ANASTASIA
Caminho pela margem do riacho e olho para a pequena cachoeira.
Lembranças vívidas de tudo que aconteceu aqui invadem minha mente.
Me pergunto por que sou tão masoquista a ponto de cravar a ponta da adaga em meu próprio coração.
Me levanto, pronta para voltar e ver se consigo dormir um pouco antes do amanhecer, mas uma presença me faz ficar tensa.
Começo a andar apressada, quase fugindo.
O que ele está fazendo aqui nas terras do castelo?
Como não o detectei antes?
Penso seriamente em me transformar na minha loba e fugir, quando braços fortes me prendem por trás e um corpo masculino enorme se cola ao meu, tão apertado que quase me tira o ar.
— Ana, por favor, não foge mais de mim…
Um pedido sussurrado com aquela voz rouca e sexy que conheço muito bem.
— Hakon, me solta. Você sabe que não é bem-vindo aqui. Você não é aliado do reino, você...
— Não sou seu inimigo, Anastasia. Nunca fui. Nunca me interessei em me aliar ao Rei, mas por você... se você me aceitar, eu…
— Está tentando me chantagear?
Quero me virar para encará-lo, estou irritada, mas ele só me abraça mais forte e…
— Ssshh — ele sussurra, mordendo a curva do meu pescoço e logo passando a língua eroticamente pela ferida, descendo pela clavícula.
— Por que você nem me deixa falar? Sempre pensa o pior de mim. Sou tão desprezível assim aos seus olhos?
Sussurra contra minha pele.
Sinto ele cheirando meu cabelo e minha nuca, com uma necessidade crua, sem filtro — ele nunca disfarça o desejo que sente por mim.
Meu corpo traidor se arrepia, apesar da minha resistência, e meu coração dispara.
— Senti sua falta, loba. Nunca pensei que poderia desejar tanto alguém assim. Te vi hoje na procissão… você estava linda. A mais linda de todas. Senti tanto ciúme dos machos te olhando… queria desafiá-los, dizer que você é minha. Minha fêmea. Minha companheira…
As mãos dele acariciam minha cintura, e seu hálito quente acaricia meu ouvido e pescoço.
Eu apenas resisto à tentação de me entregar a todos esses sentimentos intensos.
— Pena que eu não possa dizer o mesmo. Porque você é meu… e de mais umas três fêmeas, não é?
— Ana…
— Hakon, não quero falar disso de novo. Por favor… vai embora. Não vou mudar de ideia.
Tento me afastar, e então ele me solta, mas só para me segurar pelos braços e me virar de frente, agarrando minha cintura.
Levanto a cabeça e encaro aqueles olhos cinzentos, prateados como a lua, que me olham com o cenho franzido, cheios de tormentos.
— Preciso de um herdeiro, um Alfa, Anastasia. Tenho meus motivos, e são fortes. Eu…
Ele me aperta mais contra seu corpo poderoso.
Sinto que ele quer desesperadamente me contar algo, mas há contradição em seus olhos.
— Não confia em mim? — pergunto, ferida.
— Confio, sim. Confiaria minha vida a você. Mas eu… não consigo, Ana. Não consigo. Tenho medo das consequências.
Pela primeira vez, ouço a palavra “medo” saindo dos lábios dele.

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