HAKON
Estou como um animal enjaulado, andando em círculos na praça central do palácio.
Tudo está em silêncio, a lua no céu ilumina de longe as Centúrias que patrulham por cima das muralhas.
De repente, passos apressados ecoam pelo corredor e o doce aroma da minha companheira me atinge.
Viro-me para vê-la se aproximar e se jogar sobre mim.
— Ana...
A abraço, segurando-a pela cintura enquanto ela envolve as pernas em mim e minhas mãos apertam com força suas bundas para sustentá-la.
Ela abaixa a cabeça e me dá um beijo apaixonado, cheio de amor e compreensão.
Eu sei, ela já descobriu meus motivos, o porquê de eu tê-la torturado por tanto tempo e colocado nossa união em risco.
Nos beijamos como loucos, nos devorando, com intensidade, querendo dizer tantas coisas um ao outro.
— Nós vamos conseguir. Vamos ter nossas filhotas sem medo — sussurra contra meus lábios, e eu juro que, pela primeira vez na vida, um nó aperta minha garganta.
Lágrimas caem sobre meu rosto e eu olho pra cima, direto para aqueles olhos verdes que me enlouquecem e são o meu mundo inteiro.
— Nós vamos conseguir, quero várias pequenas Centúrias correndo atrás de mim me chamando de papai — respondo, e não consigo evitar sorrir ao imaginar essa cena.
Ana também sorri, mas logo um traço de tristeza passa pelo seu olhar.
Ela leva a mão trêmula ao colar que sempre usa no pescoço e o abre para me mostrar.
Um fio de cabelo repousa encapsulado ali.
— Era da minha filhota, Alana. Ela... ela não está mais... eu a perdi, Hakon. Eu não consegui protegê-la...
Ela me abraça com mais força e enterra o rosto no meu pescoço, desmoronando.
Ela soluça e toda a dor dilacerante escondida no seu coração me atinge em cheio, sem filtros.
Se eu me sinto destruído, imagina como ela se sentiu durante todos esses anos.
Eu a abraço apertado, quase fundindo-a com meu peito, angustiado, querendo protegê-la até dos próprios fantasmas.
A embalo como uma criança e só posso deixá-la chorar, enquanto a luz da Deusa nos ilumina.
— Já passou, meu amor, já passou, minha Ana... eu vou protegê-las, vou protegê-las com minha vida, minha fêmea, ninguém vai machucar nossas filhotes, nem você. Darei minha alma, se for preciso, pra mantê-las a salvo.
Acaricio seus cabelos de fogo e beijo sua testa, suas bochechas, sussurrando palavras de carinho e promessas que pretendo cumprir até a morte.
Só que eu nunca imaginei o quão perto estava de falhar com todas as minhas promessas… e de colocar em risco o que era mais importante pra ela, pra nós dois.

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