Jamile
Esperei Gabriel chegar da fazenda dos meus sogros, ouvi a porta se abrir. Já tinha dado comida para Héctor e ele brincava sentado no chão.
– Quem é esse garotinho? – Gabriel perguntou para Jamile se abaixando, para olhar melhor aquela fofura de garoto.
– É nosso filho e se chama Héctor.
– O quê?
– Levaram ele na escola, disseram que a mãe dele é muito pobre e não tem condições de dar o que ele precisa. – Jamile diz a ele, mas Gabriel parece amedrontado com aquela responsabilidade.
– E acha que podemos cuidar deles?
– Não vai ser nada difícil, olha nos olhos dele Gabriel. Só precisa de carinho e do nosso amor para ser feliz, por favor não me peça para devolver ele. Agora eu entendo o que Guadalupe sente, como mulher o amor materno já vem dentro de nós e ele é mais forte do que tudo.
– Eu não iria pedir isso a você, sei que vai se sair bem como mãe! – Nos beijamos muito e aquele era o primeiro dia da nossa vida como pais.
Dia seguinte
Atílio
Estávamos cuidando das cercas, desde o parto de Guadalupe o gado estava contido em apenas uma parte e aquelas malditas tábuas ainda estavam no chão. Olhar aquilo era voltar no tempo, se eu tivesse ficado o tempo todo ao lado dela nem teria deixado que Igor chegasse perto.
Vi Gabriel chegando a cavalo com Jamile e os dois pareciam felizes. Desci do meu cavalo e ajudei minha filha a descer, mas surpreendentemente eles estavam em companhia de um pequeno garotinho.
– Papai, conheça seu neto. – Jamile mostrou o garoto para o pai e estava muito feliz.
– Não me diga que Gabriel fez como eu e...
– Nada disso Atílio, Héctor é um pequeno abandonado e o adotamos. – Gabriel respondeu.
Jamile estava tão feliz que vê-la assim me fez esquecer toda a dor por um momento.
– Então que ele seja bem-vindo a família! – Atílio o pegou no colo e ia leva-lo para mostrar o gado.
– Aproveitando que estamos aqui Jamile, quero pedir perdão por tudo o que fiz no passado.
– Eu também fiz muitas coisas das quais eu não tenho orgulho, tudo está esquecido desde que siga fazendo minha filha e agora meu neto, felizes! – Atílio responde, mostrando para o genro que os rancores já não existiam.
– Eu farei Atílio.
– Se quiser voltar a trabalhar comigo na fazenda será bem-vindo.
– Eu agradeço, meu pai tem pouco gado e pouca renda. Mas o que tem compartilha comigo.
– Pode trabalhar parte do dia lá e outra aqui Gabriel! – Atílio o convida.
Jamile
Quase tudo ia bem na minha vida agora, ganhei um filho e um marido que sempre sonhei, mas faltava ver o meu pai feliz. Voltamos para casa depois de Héctor correr bastante pelo pasto...
Nos dias que seguiram eu sempre levava meu filho para a escola comigo, Amélia certo dia foi nos ver e adorou conhece-lo, Luíza arrumava o enxoval e até ganhava muitas coisas dos pais dos nossos alunos, claro prendas simples como bordados e brinquedos artesanais de madeira.
– Bom dia! – Guadalupe disse sorrindo.
Fiquei surpresa e tão feliz em ver Guadalupe, ela estava bela e com o bebê nos braços e Igor encostado no carro.
– Que surpresa te receber aqui. – Jamile foi até ela.
– Vim saber como anda a escola e vocês também.
Luíza pegou o bebê de Guadalupe um momento e eu peguei Héctor pela mão e os apresentei.
– Esse é meu filho. – Jamile disse levando o garotinho mais para perto.
Tive que explicar tudo para ela, mas ficou muito feliz por que agora nós três compartilhávamos o amor e a experiência de sermos mães. Tive que tocar no assunto...
– Lupe, vai mesmo permitir que meu pai se case com Celina?
– Não posso intervir no destino dele Jamile, seu pai é um homem feito. Não quero falar sobre coisas tristes, Luíza e sua gravidez... – Guadalupe responde, mas logo muda de assunto.
– Vai muito bem e a barriguinha já é notável. – Luíza respondeu e pegou a mão de Guadalupe e as duas sorriram.
– Bom dia moças, temos que ir Lupe. – Igor segurou na mão da esposa interrompendo a conversa das três jovens.
– Nos falamos depois.
Guadalupe
Fomos até a cidade, Igor me levou a uma joalheria para escolher as alianças. Retirou minha aliança do dedo...
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