João pegou o telefone discou o número do Andreas. Que atende depois de alguns toques.
— Finalmente atendeu.
—Eu estava trabalhando, lembra como é?
—Engraçado você, eu estou morrendo de tédio por aqui.
— Ué, e como vão às coisas com a vizinha?
— Não vão! Já faz três dias que ela voltou pra casa e só a vi uma vez. Não sei o que essa mulher tanto faz dentro de casa. Não consigo nem uma brecha para me aproximar.
— Já tentou bater na porta?
— Pra dizer o quê? Também não posso soar muito forçado. Ela vai pedir uma medida protetiva desse jeito. Pior que nem grama as casas tem, sei lá eu pensei que eu podia cortar a minha e me oferecer para cortar a dela.
Andrea soltou uma gargalhada no outro lado da linha.
— Por acaso você sabe cortar grama João Vicente?
— Não! Mas meu amigo, hoje em dia não existe nada que você não aprenda no YouTube.
— Eu ainda acho que seria muito trabalho.
— De qualquer forma, não faz diferença, não tem grama nenhuma pra cortar.
— Então porque você não sai, dá uma volta pra espairecer?
— É que eu tô evitando sair com esse carro, pressinto que ele vai me deixar na mão.
— João deixa de ser paranóico, ele foi todo revisado. Tá tudo ok com o carro.
— Mesmo assim, um carro de quase 20 anos, não vou dar sorte ao azar e usar sem necessidade.
Andreas suspirou, sem muita paciência para as suas neuroses. João olhou pela janela.
— Espera, parece que ela está saindo, vai levar o lixo pra fora. Finalmente, achei que ela estava fazendo uma montanha com ele dentro de casa. Eu vou lá, a gente se fala depois. — E desligou.
Saiu quase correndo pela porta para alcançá-la.
— Oi, tudo bem do Céu?
Ela pareceu meio surpresa com o seu surgimento repentino.
— Tudo bem.
— E então, está se recuperando bem? Não está precisando de ajuda para nada? Como você não saiu muito, achei que pudesse ter se sentindo mal, mas eu não tinha o seu número pra ligar ou mandar mensagem.
“Opa. Talvez tivesse exagerado um pouco, mas agora já foi”.Ela pareceu pensar sobre o que ele estava falando. E então deu um leve sorriso.
—Está tudo bem Joe, eu tava só assistindo TV. Sabe, maratonando algumas coisas. Eu não tinha muito tempo pra isso.
— Joe?— João ficou sem entender. Ela riu.
— JOE, da série “YOU”. — Falou como se fosse óbvio a analogia que ela fez dele com um perseguidor de carteirinha.
— Não sei, nunca assisti essa série.
— Nossa, em que mundo você vive?
— Não assisto muita coisa, mas tô querendo mudar isso, de repente você tem algumas coisas pra me indicar.
— Sim, tenho sim, pra todos os gostos.
Ele olhou o que ela carregava e resolveu prolongar o papo.
— Está fazendo faxina?
— Não, só me livrando de algumas coisas. Eu resolvi pintar a casa, e fazer umas mudanças, daí tô colocando fora o que não vou querer guardar.
—Legal, e você mesma vai fazer tudo?
— Sim. A loja vai me entregar às tintas no início da tarde. E já vou começar.
Essa definitivamente era uma oportunidade, pensou ele.
— Então, eu estou de bobeira, posso te ajudar.
— Que isso, não precisa!
— Não eu faço questão. E vou ficar até ofendido se você me negar essa oportunidade de um bom trabalho braçal, eu fico só na frente do computador. Preciso de alguma ação. — tentou parecer convincente.
Ele a colocou em uma posição que ficava realmente muito chato negar a ajuda. E ela só pode assentir.
— Tudo bem então. Eu te chamo quando o material chegar.
— Faz assim, ele aproveitou a oportunidade e entregou o celular. Salva seu número, que eu te passo o meu, daí você me manda mensagem quando for começar.
Ela teve que rir daquilo também. Era só chamar no muro dos fundos. Parecia realmente que ele estava tentando conseguir o número.
Ela pegou o celular da mão dele e digitou.
— Me chama pra eu salvar o seu. Vou te nomear como Joe mesmo. – E sorriu novamente.
Ele fingiu seriedade.
— Sabia que não tem graça e é muito chato quando a gente não entende a referência?
— Ué dá uma olhada no Google. — respondeu ela e entrou na casa novamente.
João entrou em seguida. Ela havia dito início da tarde, eram 10:00 horas da manhã. Isso dava um total de umas 3 horas para descobrir como que se pintava uma parede. Bendito YouTube. Mas antes ia botar no Google pra ver quem era esse tal de Joe. Quando fez a pesquisa soube na hora, que a sutileza talvez não estivesse sendo seu forte.
O caminhão de entrega chegou logo após à 1:30h. Em seguida João recebeu a mensagem que estava esperando e se dirigiu a casa ao lado. Bateu na porta, que foi aberta em seguida.
— Oi.
— Você é rápido, hein. — Ela o olhou por um momento e perguntou. — Mas você vai pintar com essa roupa?
Ele olhou para si mesmo.
— Sim. Por quê? Tem algum problema com ela?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A vizinha do CEO
Livro ótimo, quero mais capítulos cadê, já estou ansiosa, pra ver o desfecho desse casal....