ALFA RAVEN de Escrava a Rainha romance Capítulo 197

NARRADORA

Vincent finalmente respirou aliviado ao ver que todas aquelas loucuras premonitórias não eram nenhuma brincadeira de mau gosto.

Por momentos, até achou que era algum feitiço daquela bruxa tentando enganá-lo, mas decidiu apostar tudo naquele movimento arriscado.

— Eu sonhei com isso. Sei que parece loucura demais, entendo que você não confie em mim e talvez nem acredite… mas passei noites e noites sonhando com tudo o que aconteceu — Vincent confessou sem desviar nem por um segundo o olhar de Cedrick, sempre de frente, porque não estava mentindo.

Os dois ficaram em silêncio, e apenas o eco da água subterrânea ressoava no ambiente.

— Eu acredito em você. Eu também tive uma revelação naquele penhasco… acho que a Deusa só está nos dando uma chance de sobreviver a tanta maldade — Cedrick respondeu finalmente, e Vincent assentiu, porque sentia o mesmo em seu coração.

Depois, continuou…

— Eu te vi nos meus sonhos congelando aquelas flores horríveis, depois parado naquele penhasco com a Raven, e por fim… vocês dois caíam no vazio. Eu gritava desesperado, achando que tinham morrido… procurei por todo lado… — ele contava seus tormentos noturnos, aqueles que não o deixavam dormir em paz.

— No fim, cheguei aos limites da névoa, descendo por um caminho meio escondido entre duas pedras gigantes.

— Achei que morreria, como todos que cruzavam esse feitiço supostamente maldit0, nessa névoa tóxica. Mas dei um passo à frente e entrei… o que poderia me acontecer, se era só um sonho? — ele mesmo questionou, fazendo uma careta sarcástica.

— Sobrevivi… caminhei pela beira de um rio violento. Encontrei a entrada de uma caverna, percorri suas profundezas… e nesse sonho, eu podia sentir sua presença, o cheiro de vocês dois… e segui. Mas sempre acordava ao chegar aqui… — olhou ao redor para aquela caverna imensa.

— Foram tantas vezes o mesmo sonho que acabei decorando o caminho pela rede de túneis subterrâneos. Eu não tinha certeza se conseguiria te encontrar de verdade, mas o cheiro do acasalamento se espalha por vários túneis e cavernas próximas.

Vincent se calou sabiamente e não disse que também ouviu os gemidos finais quando já estava chegando ali… e ficou uns bons trinta minutos, esperando do lado de fora.

— Ainda bem que dessa vez você foi sensato e não veio me interromper — Cedrick bufou, lembrando do passado.

— E eu fico feliz que finalmente você tenha podido estar com a mulher da sua vida… e marcá-la. Até aqui chega o aviso agressivo das suas feromônias. Cedrick… eu… sinto muito…

Disse com toda a seriedade, a desculpa que estava engasgada em seu peito há anos.

— Eu a afastei de você. E mesmo sem mentir pra ela, eu não era quem devia tomar essa decisão no seu lugar — Vincent beliscou o topo do nariz, cansado.

— Me arrependi assim que você me exilou, mas não tive coragem de voltar. Essa é a verdade. Fui covarde pela primeira vez na minha vida… e também estava envergonhado demais de mim mesmo.

Voltou a fixar seus olhos negros nos olhos azuis afiados de Cedrick, que avaliava se devia acreditar ou não.