eu!

— Eu aviso a Átila e… não vai avisar nem ao pai dele? — Perguntou, e eu puxei uma respiração. Lorenzo parecia bastante ocupado no momento, eu também não sabia se ele iria largar tudo por Gio. Balancei a minha cabeça em negativa e pedi que Lorena fizesse aquilo por mim. Talvez eu também estivesse chateada pela possibilidade dele ter acreditado em Serena. Sei que eu estava sendo uma cadela má, mas parei de pensar naquilo ao sair do local o mais rápido possível.

Nem fui capaz de prestar atenção em nada do caminho que fiz do Tortelline até a minha casa. Estava nervosa, louca pra ver o meu filho e saber se iria ficar tudo bem com ele, o meu coração de mãe já sofria de ansiedade e antecipação. Eu nem queria pensar em nada ao passar direto para o apartamento de Helen.

— Gabi. Que bom que chegou! — Disse, se mostrando bem aflita. Se ela estava daquele jeito — ela que tinha mais experiência —, eu então nem sabia o que fazer mais. — Eu dei um banho de camomila nele, mas nem isso foi capaz de acalmá-lo. — Ela prosseguiu, e eu entrei sem cerimônias ou espera de convites.

— Cadê ele? — Perguntei, ao não vê-lo onde sempre o encontrava quando ia buscá-lo na casa de Helen. Ela apontou em direção ao quarto, e eu segui até lá. Encontrei o meu bebê deitado com a sua mantinha. Seus olhinhos estavam tão perdidos e chorosos. Ele sentou-se ao me ver e estendeu os bracinhos. — Estou aqui, meu pequeno. Estou bem aqui. — Falei enquanto ele dizia a palavra “mamãe” repetidas vezes, como se fosse uma espécie de súplica. — Vamos levá-lo para Diogo. — Eu afirmei e vi Helen concordar.

Assim que descemos não tinha nenhum táxi à vista, e eu ficava cada vez mais em agonia junto a ele. Engoli a seco ao ver o carro de Lorenzo estacionar em frente a onde estávamos. Ele baixou o vidro e me deu um olhar. Um olhar de quem estava muito chateado, só que eu pouco me importei com aquilo. Entrei no banco do passageiro, e Helen foi atrás. Dava para ver em seu rosto que ela estava preocupada. Não era para menos, acho que ela pensou que aquilo seria incapaz de acontecer. Só que se tratando da saúde frágil de uma criança, tudo era suscetível.

Ninguém falou uma palavra, tirando as coordenadas que eu passei para Lorenzo. Assim que ele estacionou em frente à clínica, desci sem nem sequer esperar ajuda da parte de ninguém. Diogo quando me viu olhou-me assustado, nem sequer tive tempo de avisar a ele. Sem nenhuma palavra, ele tirou Gio dos meus braços e o levou de mim. Eu sabia que ele iria ficar bem. Eu sentia aquilo dentro de mim, ele era um pedaço meu, e eu sabia que nada de ruim iria lhe acontecer. Ou eu não saberia como suportar aquilo. Relaxei ao sentir os braços de Lorenzo em volta de mim. E confiei. 

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Um bebê para o CEO italiano