A Babá romance Capítulo 6

Manuella Vermount

Mais um dia que eu amanhecia mal, pois estava sabendo da situação da minha pequena. Eu até tentei ligar pra lá novamente umas 10 vezes, mas em todas elas Hannah se recusava a falar comigo. Ela estava chateada comigo e eu entendo, pois eu estava fazendo exatamente o que ela me pediu para não fazer: a abandonei.

Acabou que eu fiquei triste no meio de toda essa história. Triste era pouco, na real, isso tudo estava acabando comigo.

Vesti meu uniforme e fui para mais um dia do meu expediente. Cheguei e já tinha um filinha considerável, já que hoje eu começava ao meio dia e era horário de maior movimento.

Me posicionei no caixa e comecei a atender a todos.

- Boa tarde, me veja um café forte por favor – gelo ao ouvir aquela voz.

Não poderia fugir pra sempre certo?

Olho pra cima e, pelo visto, ele também não tinha notado que era eu ali. Respiro fundo e pergunto:

- Mais alguma coisa? – ele parece que se assusta ao ouvir a minha voz também.

- VOCÊ? - pergunta incrédulo.

- Eu mesma – digo seca, querendo que ele saísse dali o quanto antes.

- Sim, eu quero mais uma coisa - cruza os braços em cima do balcão me encarando sério.

- Diga.

- Preciso conversar com você – diz elevando as sobrancelhas e eu reviro os olhos.

- Estou no meu horário de trabalho, a única conversa que posso ter com você agora é sobre o seu pedido. Vai querer mais alguma coisa? - tudo o que eu queria era perguntar sobre Hannah agora.

- Por enquanto só o café, mas saiba que eu não saio daqui sem falar contigo.

- Daqui a cinco minutos o café chega na sua mesa.

Continuei meu trabalho até o horário marcado e busquei esquecer a presença dele ali. Inicialmente foi bem difícil, porque ele ficava passando toda hora por mim ou ficava me encarando e não saia de perto. Porém, depois que ele percebeu que eu estava realmente falando sério, parece desistir e foi embora.

...

Depois de tirar meu avental e de ter anotado que havia cumprido o horário, me despeço do pessoal e saio pelos fundos. Vou direto para o ponto de ônibus, mas, antes de dobrar a rua para ir em direção, sinto meu braço sendo puxado para trás.

- AI!

- Eu disse que queria falar com você - vejo que era David.

- Eu não quero falar com você - tento me soltar, mas ele era mais forte.

- Olha só, eu vim aqui te pedir desculpas. Eu realmente fui um idiota e agora eu preciso da sua ajuda.

- É mesmo? - o encaro levantando uma das sobrancelhas não acreditando que o Sr. Riquinho estava admitindo que tinha feito merda.

- É, na verdade, quem precisa da sua ajuda é a Hannah.

- O que eu posso fazer por ela? - eu sabia muito bem o que estava acontecendo, mas ele não tinha ideia que eu tinha ido até sua casa ver Hannah.

- Você pode cuidar dela.

- David eu já tenho um emprego - digo apontando para o restaurante atrás de mim - E você também tem uma moça que cumpre a tarefa de babá.

- Eu já conversei com seu chefe.

- COMO É?

- Eu expliquei para ele toda a situação e indiquei uma pessoa para entrar em seu lugar.

- As coisas não são assim...

- Manuella, por favor. Eu sei que fui um idiota, mas eu realmente preciso de sua ajuda pra ontem, minha filha pode realmente ficar muito doente se continuar do jeito que está.

- Tudo bem, eu aceito sua proposta.

- Venha comigo, te levo em casa e você pega suas coisas e você já vai direto pra lá. No caminho eu aproveito e te explico tudo e amanhã você assina o contrato.

- Tudo bem - digo revirando os olhos por causa do modo como ele tratava as coisas.

São nesses pequenos momentos que a gente percebe que quem tem dinheiro realmente tem privilégios incontáveis.

Ele abre a porta do carro pra mim e explico o caminho que teria de pegar para chegar até a minha casa. Enquanto o estávamos no trânsito ele me falou toda a rotina da casa, o que esperava de mim, sobre o fato de que eu passaria a semana toda lá e só voltaria pra casa aos sábados. Eu teria direito a uma suíte, segundo ele, bem equipada e a um salário que era quase o triplo do que eu ganhava na lanchonete. Além disso, ele não se conformou com o fato de eu não ter um celular e garantiu que a primeira coisa que faria após chegar em casa era dar providências de um aparelho para poder manter o contato comigo em situações de emergência.

Quando cheguei em minha casa, peguei a maior mala que eu tinha e coloquei o máximo de roupas que podia, sem me importar se combinavam ou não. Peguei minhas coisas de higiene pessoal no banheiro e também outras coisinhas básicas. Enfiei tudo na mala de qualquer jeito, depois eu arrumaria tudo.

- Vamos? – digo puxando a mala.

- Mais já? Você foi rápida hein?!

- Não era pra ontem?

- Era. Vamos.

O caminho de volta foi rápido, pois não teve tanto trânsito. Chegamos na casa dele e fomos direto para o quarto de Hannah. David deu um sinal para que eu esperasse do lado de fora e eu entendi toda a armação dele ali. Sorri assentindo e esperei.

- Princesa, o papai tem que te contar uma coisa.

- Eu não vô comê papai - escuto a sua vozinha e meu coração bate mais forte.

- Não é isso meu amor, é que eu queria te perguntar uma coisa.

- O quê?

- O que é que você mais quer nesse momento? O papai quer te ajudar,mas eu não sei o que fazer.

- Eu quelo que a Manu cude de mim papai, eu quelo el...

- Então eu entrei na casa certa, achei que tinha ido parar no condomínio errado – digo entrando.

- MANU!!!! VUXÊ VEIO!

- E dessa vez é pra ficar minha pequena – digo sentando do lado dela.

- Vuxê vai cudar de mim? É xélio papai? – ela sorri pra ele.

- Sim meu amor, eu achei a Manuella e implorei para que ela vir cuidar de você. Vou te dizer que não foi nada fácil, tive que passar o dia inteiro esperando ela.

- OBAAA!!! - ela pula em meu colo me abraçando.

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