A jovem saiu a cavalo, levando a comida para o pai que passaria todo o dia vendendo por lá. Tudo estava normal o vento agitava seus cabelos como ela tanto amava sentir, até que ouviu o som de um cavalo se aproximar cada vez mais.
Senti meu coração acelerar, todos por essas bandas me conhecem e denunciam logo sua presença para não me assustar sabendo da minha deficiência, mas essa pessoa ficou em silêncio até chegar perto, perto demais...
– Será que pode me dar a honra de lhe falar um instante? – Diz Atílio surpreendendo-a no meio do caminho.
Guadalupe ficou tensa de medo daquela voz grossa e desconhecida, sabia que pelo som dos passos do cavalo ele a estava seguindo. Não respondeu, apenas bateu as rédeas do cavalo delicadamente para fazer ele ir mais rápido.
– Não te ensinaram que que deixar alguém falando sozinho é descortês? Já basta a recusa de seu pai ao meu convite, assim vou achar que isso é um atributo da sua família, estou certo? – Ele a olhava dos pés à cabeça, não se importava com o que a jovem poderia pensar, era da sua natureza agir assim.
Atílio atravessou-se com o cavalo no caminho da moça e fez com que Raio de sol parasse bruscamente com ela pela primeira vez no meio do caminho.
– Por favor...vamos, Raio de sol! – Ela clamava em sussurros.
Guadalupe tentava fazer o cavalo andar, mas Atílio sempre atravessava seu caminho e fazia o cavalo parar.
– Calma moreninha, por que está tentando fugir? Eu só quero conversar um instante, me chamo Atílio e me mudei a uns dias para cá. – Ele esticou a mão ao lado dela, mas a jovem sequer olhou por motivos óbvios.
– Me deixe sair moço, preciso levar isso para o meu pai na cidade.
– Guadalupe, está tudo bem? – Gabriel viu a movimentação suspeita dos dois e logo se acercou dando um olhar de fúria para seu rival.
Ele surgiu como uma providência divina montado em seu cavalo e segurou as rédeas do cavalo dela acalmando os dois.
– Gabriel? É você?
– Sim, sou eu...vou te levar para a cidade. E você, deixe-a em paz, não sei quem é e já não gosto de ti! – Diz ele preparando-se para leva-la para longe.
Aos poucos ela foi se acalmando.
– Eu não fiz nada demais, ela se assustou por nada. Parece que nunca viu gente! – Responde ele sorrindo para deixar o rapaz ainda mais irritado enquanto levava Guadalupe dali.
Atílio ficou sem entender aquela tamanha confusão por uma simples aproximação com aquela jovem, voltou para casa e ficou pensando com seus botões.
Tantos defensores, arredia, medrosa, pais ciumentos e eu adoro um bom desafio!
Perto dali...
– Sabe quem é esse tal Atílio? – Pergunta Guadalupe curiosa sobre aquele homem que a abordou.
– Dizem que é o novo dono das terras do comendador, não gosto do jeito dele contigo. O que ele queria com você?
– Eu não sei dizer Gabriel, não dei chance para quele falasse muita coisa.
– Vou pedir a dona Ester que não permita mais esses seus passeios, onde já se viu uma donzela vagar sozinha por ai? – Gabriel deixou transparecer o grande ciúme e medo de perder sua amiga para qualquer homem que pudesse atravessar seu caminho.
– Se fizer isso eu nunca mais falo com você! – Gritou Guadalupe.
–Eu quero te proteger Lupe (respiração ofegante) não quero esse tipo, ou qualquer outro olhando para você daquele jeito nunca mais.
– Mesmo que queira, você não pode me proteger do mundo!
– Eu só quero te proteger dele.
– Eu sei me defender sozinha. – Diz ela ainda irritada.
Os dois chegaram na cidade, algum tempo depois foram para casa, mas Gabriel não arredou de lá enquanto não deu seu recado aos pais dela e é claro contou da abordagem de seu rival com ela.
– Guadalupe já foi se deitar, estava cansada pobrezinha! – Diz Ester se sentando ao lado de Gabriel.
– Não quero que deixem aquele homem chegar perto dela de novo.... – Diz ele ainda furioso.
– Acha que ele queria mais do que apenas conversar? A um dia nos convidou para jantar em sua casa, mas Leonel recusou.
– E ele fez bem (levantou-se pensativo) aquele homem olhava para ela de um jeito, aposto que deve ser acostumado a desonrar as moças da cidade e acha que Guadalupe é uma dessas tolas.
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