Além do horizonte romance Capítulo 43

Guadalupe

Benjamin acordou chorando muito, acredito que possa ser de cólica. Pedi que buscassem minha mãe para ajudar, minha inexperiência maternal naquele momento estava forte e eu chorava com ele.

– O que aconteceu? – Ester perguntou para Guadalupe.

– Ele não para de chorar e estou desesperada!

– Não fique filha, isso é natural. Me dê ele aqui e vá tomar um copo d’água e se tranquilizar.

Entreguei o bebê a ela e fui até a cozinha.

– Sabe o que Adalberto ouviu de um dos peões do senhor Raul? – Célia perguntou para Nádia.

– Anda conta a fofoca de uma vez.

– Que Atílio irá se casar com Celina, parece que ele superou bem rápido o abandono de Guadalupe.

Dei passos para trás antes que elas pudessem me ver, como doeu ouvir isso. Eu sabia que ele seguiria com sua vida bem rapidamente, por que precisa se sentir amado, mas logo com Celina?

– Com ela não, Deus. Por que dói tanto? Por que não posso ter os dois! – Voltei para o quarto, fechei a porta e Benjamin já estava ficando mais calmo com minha mãe.

– O que você tem filha? Ele já está melhor! – Minha mãe perguntou.

– Atílio, Atílio vai se casar com Celina.

Apalpei a cama, estava tão fraca de dor que senti as pernas falharem.

– Não posso acreditar que ele tenha desistido de lutar por você, assim tão rapidamente.

– Ele não me amava de verdade mãe, sei que pedi para seguir em frente e que refizesse a sua vida, mas não com ela! Aquela mulher vulgar e que sempre usou todas as armas para me afrontar enquanto estávamos juntos.

– Já chega, vai secar seu leite. Sinto muito, sinto tanto Lupe!

Passei a manhã chorando na cama enquanto minha mãe cuidava do meu filho, deixei sair o máximo de dor que fui capaz de converter em lágrimas.

Igor chegou e fomos almoçar, minha mãe não se sentia a vontade e eu a entendo.

– Igor, se não se importa acho que deveríamos batizar Benjamin o mais rápido possível. – Guadalupe diz a ele.

– Sim eu concordo, vamos aproveitar e ir até o cartório da cidade para registrá-lo.

– Vai mesmo colocar o nome da minha filha como mãe dele? – Ester pergunta.

– Sim dona Ester, Lupe é a mãe dele. Tem dedicado todo o seu amor e cuidados, quanto aos padrinhos?

– Vai me deixar escolher? – Guadalupe perguntou.

– Eu não tenho família aqui, então o que você decidir por mim está bem.

– Quero que Luíza e Gabriel sejam os padrinhos.

– Perfeito então Lupe, falarei com o padre para batizarmos ele domingo depois da missa.

– Ótimo e muito obrigada. – Eu disse e Igor beijou minha mão, a cada dia ele buscava ficar mais perto e estabelecer contatos físicos mesmo que sutis entre nós.

Acompanhei minha mãe até a porta, demos um forte abraço.

– Ainda pode mudar de ideia e impedir que Atílio faça essa loucura! – Ester disse segurando a mão da filha e queria poder levá-la para casa.

– Talvez seja o melhor, eu deixei tudo nas mãos de Deus e se ele decidiu que a felicidade de Atílio está ao lado de Celina, nem mesmo eu poderei impedir.

– Eu te amo filha, fique bem.

– Domingo vou pedir que os busquem para o batizado. – Guadalupe diz beija a mão da mãe.

– Iremos com prazer.

Ela me deu a bênção e Adalberto foi leva-la de volta para o rancho.

Atílio

O que ela sentirá ao saber que estou de compromisso com Celina? Quem sabe sinta alívio por se livrar de uma vez por todas de mim, já não sei o que sinto por ti Guadalupe, esse amor tão forte parece estar se modificando e a cada dia enchendo meu peito de ódio e remorso.

– Com licença filho, vim te trazer um chá. Ele vai ajudar com sua insônia.

– Minha insônia não tem remédio! – Atílio diz para Amélia, seu coração estava vazio.

Os dias passaram, Atílio passou a beber e conheceu uma mulher da vida chamada Bernarda. Acabou na cama com ela em uma dessas noites, ela estava encantada com ele.

– Quando poderei te ver novamente?

– Se for conveniente eu te procuro Bernarda, não ouse ir até a fazenda.

– Assim vou achar que não gostou dos meus serviços.

– Já paguei por eles, então não tente me seguir ou me importunar.

Bernarda

Maldito arrogante, pena que Atílio seja tão amargo assim. Acho que seria a solução para todos os meus problemas, se eu conseguisse ter um filho dele.

– Vamos amor? – Celina disse e para Atílio.

Celina me puxou pelo braço, mas eu precisava dizer muitas coisas antes de deixar aquele lugar.

– Papai. – Jamile exclamou e Amélia tentou impedí-lo.

– Filho não!

Não dei ouvidos a elas e fui encarar os dois de frente.

– Veio dar os parabéns pelo batismo do nosso filho? Benjamin hoje se tornará um cristão. – Igor disse para o rival sorrindo.

– Pouco me importa o que veio fazer aqui esse maldito bastardo. – Atílio olhou para o menino nos braços de Guadalupe.

– Atílio? Não admito que fale assim do meu filho! – Guadalupe o defendeu e Atílio revidou ainda mais inconformado.

– Ele não é seu filho!!

Gritei para que a cidade inteira ouvisse.

– Eu vou te partir em dois, miserável. – Igor se preparava para a briga, mas o padre impediu.

– Não aqui dentro da minha igreja, os dois se acalmem agora mesmo! – O padre se colocou no meio da confusão.

– Você não tem mais nada a ver com a minha vida, vá e se case de uma vez com Celina. Você não a escolheu? – Guadalupe perguntou chorando e Atílio respondeu.

– Sim e vamos nos casar em breve.

– Então não tem mais nada a tratar com Guadalupe, e felicidades aos noivos. – Igor saiu levando Guadalupe e seu filho.

Igor saiu com Guadalupe, Ester e Leonel, Gabriel e Luíza para dentro da sacristia. Lá eles tomariam um copo d’água para acalmar os ânimos antes do batismo.

Celina – Que homem arrogante.

– Maldito maldito! – Atílio estava fora de controle e Jamile tentou trazê-lo de volta para a razão.

– Pai ainda estamos na igreja.

– Vou agora mesmo falar com meu tio, Celina e eu nos casamos dentro de um mês.

Celina vibrou por dentro, por despeito ou ciúmes seja o que for, ela iria conseguir o que sempre sonhou na vida e ter Atílio como seu marido.

Celina

Essa briga foi perfeita para os meus planos, sequer precisei de Leandro para me ajudar a casar com Atílio. Amor de primo nunca morre, desta vez eu te terei para sempre e não me importa o que sentiu ou sente por essa cega!