ALFA RAVEN de Escrava a Rainha romance Capítulo 284

NARRADORA

Olhos negros agonizantes olhavam para o céu escuro, o sangue manchava o rosto deformado cheio de cicatrizes, músculos visíveis sob uma pele queimada em carne viva.

"Se ao menos eu não tivesse feito isso."

Se arrependeu amargamente enquanto sua consciência a abandonava, libertando-a da dor.

As Centúrias cercaram os pedaços do cadáver esquartejado de Inna.

Uma delas se aproximou da cabeça arrancada, jogada de lado como um resto humano, e lançou uma bola de fogo para incinerá-la.

Nada parecia suficiente para aplacar sua fúria, mas morderam, arranharam, queimaram e despedaçaram repetidamente, pedaço por pedaço, durante horas.

Um uivo lupino ecoou no meio da floresta, seguido pelo som de patas correndo pela grama.

Os enormes machos do gelo que acompanhavam as Centúrias voltaram para o lado delas, seguidos pelos guerreiros do pântano.

Todos estavam voltando para casa, com menos peso no coração.

*****

Vincent não sabia como entregar as frutas para Raven sem ser mal interpretado.

Sentia que seu QI caía toda vez que algo envolvia a Rainha ou, mais precisamente, a filhote da Rainha.

Cedrick conversava com o Druida sobre os assuntos dos Homens do Inverno, esperando o retorno de Hakon para poder partir para o castelo.

Subiu até a cabana no meio da escuridão, com alguma dificuldade, porque sua perna ainda doía muito, e pensou em como deixar a bolsa de frutas para Raven.

Detestava mentir e, por seu rosto sério, todos sempre acreditavam no que dizia, mas ser enganoso não era de sua natureza.

— Dane-se, que seja o que tiver que ser — murmurou irritado consigo mesmo.

Entrou pela porta, sentindo a presença da Rainha dormindo no quarto.

Ia apenas deixar a bolsa de frutas sobre a mesa e sair, mas, como sempre, aquela sensação de anseio o invadiu.

Era como um fio invisível que o puxava em direção à pessoa que crescia dentro do ventre de Raven.

Vincent se viu andando até o quarto, iluminado suavemente pela luz da lua.

Parou feito um fantasma ao lado da cama de Raven, olhando para sua barriga coberta pelo camisão branco.

Não estava mais plana como antes, mas sim formando uma linda curva.

Baixou a mão, querendo sentir a magia Centúria vibrando dentro dela. Sabia que ela o chamava, mas a poucos centímetros, hesitou.

Aquilo não estava certo, Cedrick o mataria.

Já andava desconfiado, fazendo perguntas capciosas, mas andava ocupado demais para prestar mais atenção.

Confessaria?

Diria que sentia que a filha da Rainha era sua companheira destinada?

"Eamon vai nos espancar até mudar de cor", comentou Artemis bufando, mas sem deixar de desejar tocar aquela linda chama.

"É melhor irmos, isso é loucura e nem temos certeza ainda", Vincent respondeu, querendo se afastar, mas então, uma mão feminina agarrou seu braço com força.

Ele olhou, surpreso, para o rosto de Raven entre luz e sombras, e congelou ao ver os olhos azuis brilhantes.

Aqueles não eram os olhos da Rainha, e o coração do enorme lobo de cabelos negros pulou uma batida, disparando.

— Se você se colocar em perigo de novo, eu não vou te perdoar — disse uma voz estranha, entre feminina e gutural, uma mistura da voz de Raven com outra presença.

O aperto no pulso se intensificou.

A temperatura de sua pele subia enquanto ela o encarava obstinadamente.

— Eu não vou. Prometo. Pensei que você gostava dessas frutas — Vincent respondeu.

Aquilo era a coisa mais estranha e incrível que já lhe acontecera.

Os olhos zangados ficaram suaves e encantadores.

— Eu gosto da fruta, mas gosto mais de você... Não me assuste de novo... Ainda não posso usar muita magia... Espere por mim, Vincent...

As últimas palavras foram sussurradas, cansadas, e então Raven fechou os olhos de novo.

Sua mão soltou o pulso dele e caiu inerte ao lado do corpo.

Ela parecia exausta.

"Vincent, ela..."

"Sim, Artemis, é ela."

Vincent ficou ali alguns minutos, apenas olhando para o ventre de Raven.

Se tinha alguma dúvida, desapareceu por completo.

— Eu vou esperar por você, Amber, vou esperar a vida inteira se for preciso... — prometeu em voz baixa.