NARRADORA
— Não, não, não! Eu não vou embora sem você! Você mentiu de novo pra mim, disse que não nos separaríamos nunca mais!
Raven começou a gritar como uma louca, socando o peito dele sem força, enquanto lágrimas de desespero escorriam dos seus olhos.
Por que de novo? Por que o mundo sempre estava contra eles, contra o amor deles?
— Eu não vou te deixar! NÃO VOU TE DEIXAR!
— RAVEN!! — Cedrick a segurou pelos ombros, sacudindo-a um pouco, e gritou com uma força que nunca havia usado antes.
Fez com que ela o olhasse, tirando-a daquele momento de histeria.
— Nosso filho está te esperando em casa. Nosso filhote vai ficar sozinho se nós dois morrermos, não podemos deixá-lo sozinho, meu amor, não podemos!...
— Cedrick…
Cedrick a abraçou de repente com força contra o peito, como um louco também tomado pela dor e pela raiva.
Seus olhos vermelhos, enquanto suas mãos se agarravam à mulher da sua vida com desespero.
Ele sabia… se eles se separassem agora, talvez nunca mais se encontrassem nesta vida.
Por que tudo tinha que terminar assim pra eles? Por que, se eram bons, se não faziam mal a ninguém? Só queriam viver em paz com seu filhote… seus sonhos eram criar um mundo melhor pra todos.
Cedrick sentia Raven chorar sem consolo contra seu peito, e atrás de si, os inimigos já se aproximavam da posição deles.
Na frente, um abismo sem fim, coberto por uma névoa branca que nem deixava ver o que havia lá embaixo ou quão profundo era aquele poço escuro.
Seus olhos tristes, vermelhos como os do seu lobo, se ergueram para o céu tempestuoso, coberto por nuvens escuras que escondiam a imensa lua cheia.
“Deusa, se nos criou pra estarmos unidos, fogo e gelo, se resistimos a tantos obstáculos pra viver esse amor… eu imploro que não nos deixe morrer. Mãe, nos ajude… nem que seja pela última vez.”
Cedrick elevou suas preces aos céus, à Deusa criadora de todas as criaturas da noite, sua última esperança. Mas… nada aconteceu.
Desiludido com o mundo, com suas crenças e com tudo, ia recitar o encantamento para mandar Raven de volta pra casa com seu filhote.
Ao menos teria a satisfação de que os dois estariam vivos. No entanto, algo incrível aconteceu diante de seus olhos.
Como se fossem forçadas a se abrir, as nuvens deixaram de cobrir o brilho da imensa lua prateada, que apareceu bem à frente de Cedrick, iluminando seus olhos.
Seus cabelos platinados esvoaçavam com o vento que se ergueu da velha floresta até o céu.
Dois amantes abraçados sob o brilho da noite, dispostos a se amar até o fim dos tempos.
Um feixe de luz, como magia, iluminou com força a base do precipício em trevas, atravessando o manto espesso de neblina e então, Cedrick viu: um rio bravo e profundo corria lá no fundo.

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