A Estagiária Gordinha do CEO romance Capítulo 83

Amélia

A primeira vez que esteve em Nova York, Amélia tinha apenas seis anos. Se lembrava de como ficou feliz ao saber que passariam o natal na casa do tio Erasmo.

O irmão mais velho de seu pai, residia nesse país a mais de uma década na época.

Mas todo o encanto de ver a neve e as luzes coloridas foi destruído completamente. Na noite da ceia mal pode tocar na comida, mais tarde foi pega atacando as sobremesas na geladeira, e Leonora acabou deixando-a trancada no quarto de hóspedes em que estava.

Ninguém sentiu sua falta nas comemorações e passeios. Foi um dos dias mais tristes de sua vida. Ficou horas olhando a neve cair através da janela.

Se lembrava de ver a família da casa da frente brincando na camada fofa e branca, as crianças riam atingindo seus pais com bolas de neve. Fantasiou que estava entre eles, imitando os movimentos das crianças até dormir no parapeito da janela.

Amélia se levantou, tinha tirado um cochilo. Essa viagem repentina fez com que ela sonhasse com aquele dia.

A cabine era pequena, mas muito bonita e confortável. Amélia abriu o armário procurando um pente para arrumar os cabelos bagunçados.

Encontrou um sobretudo enorme, com o cheiro de Ícaro. Tirou a peça do cabide e o abraçou, desfrutando daquele perfume exclusivamente dele. Foi nesse momento que viu uma caixa dentro do armário, a fita prateada cintilou contra a luz.

Pegou o objeto nas mãos, pensando para quem seria um presente tão leve.

- Já está acordada. – Ícaro chegou como um felino, novamente.

Ela se virou assustada, deixando a caixa cair no chão e cair.

- Vejo que encontrou seu presente, minha gata travessa.

Ícaro se abaixou, pegando a pequena caixa.

- Para mim?

- Sim. – ele a levou até a cama, fazendo ela se sentar. – Comprei quando estive no Texas, mas acabei esquecendo aqui.

- Você é a única pessoa que eu conheço que compra um presente e esquece de entregar. – ela zombou, arrumando o colarinho da camisa dele.

Ícaro colocou a caixa nas mãos dela, acariciando seu joelho.

Uma típica cena de casal.

- Não é uma joia caríssima. É só uma coisa que me lembrou você.

- O que quer dizer? Ele parece um relíquia

- De certa forma ele é. Foi feito por um artesão do povo navajo. Ele era só um aprendiz de joalheiro, quando o homem para quem trabalhava viu o talento do navajo, e ensinou a ele como usar sua criatividade para produzir joias únicas. Mas o rapaz se apaixonou pela filha do joalheiro, e fez um anel para ela que mostrasse o mundo como a preciosidade que ele enxergava. A moça aceitou a joia com a pedra do sol, e se entregou ao navajo. Mas seu pai foi contra a união, e matou o rapaz nos braços de sua filha. Ele morreu falando o quanto estava feliz por ter dado a ela o seu próprio mundo.

- Essa é a mesma joia que o índio navajo criou? – ela perguntou, tocando seu metal detalhado.

- Digamos que sim.

- É só uma história, certo...?

- Talvez, quem sabe? – ele sorriu, beijando a mão dela. – Só quero dar significado para o que temos.

- Então, é um anel...

- Sim.. é um anel de noivado, pequena.