Depois de dedilhar o piano, fomos para o quarto...
– O seu quarto tem sempre um cheiro diferente. – Diz Guadalupe.
– Você não gostou? É que antes de nos casarmos havia pedido a Amélia que sempre colocasse algum incenso e o de hoje é...
– Eucalipto! Gosto especialmente desse cheiro.
– Exatamente, você tem o olfato apurado, a audição impecável e acho que uma alma muito mais evoluída que as nossas. – Atílio cheirou os cabelos negros dela.
Ele me abraçou por trás cheirando meu pescoço.
– Minha mãe costuma dizer que as fraquezas nos tornam fortes de alguma maneira.
– Às vezes me pergunto por que você não pode ver? Eu daria tudo para que pudesse, te daria os meus olhos.
– Eu vejo de maneira diferente das outras pessoas, apenas isso!
Ele seguia mordiscando minha orelha, respirando fundo e me arrepiando cada centímetro de pele com seus carinhos.
– Me leva para dar um passeio amanhã?
– Farei melhor que isso, iremos até a casa de seus pais para fazer uma visita e matar a saudade.
– Minha mãe deve estar muito preocupada, por causa da forma como me casei.
– Não ficará mais!
– E Raio de Sol? O deixaram naquele lugar? – Guadalupe se entristeceu.
– Não, pedi a Sebastião e os outros que o enterrassem próximo a estrada e se quiser paramos lá amanhã.
– Sim...quero muito poder me despedir direito dele, fomos muito felizes juntos!
– E agora eu fiquei com essa missão, vou te levar para passear comigo por esses campos sempre.
Eu sorri e ele beijou meu sorriso, e então eu o abracei forte e adentrei seus cabelos com minhas mãos. Adoro sentir a pressão dos lábios dele contra os meus, sentir como seu coração acelera quando seu corpo encontra o meu e nos aquecemos.
– Quero cuidar de você para sempre, só me diga que vai permitir.
– Sim...sim!
Ouvi Atílio caminhar por trás de mim, soltando devagar cada um dos botões nas costas que prendiam meu vestido e devagar ele deslizou pelo meu corpo até chegar aos meus pés e ele deu a volta ao meu redor devagar.
– Não me canso de admirar sua beleza, é algo que eu posso ver, mas ainda assim não posso ser capaz de medir. Seus seios e curvas foram esculpidos com tal precisão pelas mãos do maior dos artistas.
Nos acariciamos sedentos um pelo outro, Atílio pegou minha mão e guiou até onde queria que ela estivesse, dentro de suas calças...estava quente, rígido e pulsante. Me usava para dar prazer a ele eu adorava ouvir como o agradava aquele carinho que o molhava cada vez mais.
Sentir o toque quente daquela mão pequena me acariciar, era um pedido desesperado para perder o juízo. A levantei e deitei lentamente naquela cama, abrindo delicadamente suas pernas enquanto minha mão direita alisava entre seus seios e ia descendo junto aos meus lábios e lhe dando um beijo íntimo, só me dei por satisfeito ao ouvir Guadalupe gemer e gritar de tesão por longos minutos. Deitei sobre ela trocando carinhos, beijos e só depois disso eu pude entrar, apenas gritos e pedidos por mais.
Tivemos horas de amor naquela noite, exaustos depois de nos amar na cama e no banheiro, nos deitamos ainda nus e abraçados na cama.
– Eu nunca pensei que isso pudesse ser tão bom, você já teve muitas mulheres antes de mim, não é?
Beijei sua mão.
– Sim, devo confessar que minha fama na cidade nunca foi nada boa, mas nenhuma das mulheres que eu tive me deixam ou me deixaram como você.
– Não sentia o mesmo?
– Apenas prazer, com você é algo mais forte e especial.
– O que acha que é? – Guadalupe perguntou com esperança de ouvir o que precisava.
– Sinto um carinho enorme, vontade de proteger e estar ao seu lado por toda a minha vida.
Suspirei, ela alisou meu peito e até brincou com alguns pelos que tenho. Fiz cafuné em sua cabeça até que ela dormisse, fiquei ainda olhando as estrelas pela janela.
– Eu te amo, amo e é mais forte que tudo o que já senti nessa vida!
No rancho Ester e Leonel estavam em seu quarto inquietos.
– De novo não vai dormir mulher? – Leonel resmungou.
– Como acha que posso descansar sabendo que minha filha está nas garras daquele homem?
– Ele é marido dela, tentamos alertar, mas ela escolheu seu destino e não podemos fazer nada sobre o que já está feito.
– E Gabriel que desapareceu desde o casamento, temo que tenha feito também alguma loucura contra si mesmo.
– Se isso tivesse acontecido Saulo já teria dado um jeito de nos contar. Deixe de pensar tanta bobagem e vem se deitar, amanhã os empregados de Atílio virão para continuar a fazer as cercas e estábulos para os novos animais e eu vou ajudar.
– Está bem, mas antes vou acender uma vela para virgem de Guadalupe. Só assim vou ficar mais calma.
Gabriel já havia voltado para casa, desde aquele dia trancado em seu quarto sofrendo e pensando no que deveria ter feito para impedir aquele casamento.
– Fui um fraco, devia ter arrancado a arma de sua mão e atirado nele. Todos são uns covardes, seu Leonel, dona Ester, o próprio padre...entregaram ela nas mãos daquele animal em troca de presentes e dinheiro. Se venderam! No fim de tudo é o dinheiro quem dita as regras desse maldito lugar.
Saulo bate na porta:
– Filho, precisa comer...sua mãe, irmã e eu te esperamos lá embaixo.
– Comam vocês, não quero sair daqui, pelo menos não agora! – Responde olhando pela janela.
– Abra essa porta e desça para comer ou coloco ela abaixo.
Gabriel se levantou da cama feito uma fera e abriu a porta.
– Não coloquei filho varão nesse mundo para andar sofrendo por uma mulher, que agora pertence de papel passado a outro! – Saulo gritava e Gabriel jamais havia visto o pai assim.
– Diz isso por que nunca amou ninguém.
– Esqueça Guadalupe para seu próprio bem e de todos nós, Atílio não é qualquer rival...ela agora é dele.
– Eu nunca vou aceitar que tenham todos se vendido para esse maldito.
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