RAVEN
Ela nunca liga muito para os presentes, nem para os bolos. Nada a anima tanto quanto vir aqui.
É um canto afastado da floresta que rodeia o castelo.
Vejo como se aventura entre as árvores com curiosidade. Seu cabelo castanho-avermelhado solto, esvoaçando ao vento, uma tiarinha na cabeça e seu vestido rosa claro.
Procura entre os arbustos, se agacha, ergue o nariz… e a observo cheirar o ar.
Sigo-a de perto, meio escondida, e então a vejo chegar à clareira de sempre. Corre e revira tudo ao redor, até encontrar a caixinha no chão.
O presente deixado para ela — como todos os anos.
Ela o pega com um sorriso no rosto, mas nem sequer o abre, apenas olha ao redor, ansiosa.
Eu não sinto, nem cheiro nada… deve estar usando algum truque, mas Amber o percebe. Ela sempre o percebe.
— Oi, por que você nunca aparece, Duende? Tá com medo? Eu não vou te machucar — diz com sua vozinha infantil.
Já me perguntou várias vezes, e sempre repito a mesma mentirinha tola: que é um duende da floresta, que deixa um presente para ela todo aniversário.
No fim, como todos os anos, ela volta decepcionada e triste até mim. Mas logo se anima com o presente.
— Uau, olha só que pulseira linda a nossa Amber ganhou!
Tiro da caixinha uma pulseira delicada e refinada, uma verdadeira obra-prima.
Tem um coração maior no centro com entalhes intricados e o nome “Amber” gravado.
É feita de obsidar, aquele poderoso mineral — e só ele poderia ter feito isso.
Cedrick me contou que ele se tornou um dos nossos melhores ferreiros. Conseguiu dominar o mineral antes considerado impossível.
Achamos a fórmula secreta, graças a experimentos e aos diários pessoais de Mortimer, o ferreiro lendário.
Não apenas conseguimos extrair o obsidar, como também forjá-lo de um jeito que nem mesmo os Feiticeiros conseguem.
Nosso Continente se tornou o centro do comércio e do poder nos últimos anos. A forja de armas e artefatos atingiu outro nível.
A magia das Centurias e dos Homens de Inverno floresceu — e tudo isso, graças a muitos… mas principalmente, a Vincent.
— Gostou? Olha só, tem seu nome — digo enquanto coloco a pulseira, que fica perfeita nela.
— É muito linda, mamãe… mas o Duende… por que ele nunca aparece?
Ela volta a olhar para um ponto da floresta, e eu ergo o olhar também, vendo entre as folhas, do outro lado da clareira, um pelo negro se camuflando nas sombras e no verde.

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