Atílio se aproximou e ia lhe dar um beijo na boca, Lupe abaixou o rosto e ele beijou sua testa. Como estava com os braços feridos ele apenas pegou em sua mão, Ester foi falar com a filha depois da chuva de arroz, enquanto Leonel bebia tudo o que via pela frente. A família de Gabriel decidiu não ir a cerimônia, pareciam estar prevendo que o filho pudesse aprontar alguma por lá.
– Me fale agora mesmo, o que aconteceu? – Ester perguntou enfurecida e não aceitaria nenhuma resposta a não ser a verdade.
– Gabriel queria me levar embora daqui, Atílio atirou em Raio de sol e caímos na estrada de terra.
– Meu Deus um tiro, não devia ter se casado com ele!
– E o que eu deveria ter feito Ester? Aceitado ver minha noiva ir embora com outro? – Atílio escutou e tratou de se defender.
– Já chega de gritos, estou muito cansada...mamãe não se preocupe comigo.
– Como não vou me preocupar se agora tenho certeza de que esse homem é um completo louco e Gabriel?
Atílio engoliu seco com ciúmes da preocupação da sogra com seu rival.
– Está bem e foi embora, leve o papai para casa.
Ester chorou e abraçou forte a filha, até se esqueceu dos machucados que ela tinha.
– Não chore mais, por favor! – Guadalupe secou as lágrimas da mãe.
Enxuguei as lágrimas de minha mãe, nada que eu pudesse dizer a ela traria conformidade.
– Vamos para casa cuidar desses ferimentos. – Atílio pegou em sua mão.
– Sim.
Eles entraram, Amélia deu algumas ordens aos empregados para servirem as comidas e bebidas da festa pois alguns convidados ainda estavam ali.
Entrei em casa de mãos dadas com ela, estava calada e hostil.
– Vou pedir a Amélia que prepare um banho de ervas. – Atílio a ajudou a subir as escadas.
Fomos para o quarto, eu mesmo havia preparado tudo para nossa primeira vez. Exigi que todos os lençóis daquele dia fossem brancos, assim teria a certeza de que Guadalupe só havia sido minha. Ela passou a mão sobre a cama e se sentou, respirava fundo.
– Minhas roupas? – Ela perguntou com voz embargada.
– Estão no armário, junto com belos vestidos e presentes que encomendei na cidade para você.
– Pode chamar Amélia para me ajudar?
– Sou o seu marido e posso me encarregar de você!
Me sentei atrás dela e fui abrindo cada um dos botões de seu vestido de noiva, ela tentou se levantar, mas a abracei pela cintura fazendo-a se sentar de novo.
– Guadalupe - Não quero que se incomode. – Ela tremia e queria fugir.
– Não quer é que eu te toque e fique perto, preferia ele não é? – Atílio gritou revoltado.
– Com licença filho, Sebastião disse que mandou me chamar. – Amélia interrompeu aquele momento.
Graças a Deus que ela tenha chegado para me acalmar os ânimos, antes de cometer uma loucura movido pelo ciúme daquele maldito. Me levantei, Guadalupe segurava contra os seios o vestido que eu havia aberto.
– Prepare um banho de ervas e traga. – Atílio pediu olhando para ela.
– Eu já volto Lupe.
– Obrigada Amélia.
Esperei Amélia sair do quarto para continuar a conversa de onde paramos.
– Por que ia embora com ele?
– Eu não ia! – Guadalupe gritou.
– Como saberia que você viria só com Sebastião? Como saberia exatamente como fazer para sumirem minutos antes de subirmos ao altar?
– Não sei.
– Não sabe, mas eu sei. Achou que seria mais esperta do que eu, é apenas uma caipirinha pobre e graças a mim vai deixar de viver na lama para se deitar em lençóis de seda fina.
– Eu preferia dormir com os porcos do que com alguém arrogante e orgulhoso como você! – Ela gritou e deu dois passos para trás.
– Devia ter atirado nos dois.
– Ainda pode desfazer o erro comigo, ainda está com sua arma?
Guadalupe me desafiava e as coisas entre nós apenas pioravam a cada segundo. Amélia entrou e percebeu o clima ainda mais pesado do que havia deixado a minutos atrás.
– Venha Lupe, vou te ajudar a se lavar e tratar esses ralados. – Amélia se aproximou, mas Atílio a impediu.
– Deixe a panela com as ervas e saia por favor.
– Mas eu pensei que me deixaria cuidar disso....
– Saia Amélia! – Ele pediu rispidamente.
Guadalupe sabia que não adiantaria nada implorar e chorar, talvez fosse ainda pior adiar as coisas entre eles. Amélia saiu e fechou a porta, ficou alguns minutos encostada do lado de fora da porta pedindo a Deus que acalmasse os ânimos de Atílio.
Ele pegou a travessa com a infusão das ervas, havia apenas o chá. Foi até o banheiro e encheu a banheira com água morna, do quarto Guadalupe ouvia tudo o que estava acontecendo.
Ela se levantou da cama, Atílio chegou mais perto.
– Vou tirar seu vestido. – Ele disse olhando o para ela de maneira intensa.
Delicadamente a despiu pelos ombros, retirando devagar as mangas que estavam rasgadas para que não ferisse ainda mais. Naquela época todas as mulheres usavam uma peça chamada anágua, semelhante a uma saia rodada e longa por baixo dos vestidos.
Estava com os seios cobertos pelos cabelos longos e apenas aquela peça de roupa debaixo, Atílio a olhou em total encantamento e desejo. Respirou fundo para se concentrar no que tinha que fazer antes a pegou em seus braços e levou para a banheira.
Senti a água morna me aquecer o corpo, me sentei devagar na banheira.
Atílio pegou um sabonete líquido e espalhou nas mãos dela, sabia que se a tocasse perderia totalmente o juízo.
– Se...se lave e assim que acabar me chame. – Evitava olhar para ela.
Ele guiou a mão dela até o sabonete em barra, preferiu sair um instante.
Fui para fora daquele banheiro, estava excitado e o corpo dela exalava feromônios eu transpirava de desejo. Aquele fogo me queimava de dentro para fora, chegava a ser uma dor física e inexplicável.
Uns minutos mais tarde.
– Atílio! – Ela chamou.
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