RAVEN
Apesar de sentir que ia desmaiar a qualquer instante, quando ouvi o choro do meu filhote, foi como se as forças voltassem ao meu corpo.
Desejava tanto tê-lo nos meus braços, meu pequeno mundo, meu e só meu, como nunca tive nada na vida.
Anastasia me limpou um pouco e me deu para beber do sangue poderoso da Sacerdotisa, que desceu pela minha garganta dolorida de tanto gritar, renovando cada célula do meu corpo.
Foi isso que conseguiu manter à distância aquele maldit0 lobo, que a todo momento ameaçava sugar a energia do meu bebê.
Foram meses de batalhas contínuas dentro de mim mesma, mas valeu a pena. Cada segundo de dor e sofrimento, só por trazê-lo ao mundo com vida.
Me apoiei nos braços fortes de Anastasia, porque não conseguia dar nem um passo, para deitar na velha maca.
— Que...ro car...gá-lo — pedi à Sacerdotisa, que limpava um pouco o meu filhote e o enrolava na manta macia de pele branca.
— Aqui está, esse pequeno comportado quase nem chorou. Para de franzir a testa, está parecendo um velhinho — Dalila falava com carinho no olhar e me entregou a mantinha, ajudando a me erguer um pouco.
Então, com as mãos trêmulas, finalmente o segurei contra meu peito.
As lágrimas que não derramei para parir, agora escorriam dos meus olhos.
— Meu pequeno Aidan, meu amado filho — decidi ali mesmo o nome dele.
Acariciei com os dedos, quase com medo de machucá-lo, suas bochechas tão brancas e gordinhas, assim como o cabelo loiro platinado.
Ele abria seus lindos olhinhos azuis, sonolentos, percebendo o mundo pela primeira vez.
Tão inocente e pequenino, tão frágil.
Mas eu o protegeria desse mundo cruel, faria isso com a minha vida, porque meu filhote era tudo pra mim, a família que sempre desejei ter e nunca consegui.
— Aidan, “pequeno fogo”, que nome mais incomum para um herdeiro do Clã do Inverno — Dalila se sentou ao meu lado e me olhou com um olhar carregado de significados, enquanto Anastasia saía para se livrar dos restos ensanguentados.
— Você é cheia de surpresas, Raven Centúria. Nunca na vida vi algo assim: uma mulher de fogo dando à luz a um homem do inverno. Isso só pode significar uma coisa.
— O pai dele é um descendente do Clã do Inverno e vocês conceberam esse filhote com o mais puro e verdadeiro amor. Só isso pode criar esse milagre — ela diz suspirando.
— Esse amor já não existe mais e eu não vou viver no passado. Meu filho é só meu e eu vou cuidar de dar o melhor pra ele — respondo em sussurros, sem parar de olhar para ele, que me cheira, provavelmente buscando o leite nos meus seios, que estão inchados e doloridos.
— O melhor? Sinto te dizer que, assim como nós, seu pequeno Aidan está condenado a ser um marginalizado. Sem precisar de teste nenhum, eu consigo sentir, esse menino esconde tesouros mágicos dentro dele.
— E tem gente que diria que você devia sair correndo com ele agora mesmo, porque um homem do inverno no meio de um Clã de Centúrias é uma tentação grande demais — diz ela rindo com sarcasmo.

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