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A Proposta do Sr. Bennett romance Capítulo 18

Elena

Desde que me tirou das ruas Nora teve o cuidado de pagar os meus estudos e me transformar em uma funcionária de sua confiança. Desde então, cuidei pessoalmente de sua agenda pessoal, dos eventos, a administração de alguns negócios e até uma parte da contabilidade. Tudo sob constante orientações suas. Além disso, cuidei de alguns a fazeres da casa. Ela nuca quis essa parte, mas eu fiz questão. Era uma maneira de agradecer tudo que fez por mim.

Contudo, Nora me via como uma filha e a Aurora como sua neta.

Se ela soubesse!

— Oh! — Júlia fica sem palavras.

— E trabalhei para ela cerca de seis anos, até o seu falecimento. Foi quando o Alex ressurgiu em minha vida.

— Uau! Isso até parece cena de novela, não acham? — Helena resmunga, segurando mais uma onda de animação.

— Enfim, como podem ver, não foi da noite para o dia que decidi me casar com a Elena. — Alex retoma a conversa. — Nós só atrasamos esse momento em… seis anos… — No entanto, ele se interrompe para ficar se joelhar bem na minha frente.

Não faça isso!

Não faça!

Meu cérebro grita, mas ele continua lá.

— O que você está fazendo? — resmungo baixo e sem graça. — Se levante! — ordeno sem fazer alarde. Entretanto, ele não para, e a sua mão se enfia dentro do bolso da sua calça para tirar de lá uma caixinha vermelha e aveludada. Alex a abre e revela um lindo, e delicado solitário cravejado com pequenos diamantes. — Alex, não! — O repreendo baixo. Meu coração quase saindo pela boca.

— Elena, o meu maior erro foi soltar a sua mão quando você mais precisou de mim.

O que?!

Droga, estou me tremendo toda!

— E o meu maior arrependimento foi acreditar que poderia construir um futuro sem você. Elena, me dê a chance de transformar a minha culpa em cuidado e a minha dor em amor eterno. Casa-se comigo?

O que ele pensa que está fazendo?! Meu cérebro grita enraivecido. Contudo, meu coração parece derreter-se com essa maldita encenação. Toda essa trama. Cada palavra mentirosa. Será que ele não ver que está me machucando ainda mais? De repente, me imagino levantando-me da minha cadeira e em lágrimas, caminho apressada para a saída do restaurante, sem lhes dar explicação alguma.

— Sim! — A minha voz como um sussurro esganiçado. Alex sorri, porém, permaneço séria.

— Ai que lindo! — Helena murmura emocionada quando seu irmão desliza o anel no meu dedo. Depois, encenar a minha felicidade, enquanto recebo os parabéns pareceu-me ser a parte mais fácil.

***

Horas mais tarde, na mesma noite…

Em silêncio, observo a família Bennett entrar no carro negro e luxuoso, e após eles ganharem o asfalto, encaro um Alex sorridente, de olhos brilhantes e satisfeito. Contudo, seu sorriso se desfaz pouco a pouco, ao perceber a minha cara de poucos amigos.

— Que porra foi essa? — rosno sem rodeios. Ele ergue as sobrancelhas em confusão.

— O que? — indaga perdido. — Foi um… pedido de casamento. — Ele diz o óbvio.

— De mentira, Alex! — Tento apelar pela sua sensatez. — A sua família não precisa ser envolvida nessa mentira! — Enfatizo as últimas palavras. Ele solta um grunhido estrangulado.

Lágrimas inundam os meus olhos.

… Porque eu quis. Eu precisava focar no meu curso. Sem distrações. Precisava construir o meu futuro e fazer as minhas conquistas.

Elas molham o meu rosto quando ocupo o banco traseiro do carro. Encaro o lado de fora.

… E o meu maior arrependimento foi acreditar que poderia construir um futuro sem você.

— Mentiroso! — sussurro com amargor.

Quase quarenta minutos depois, adentro o silêncio do meu quarto e arrasada por dentro, largo a minha bolsa e me deixo cair na minha cama. Encaro o teto e solto um suspiro alto.

… Elena, me dê a chance de transformar a minha culpa em cuidado. E a minha dor em amor eterno. Casa-se comigo?

Solto um grunhido amargurado e me viro na cama, fechando os meus olhos, como se pudesse apagar essa noite de dentro da minha cabeça.

— Seu idiota! — sussurro e me perco em pensamentos.

É angustiante pensar que ainda consigo sentir o toque morno da sua mão na minha, sentados na arquibancada do ginásio, longe de todos. Seus beijos e carícias inocentes. Os sussurros de promessas. O riso fácil. Éramos jovens demais, mas eu tinha certeza de um amor profundo.

Pelo jeito apenas eu tinha essa certeza.

— Já chega disso! — falo para mim mesma, secando as minhas lágrimas e com uma respiração alta, saio da cama, me livro das minhas roupas e tomo um banho demorado. Contudo, após pôr uma camisola fina e confortável, decido ir para o quarto de Aurora e me aconchego ao seu lado na sua cama.

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