NARRADORA
— Filho, vai com o vovô ali na frente, a mamãe já volta.
A mulher disse ao menino, ajudando-o a se levantar e limpando as lágrimas com as mãos sujas, forçando um sorriso falso para acalmá-lo — um sorriso que, na verdade, partia o coração.
Por manter seu filhote vivo, ela faria qualquer coisa.
Por um pedaço de pão duro e um pouco de água para sobreviver, deitaria com aquele nojento desprezível.
— Não, não quero, não mamãe, aquela mulher foi embora e nunca voltou! — o filhote começou a gritar, tentando se agarrar a ela de novo, lembrando da mulher que ficava ao seu lado e que, no dia anterior, outro guarda tinha levado quase arrastada. Nunca mais apareceu.
— Vai, vai, eu vou ficar bem, vai… — ela o empurrava desesperada para os braços do ancião mais próximo, com medo de que o espancassem.
— Cala a boca, pirralho! — a paciência do brutamontes de pelo castanho-avermelhado estava se esgotando e ele já levantava a mão para dar uma boa surra naquele fedelho.
Tanto drama só pra foder.
— Não, não, eu vou com você, vou com você, não machuca ele, eu não resisto, eu não resisto! — a mulher se atirou aos pés dele, até onde a corrente permitia, agarrando-se às duas pernas do homem para impedi-lo de bater no filho.
— É bom que faça direito e com vontade, ou eu volto e desconto no teu filho.
Ele a ameaçou, empurrando-a e abrindo a velha fechadura com uma chave, amarrando suas mãos com uma corda e levando-a para fora da prisão improvisada.
Ela olhava para trás, tentando dar uma última olhada em seu filhote.
O ancião tampava a boca do menino para que ele não continuasse gritando e chorando descontroladamente, chamando pela mãe.
Vincent observou toda essa cena pelos olhos de Artemis e então voltou a adentrar na floresta, seguindo o rastro de onde aquele desgraçado levava a mulher para abusá-la.
E de fato, os encontrou em uma clareira próxima da cabana, protegida dos olhos do outro guarda, então Vincent viu ali uma oportunidade de atacá-los separadamente.
Artemis colou a barriga peluda ao chão e começou a rastejar, emboscando e esperando o melhor momento.

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