Amélia
O restaurante que ele escolheu para jantar não era o que ela esperava. Imaginou que ele escolheria um clássico restaurante francês, mas não foi assim.
O táxi os deixou no Soho. Ele a levou para um edifício antigo, mas que tinha um ar vintage no térreo. A fachada anunciava um tradicional restaurante italiano.
A mesa escolhida fica perto da janela. Amelia podia ver o trânsito, a rua molhada e as pessoas conversavam sorrindo entre si. A toalha da mesa era xadrez vermelho e branco, e o arranjo eram flores do campo semelhantes a margaridas.
O cheiro das massas, queijo e molho despertou a fome. O estômago roncou barulhento.
Ela olhou para Ícaro, envergonhada.
O riso dele provocou surpresa.
- No Giovanni”s todos sucumbem ao cheiro.
- Veio aqui muitas vezes? – ela perguntou, pegando a taça de vinho que acabou de ser servida.
- Sim. Meu pai costumava nos trazer aqui.
- É a primeira vez que fala da sua família.
- Não tem muito para dizer. – Os olhos prateados a encararam diretamente. – Meu pai era um homem humilde, que trabalhou anos para uma construtora grande. Ele tinha talento para a arquitetura e foi chamado para trabalhar com os projetos. Como não tinha um diploma, ele não era reconhecido e os outros levavam o crédito e o mérito por seu trabalho.
- Não havia uma maneira dele conseguir uma posição melhor?
Conseguia imaginar como o pai dele deve ter lutado pelo que ele trabalhou, deve ter sido muito difícil.
- Quando eu tinha quatro anos, meu pai abriu uma pequena empresa de consultoria no ramo imobiliário. – Ícaro bebeu um gole do líquido escuro na sua taça. – Mas logo a notícia se espalhou, e ele fez uma sociedade com uma grande empresa de arquitetura e urbanismo. Com o passar do tempo, as capacidades do meu pai se tornaram ainda mais refinadas em diversas áreas da companhia. E ele acabou se tornando o CEO da primeira empresa da holding.
Ícaro sorriu, nostálgico. Ele admirava o pai com muita devoção.
- Um homem sem formação superior criou um império, que muitas vezes foi ameaçado por gananciosos. Mas meu pai era astuto e certeiro em suas convicções, ele era invencível. – Ícaro olhou para ela. – E o seu? Como era o seu pai?
- Foi sim. Mas o meu pai, era muito divertido e preocupado com seus filhos. Ele foi pai e mãe sem a menor dificuldade. Nós éramos uma família muito nada convencional, mas sempre fomos firmes juntos.
- Eu achava que você e os seus irmãos eram praticamente inimigos. – Amélia comentou, rindo.
- Acho que todo mundo tem essa impressão. Mas o que importa é que quando estamos com problemas, é a família que recorremos.
- Ter com quem contar dessa forma, deve ser muito bom.
- Você não tem irmãos?
- Não. Sou filha única.
- E sua mãe?
Amélia sentiu seu sangue gelar. De todas as perguntas, essa era a que ela mais desejava evitar. Como sair dessa situação? O que poderia dizer a ele que não entregasse tudo o que queria ocultar?

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