NARRADORA
Suas mãos e braços estavam em carne viva pelas queimaduras — mesmo com seu poder de gelo — mas ele não soltava sua filhotinha.
Levantou o olhar e encontrou os olhos cansados, marejados, mas felizes e aliviados de sua fêmea.
— Você conseguiu, amor… você é a melhor… conseguiu — sussurrou com o peito apertado, transbordando de emoções tão intensas quanto indescritíveis.
Assim que as leoas conseguiram se aproximar, tomaram o controle.
Estancaram o sangramento, cortaram o cordão e limparam a bebê para mostrá-la à mãe.
A entregaram nos braços de Cedrick, que a segurou com medo de machucar aquela coisinha tão pequena, e a deitou sobre o peito de Raven, que chorava copiosamente ao ver sua filha.
Cedrick abraçou as duas com suavidade, agradecido à Deusa por aquele presente. Era o homem mais feliz do mundo.
— Só falta nosso pequeno Druida. Ele está doido querendo ver a irmã. Quando tudo estiver limpo e você se sentir melhor, deixamos ele entrar.
Cedrick sorriu para Raven, beijando sua testa, e os dois olharam, completamente apaixonados, para Amber.
Ela nem chorava. Apenas franzia a testa como uma velhinha rabugenta.
— Vamos limpá-la melhor enquanto alimentamos a Rainha. Ainda está muito fraca, precisa de sangue para se recuperar.
A Rainha Ilia se aproximou dos monarcas, olhando a bebê com ternura.
O clima tenso havia se dissipado, e agora só restava a felicidade de um novo nascimento.
*****
— Vincent! O que está acontecendo?
Aaron correu para segurar o moreno, que quase desabou no chão com a mão no peito e uma expressão de dor.
Vincent sentia uma dor aguda no coração, algo correndo por suas veias a toda velocidade — escuro, inquieto — chamando um poder em uma direção.
Levantou a cabeça na direção do palácio do Rei Leão.
Depois de negociarem com o idiota do Feiticeiro, foram direto para a mina.
Estavam estudando formas de extrair o Obsidar — fosse com o fogo Centuria ou a magia do inverno.
— Preciso ir ao palácio — disse com a voz baixa e rouca, tentando se recompor e ficar de pé.
— Vincent, já está quase anoitecendo. A selva é perigosa e o palácio não é perto.
Aaron falou, preocupado. Já tinham preparado tudo para passar a noite na mina.
— Não importa. Eu preciso ir.
Além da sensação estranha daquela coisa se movendo dentro de seu corpo, Vincent sentia algo maravilhoso.
Sentia ela. Sua pequena companheira. Estava mais presente neste mundo do que nunca.
— Tudo bem. Se insiste, leve alguns guerreiros com você...

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