Ícaro
No caminho de volta para casa, Ícaro soltou uma risada. Vitório não era páreo para sua rapidez, mas ele sempre foi muito ágil e estratégico em seus movimentos.
Tinha que admitir que a força de ambos era igual. O soco que levou na boca do estômago ainda doía pra inferno, parecia que ele tinha rompido a porra do diafragma.
Não seria surpresa se levasse a pior, tudo o que sabia em termos de luta e esportes de combate foi aprendido e estimulados por seu irmão mais velho. Ele treinava com o pai desde muito pequeno, e ambos viviam medindo forças.
As lutas se tornaram tradição entre eles.
Falar com Vitório sobre o que ele fez foi irritante, principalmente quando ele assumiu que fez aquilo porque não achava certo que Amélia participasse do concurso.
Entretanto, Ícaro sabia ler nas entrelinhas, e depois da discussão acirrada, entendeu que isso não era ideia dele. Só havia uma pessoa na qual Vitório se sentia na obrigação de agradar naquela empresa, esse alguém era o caçula da família.
O mais sombrio e mais calado dos Darius.
Alberto tinha incitado Vitório contra Amélia por uma única razão. Samanta.
Provavelmente ele tentou arrancar informações sobre a moça que meteu o pé na bunda de seu irmão arrogante, e Amélia que era dura na queda, o mandou a merda.
O sorriso se alargou, aquela menina podia colocar qualquer um em seu devido lugar, se fosse para proteger quem ela amava.
Já imaginava a expressão dela quando soubesse que essa porra tinha a assinatura de Alberto. Ela ficaria possessa de raiva.
Costurando entre os carros, pegou a saída para a avenida que levava ao condomínio. Uma ânsia para ver sua mulher, fez ele acelerar a moto que roncou feliz.
No fim, Vitório e ele se apoiaram para ficar de pé. Exaustos se jogaram no sofá da sala, seu irmão concordou em esquecer o assunto depois de quase levar um golpe no nariz.
Subiu as escadas três lances de cada vez. Não havia sinal dela no primeiro andar, os quartos estavam fechados, não havia sinais de invasão. Ícaro correu para o deque, de onde vinha o cheiro doce misturado com algo estranho, como metal.
Acionou a iluminação máxima do lugar.
Ícaro viu água vermelha borbulhando.
- AMÉLIAAAAAAAAAAAAAA!!!! – Seu rugido rasgou a noite.
Suas pernas não se moviam rápido o suficiente, tudo parecia em câmera lenta. Agarrou o corpo inerte rasgando o saco preto envolto em sua cabeça, o rosto dela estava azulado, o sangue minava de vários buracos de faca.
- Amélia, fica comigo! AGUENTAA! Eu estou aqui! – Ícaro pegou o celular, discando para a emergência. – VOCÊ TEM QUE AGUENTAR! NÃO PERMITO QUE VOCÊ ME DEIXE!!!!
O sangue dela impregnado em suas mãos, manchavam a tela de seu aparelho, como um lembrete sinistro de que isso era culpa dele.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Estagiária Gordinha do CEO