Vitório
O rastro da energia ruim de Alberto ficou em sua sala. Esse infeliz teve a audácia de usá-lo para prejudicar a nova garota de Ícaro. Ele não gostava da estagiária.
Ela era calada demais e fingia que não sabia o que estava fazendo. Mas a ele, ela não enganava. Vitório sabia o quão capaz aquela menina era. Revisou cada passo que ela deu e cada detalhe das alterações feitas nos projetos por indicação dela.
Amélia Bastos era sagaz e rebelde. Ela tinha um estilo único de criar e desenvolver as plantas. Um verdadeiro talento.
Não gostava dela pelo simples fato de saber disso. Nesse momento, precisava mostrar a Ícaro toda a sua evolução e prova de fidelidade, mas aquela mulher, ela ofuscava tudo.
Sem contar que ele temia que ela não passasse de uma interesseira. Ela era tão miserável que dirigia um fusca velho, se arrumava mal quando começou na Acrópole. Seu endereço era um bairro antigo que não tinha segurança alguma.
Vitório imaginava que ela queria alcançar a fama e o dinheiro de seu irmão. Ele não se importava que ela era uma submissa. Na verdade, isso era só mais uma prova de que ela só estava interessada no dinheiro.
Nenhuma mulher como ela, aceitaria se tornar uma submissa de Ícaro sem nem mesmo saber no que estava se metendo. Ele nem mesmo a levou até a Masmorra, não apresentou aquela mulher devidamente.
Vitório olhou para a tela de seu computador. O que podia fazer? Alberto esperava que ele fosse a pedra no sapato dessa moça. Ele não podia decepcioná-lo.
Escreveu um email bastante agressivo e enviou para ela.
Imaginava que aquela pobretona iria se queixar com Ícaro. Mas ele tinha o estatuto da empresa a seu favor, sem contar que Alberto certamente se posicionaria a favor dele.
Sorriu matreiro.
Alberto era um homem frio e sem coração. Usar o irmão mais velho para prejudicar a prima de sua ex-namorada, assim?
Vitório riu, penteando os cabelos pretos mesclados com o prateado luminoso. Eles achavam que suas vidas eram secretas, mas na verdade todos os passos eram de seu conhecimento.
Principalmente depois que começou a receber aquelas malditas ligações. Não podia correr o risco de deixar sua família à mercê daquilo, tinha que protegê-los, mesmo que eles o odiassem depois.
O telefone tocou sobre sua mesa.
- Sim? –atendeu firme.
- Sr. Darius, a senhora Lucila está subindo. – a secretária disse num tom cuidadoso. – E a senhorita Bastos está aqui para vê-lo.
- Mande a estagiária voltar mais tarde, estou ocupado.
“Eu não vou assinar. Estou aqui para dizer que não aceito o divórcio. Então volte para casa.”
Vitório lutou contra seu ímpeto. Desviando os olhos para suas mãos cerradas sobre a mesa. Não podia deixar que ela percebesse que ele entendia a linguagem de sinais.
Nem mesmo isso, foi capaz de fazer Lucila se afastar dele.
-Está cansada de saber que eu não estendo essa linguagem idiota de mudos. – disse sentindo a mesma sensação de sufocamento a cada vez que repetia essa frase. – Você nem mesmo consegue se comunicar comigo, pare de se agarrar a essas ilusões infantis e assine o divorcio.
Ele desviou os olhos para a tela, fingindo concentração no documento à sua frente. Se visse suas lágrimas, seria o fim de toda a sua força de vontade.
- Agora saia. Está tomando o meu tempo.
Sem olhar para ela, ouviu seus saltos batendo no chão, enquanto se afastava. Vitório ouviu a porta fechar. Se levantou de uma vez, e pegou a primeira garrafa que viu em seu aparador.
Virou a garrafa na boca, sentindo o líquido queimar suas entranhas, e amortecer suas emoções.
- Até quando esse inferno vai durar?!!!

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