Elena
— Uau, a Senhorita está muito linda! — Anita, a babá da minha filha murmura ao entrar no meu quarto. O seu olhar percorre ávido pelo vestido negro, que tem um decote caído na altura dos seios, as alças finas e o seu comprimento na altura dos joelhos. — Você parece nervosa.
— Eu estou nervosa! — retruco, soltando o ar pela boca. — Eu devia desistir dessa loucura e ir para bem longe dele.
— Mas é claro que não! — Imediatamente Anita se aproxima e segura nas minhas mãos. O seu olhar encontra o meu. — A Senhora Ricci sempre quis isso. O seu neto aqui nessa casa. E vocês dois juntos, criando a pequena Aurora.
Reviro os olhos.
— A Nora está morta. — Afasto-me dela. — E eu não entendo essa insistência de querer nos unir outra vez.
— Tem uma coisa sobre Nora Ricci que você não sabe, querida. — Apoio-me sob uma penteadeira. — Quando ela encasqueta com alguma coisa, ela não larga. E ela sabe que você e o Senhor Ricci…
— Não ouse terminar essa frase! — advirto-a com um rosnado irritado. — Eu não amo o Alex.
A garota arqueia as sobrancelhas.
— Ok, admito que o amei um dia — digo vencida. — Mas Alex conseguiu matar qualquer sentimento que existia dentro de mim na noite que me abandonou.
— Você acredita mesmo nisso?
— Qual é o seu problema, Anita? — retruco possessa.
— Nenhum. — Ela abre a boca para dizer algo, porém, não permito.
— Por que não vai ver como a Aurora está?
— Dormindo. — Lanço lhe um olhar possesso. Ela revira os olhos. — Ok, eu vou ver como ela está.
E assim que ela passa pela porta, solto o ar pela boca.
Meu nervosismo tem nome e sobrenome; família Bennett. Eu sei que ao me sentar a mesa com eles, uma enxurrada de perguntas será inevitável e não sei se estou disposta a responder… pior ainda, não sei se consigo engolir toda a verdade e afundar ainda mais em um mar de mentiras. Era para ser tão simples. Um casamento com testemunhas. Assinamos um contrato e nos separamos com um ano.
— Você disse sim para esse jogo, Elena. Agora precisa encarar os fatos — digo para mim mesma, afasto-me do móvel e me encaro no espelho. Observo a maquiagem bem-feita, os meus cabelos ondulados, que se parecem com uma cascata castanha caindo sobre os meus ombros e por fim, o vestido que escolhi para essa noite. — Vamos acabar de vez com isso.
Minutos depois, o som dos meus saltos altos dentro de um hall de um restaurante italiano faz um eco dentro dos meus ouvidos. O meu coração dispara quando me aproximo do maitre e aviso que a família Bennett me aguarda.
— É por aqui, Senhorita.
O homem alto e elegante caminha na minha frente e é impossível não perceber os detalhes do salão amplo e bem iluminado por seus lustres elegantes, sobre as mesas com suas toalhas de linho branco. De onde estou tenho o vislumbre da família envolvida em uma conversa animada. O meu ar foge dos meus pulmões e as minhas mãos automaticamente ficam geladas. Contudo, o olhar de Alex imediatamente encontra o meu e o sorriso que há no rosto quadrado se amplia. Ele fica de pé e sem eu esperar, segura na minha mão e cruza os seus dedos nos meus.
Em resposta, Alex puxa uma cadeira para mim e eu espero pela onda de questionamentos que virá em seguida.
— Porque eu quis… eu precisava focar no meu curso. Sem distrações. Precisava construir o meu futuro e fazer as minhas conquistas. — Ele volta a segurar na minha mão que está em cima da mesa. Contudo, ele me olha. — Na verdade, eu fui um grande idiota com ela.
— Ok, e como vocês se reencontraram? — Helena não esconde a sua curiosidade.
Penso em inventar uma mentira convincente, mas Alex age rápido.
— Na casa da minha avó, Nora. — Júlia mais uma vez é pega de surpresa.
É, pelo visto ele resolveu jogar limpo. E sim, estou surpresa com isso.
— Nora Ricci? Como você foi parar lá? — Ela quer saber.
Dou de ombros.
— Eu trabalhei assessora pessoal da Senhora Ricci e para isso, me mudei para a mansão.
Não é uma mentira.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Proposta do Sr. Bennett