A noite chegou, Luíza selou um cavalo e foi para a fazenda de Atílio e Lupe. Saulo não gostou nenhum um pouco daquele convite tão específico apenas para a moça.
– Se esse tal primo tivesse realmente boas intenções iria nos convidar também e fazer as coisas direito. – Resmungou Saulo.
– O convite foi feito por Guadalupe e Atílio e não pelo primo, além do mais são jovens e é apenas um jantar entre amigos. Já perdemos nosso filho, vamos deixar que Luíza busque a felicidade dela.
– Espero que esteja certa Margareth!
Chegando na fazenda ela desceu do cavalo e o guiou pelas rédeas.
– Boa noite Sebastião, pode guardar o Tonico para mim? – Luíza sorriu e entregou as rédeas do cavalo para ele.
– A senhorita veio sozinha?
– Sim e que mal há nisso, Sebastião?
– Nenhum e vou levar ele para o estábulo. – Sebastião saiu intrigado, não queria ver a mulher que amava sendo entregue daquela forma a outro.
Ela bateu na porta, Amélia a esperava sorridente.
– Entre filha, Guadalupe e Atílio já irão descer.
Guadalupe
Me arrumei para o jantar, aquela ocasião merecia e Amélia havia colocado uma flor em meus cabelos. Quem sabe seria o dia do noivado da minha melhor amiga? Atílio estava no quarto conversando com Leandro e já estava arrumado para aquele encontro.
Enquanto isso, Atílio e Leandro conversavam.
– Tem certeza de que essa tal Luíza é uma moça de valor, como a sua esposa? – Questionou Leandro, queria saber com que tipo de moça estava lidando.
– Sim e é uma moça bonita também, conheço o tipo de beleza que aprecia e sei que vai gostar dela.
– Me diga então primo, como conheceu Guadalupe?
– Não foi nada difícil, essa vila é pequena e todos se conhecem. Assim que cheguei aqui todos sabiam da minha vida...até que parado em frente a janela a vi passar a cavalo, cabelos negros ao vento. – Atílio fechou os olhos ao recordar.
– Mas eu não entendo...
– Como eu mudei tanto? Como decidi me casar com ela? Por que me apaixonei de verdade, ainda que quisesse me fazer de forte...quando o amor entra por uma porta o orgulho sai pela outra Leandro.
– Que Deus me livre dessa maldição de amor!
Atílio sorriu, Leandro pensava como ele a meses atrás, mas quando o sentimento surge não dá para lutar contra.
Atílio passou pelo quarto...
– Já está pronta Lupe? – Perguntou chegando mais perto da porta.
– Sim.
Ela abriu a porta, bela como sempre e seus olhos verdes ainda mais reluzentes.
– Com todo o respeito, está muito bonita. – Leandro fez questão de elogiar.
– Vamos descer! – Convidou Atílio.
Os três desceram as escadas, Luíza estava sentada no sofá, mas se levantou ao vê-los chegarem. Estava envergonhada, mas deixou escapar um singelo sorriso ao ver que o primo de Atílio era um jovem belo e distinto.
– Lupe? – Luíza sorriu e foi até ela.
– Senti sua falta. – Guadalupe respondeu.
Luíza abraçou a amiga, Leandro gostou do que viu.
Leandro
Não é tão linda como a amiga, mas com certeza é uma bela mulher e será um prazer cortejá-la.
– O jantar já está pronto. – Amélia convidou a todos.
– Este é Leandro, meu primo da capital. – Atílio fez as honras e apresentou Luiza a ele.
– Leandro Vargas ao seu dispor moça. – Ele tomou a mão dela e a beijou, olhando dentro de seus olhos.
– Muito prazer senhor.
– Sem formalismos Luíza, me chame de Leandro apenas!
– Sim Leandro. – Respondeu tímida.
Eles se sentaram a mesa, começaram a falar sobre a vida na capital e como era diferente estar ali naquele lugar afastado e pequeno.
– Teve notícias de Gab (Guadalupe se deu conta de que a pergunta irritaria o marido e a interrompeu). Leandro pretende morar aqui?
Atílio ficou irritado pela pergunta que ela pretendia ter feito.
– Sim, meu pai quer que eu me estabeleça e constitua família.
Leandro e Atílio sorriram.
– Pelo seu modo de dizer essa é uma vontade dele, não sua. – Luíza tratou de questionar os motivos dele.
– Na verdade, não sei se de fato esse é o meu desejo. Mas claro que se eu conseguisse um bom motivo para ficar, isso mudaria tudo!
Com aquela resposta Leandro conseguiu tirar um sorriso de esperança em Luíza e de Guadalupe que torcia para que eles se apaixonassem. Depois do jantar, Atílio tocou piano com Lupe ao seu lado...deixando Luíza e Leandro um pouco mais livres para conversar a sós.
– Você nasceu aqui mesmo Luíza?
– Sim, meus pais são daqui também. Meu irmão e eu recebemos o convite de uma tia para morar na capital, mas preferimos ficar por aqui e ajudar nossos pais com o rancho.
– Muito nobre da sua parte, e seu irmão, por que não veio também?
– Ele foi embora de casa, mas é uma história meio triste e prefiro não comentar agora.
– Eu gostei de você, perdoe-me, mas costumo ser bem direto com as palavras...sendo assim, quero saber mais sobre sua família. Claro, se você estiver disposta a me contar.
– Também gostei de você e acho que podemos ser amigos.
Leandro
Quanta inocência!
– Meu irmão era apaixonado por Lupe desde a infância e não suportou vê-la se casar com Atílio. Por isso, foi embora de casa e estamos sofrendo muito sem notícias dele. – Ela abaixou o olhar e era óbvio que aquele assunto lhe causava dor.
– Eu lamento por isso.
– Já é tarde e preciso ir para casa Leandro.
Atílio a viu se levantar, cessou a música e foi com Lupe até eles.
– Está cedo para ir embora, acho que precisam conversar um pouco mais. – Atílio disse já achando que aquele casal daria muito certo.
– E está tarde para voltar sozinha, vou pedir a Sebastião que te acompanhe até em casa. – Amélia já ia sair para pedir ao peão que fizesse esse favor.
– De jeito nenhum, eu faço questão de acompanhar a moça. – Leandro tinha pressa em ficar a sós com ela.
– Atílio vai junto, claro...para que você não se perca na volta. – Guadalupe propôs para zelar pela honra da melhor amiga.
– Sim, podemos ir então. – Luíza deu um abraço em Guadalupe.
– Eu volto longo princesa e não durma. – Atílio disse para a esposa em alto e bom tom.
Guadalupe sorriu envergonhada, os três saíram em direção ao estábulo.
– Vamos no meu carro. – Atílio abriu a porta.
– E o meu cavalo?
– Amanhã eu mesmo, levo ele para você Luíza. – Leandro assim tinha mais um pretexto para vê-la.
Luíza chegou a suspirar ao ver o quanto ele se empenhava para que os dois se vissem novamente, Leandro abriu a porta do carro para ela e ele foi na frente com Atílio. Alguns minutos depois...
– Chegamos. – Atílio parou o carro.
Leandro e ela saíram do carro e ele levou até a porta.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Além do horizonte