— Você quer mesmo fazer isso, Gabi? — Julia me perguntou. Eu tinha um currículo em mãos, e ela havia me dado uma carona até a boate. Eu não sabia bem a resposta. Quer dizer, até uma hora atrás me pareceu uma boa ideia. Já agora… Eu não tinha mais tanta certeza. Mas eu tinha que começar por algum lugar, e eu tinha que começar a vencer alguns traumas. Tudo bem que não era assim algo tão traumático, mas aquilo fazia parte do meu drama recém adquirido.
— Sim, eu tenho certeza! — Afirmei, com uma coragem digna de dar inveja. Até eu me convenci que eu estava em poder de toda aquela convicção. — Eu tenho certeza… Que não serei contratada. — Ela me deu um olhar atravessado.
— Então o que estamos indo fazer quase do outro lado da cidade? — Me perguntou, e eu ri — Gabi, nós podemos esperar mais um pouco. A rede de restaurantes onde trabalho logo vai expandir e vão precisar de administradores novos.
— E até lá o que eu faço? Sento e espero você e o meu irmão se virarem com tudo? Meu filho já está em condições de ficar com uma babá. Eu posso muito bem trabalhar. Estou fazendo isso pensando em todos nós. — Eu disse, e ela respirou profundamente.
— Tudo bem. Você está certa. Mas eu espero que você consiga o trabalho. Nada de pessimismo. Se você quer ir à luta, é com otimismo que trabalhamos! — Afirmou, e eu balancei a minha cabeça em concordância.
Assim que ela parou no estacionamento da boate, fiquei estática olhando o lugar. Eu havia ido ali uma única vez, aquilo já tinha dois anos. Eu não me lembrava de ser tão grandioso o lugar. Mas eu também havia ido à noite, e antes daquele dia nunca tinha sequer passado perto dali, por ser um lugar em que só de olhar você já perdia uma boa grana. E depois, eu estava muito focada nos meus estudos. Eu diria que tudo aconteceu como deveria ter acontecido.
Pedi que Julia me desejasse sorte, e assim ela o fez, eu puxei a correntinha que era do meu Gio, que havia trazido comigo para me lembrar o motivo de passar por qualquer provação. Beijei o seu nome gravado na placa de prata e a voltei para o bolso. Soltei um longo suspiro antes de entrar. Onde deveria ter seguranças estava vazia. E, como estava aberto, eu só entrei. Não sabia se era ali que deveria ir ou se tinham algum escritório em outro lugar. Provavelmente não tinham.
— Ele provavelmente comeria o seu fígado. — Ouvi uma voz que vinha do fim do corredor. O corredor dava para o salão da boate, e eu não deixei de me impressionar com a exuberância do lugar. Eu não sabia se havia crescido mais ou se eu apenas não reparei direito da última vez. — Eu não quero saber. Você vai dar um jeito. — A voz continuou alterada. Era a voz de um homem e não estava nada boa. — Ei! Como entrou aqui? — Aquilo era comigo? Como assim? — Aqui em cima. — Merda! Era de cima que vinha a voz alterada.
— Eu…Eu… — Balbuciei ao olhar na direção, tendo a minha visão atrapalhada pelas luzes do lugar.
— Meu saco. Adolescentes. — Coloquei a mão na frente dos olhos para tentar enxergar melhor. — O que faz aqui, garota? Isso aqui não é um ponto de drogas. — Nossa! Tirei a mão dos olhos quando o cara parou na minha frente. Ele tinha cabelos claros. Era um tipo surfista, mas vestido formalmente enganava qualquer um. Devia ter uns 1,70 de altura, era forte e cheiroso. Os olhos pareciam negros, ou era por causa da luz. A pele era bronzeada. Era muito lindo.
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