Além do horizonte romance Capítulo 42

Leandro partiu no primeiro trem rumo a capital, por lá teria forças para superar todas as decisões equivocadas que tomou no passado e o fizeram perder a única mulher que amou nessa vida. Chegou na grande casa que a família tinha, as duas empregadas o receberam e ele logo se instalou. Dentro de seu quarto começou a escrever um telegrama para a família contando que havia chegado bem.

Gabriel e Jamile não se desgrudavam sequer um segundo, Paulo se sentiu usado por ela e não era para menos. Ele deixou de frequentar as aulas e ela foi conversar com ele na fazenda do pai.

– Sei que está magoado comigo e com razão, mas não se prive de aprender a ler e a escrever. Vá ao menos para as aulas com Luíza! – Jamile disse para Paulo, mas ele não estava disposto a ceder.

– A senhorita não deveria ter me dado esperanças e nem sequer aquele beijo, que eu nunca vou conseguir esquecer.

– Me perdoe de verdade me perdoe. – Jamile pediu.

Ele não disse nada, mas é um rapaz jovem e bonito. Um dia encontrará o amor nos braços de uma mulher que o mereça de verdade.

Guadalupe

Eu já caminhava devagar pela casa, conhecendo e estudando cada canto dela. Nenhuma das empregadas gostava de me servir e as vezes até me tratavam mal, eu só pedia algo, quando realmente não poderia fazer por mim mesma. Como me fazia falta estar na companhia de pessoas bondosas como Amélia, que fazia tudo para me ver bem.

– Célia? Nádia?

– Estou aqui! – Célia respondeu.

– Eu preciso que me faça um chá de camomila, por favor.

– Sim Guadalupe.

Guadalupe saiu, qualquer pedido por mais simples que fosse para elas era uma grande afronta. Ambas tinham uma origem humilde e eram moradoras daquela região.

– Essa cega estúpida já se sente dona da casa, Lucília mal foi devorada pelos vermes e ela já está aqui ocupando a cama do patrão.

– E o que você queria Célia? Estar no lugar dela, na cama dele? – Nádia ironizou, deixando-a ainda mais irritada.

– Claro que não, mas não é justo que essa mulherzinha tenha largado o marido para vir aqui nos dar ordens! – Célia respondeu.

– Você vai acabar levando um esporro do patrão, por causa dessa moça.

Célia levou aquela xícara de chá e colocou na mão de Guadalupe que estava com o bebê no colo, o líquido ainda estava muito quente.

– Seja mais cuidadosa Célia, eu poderia ter derramado nele!

– Desculpe, senhora!

O dia passou normalmente, Guadalupe colocou o bebê para dormir. Igor chegou junto com Adalberto e os dois foram direto para a sala de jantar.

– E Guadalupe, não vem comer? – Igor perguntou.

– Ela disse que vai se deitar mais cedo hoje, aproveitando que Benjamin também dormiu. – Célia diz servindo os dois.

– Mais tarde leve uma bandeja de frutas para ela e leite.

– Sim senhor! – Respondeu ela, engolindo a raiva que sentia.

– Perdoe minha intromissão patrão Igor, mas não acha arriscado...

– Não toque mais nesse assunto Adalberto, nada mais importa a não ser o futuro.

Os dois jantaram no mais absoluto silêncio.

Raul

Leandro vai dar um jeito em sua própria vida e quem sabe venha de lá casado, Celina já está passando da idade e quero ter netos ou toda a nossa família vai começar a falar dela. Nuca pensei que meus filhos ao vir para esse fim de mundo iriam me arrumar mais problemas do que soluções, de valeram tantos gastos em instrução se os dois, não tem capacidade de encontrar o próprio caminho na vida!

– Chegou a hora de casar nossa filha, Leandro saiu de casa e ela se sente sozinha. – Raul diz para Mabel terminando de fumar seu charuto.

– O único homem que já fez nossa menina Celina pensar em matrimônio é Atílio, mesmo que hoje em dia você já não mais de amores por ele depois da confusão que tiveram aqui.

– Meu sobrinho se perdeu de amores por aquela cega maldita, veja no que deu. Ela o abandonou por outro.

– Agora ele está livre, quem sabe...

– Minha filha não é prêmio de consolo. – Raul diz se levantando.

– Ela o ama e só isso importa Raul, além do mais você sabe que nossa filha se desvirtuou a muito tempo. Vive a dizer que ela precisa tomar jeito e se casar, pois que seja com o primo e logo!

– Esqueça essa possibilidade.

Naquela noite uma forte tempestade havia se formado, os raios iluminavam todo o céu. Guadalupe sonhou com Lucília, mas seu sonho não é como os nossos, apenas ouvia o som de sua voz cantando uma canção de ninar para um bebê.

– Perdoe-me Lucília, eu não queria roubar o seu lar e nem o seu filho. – Guadalupe diz e Lucília responde.

– Eu tenho que te dizer...

Nesse momento um forte trovão a despertou do sono, antes que pudesse ouvir.

Guadalupe

Senti um toque repentino em minha mão e a recolhi.